( Não fossem as prisões que construímos, talvez a morte não fosse tão cruel... Do lado de cá das grades, apaga-se o cigarro dos dias... o teu, que outros insistem em replicar em nome da cega liberdade...)
Liberdade, onde estás? Quem te demora? Quem faz que o teu influxo em nós não caia? Porque (triste de mim), porque não raia Já na esfera de Lísia a tua aurora? A esta parte do mundo, que desmaia. Oh!, venha… Oh!, venha, e trémulo descaia Despotismo feroz, que nos devora! Oculta o pátrio amor, torce a vontade, E em fingir, por temor, empenha o estudo. Nosso númen és tu, e glória e tudo, Mãe do génio e prazer, ó Liberdade. Bocage (a propósito de 1797) | O Campo de Sant’Ana Longe, hipócritas vis, longe, impostores O mentido aparato religioso! Que um Deus de amor, o nosso Deus piedoso Abomina, detesta esses horrores. Vós curvais ante o Déspota orgulhoso, E o sangue da pátria precioso Torpemente vendeis por seus favores. E, vós, juízes, vós, tigres humanos, A imolais sem remorso e sem a piedade. Que ela há-de vir, tremei, a Liberdade Punir déspotas, bonzos e tiranos. Almeida Garrett, Coimbra, 1817 |
Este movimento, liderado pelo General Gomes Freire de Andrade, durante o seu breve período de existência, esforçou-se no planeamento da introdução do liberalismo em Portugal, embora não tenha conseguido atingir os seus propósitos finais.
Denunciado em Maio de 1817, a sua repressão conduziu à prisão de muitos suspeitos, entre os quais o general Gomes Freire de Andrade, Grão-Mestre do Grande Oriente Lusitano (1815-1817), acusado de líder da conspiração contra a monarquia de D. João VI, em Portugal continental representada pela Regência, então sob o governo militar britânico de William Beresford.
Em Outubro de 1817, o tribunal considerou culpados de traição à pátria e sentenciou à morte, por enforcamento, doze acusados. As execuções tiveram no lugar no dia 18, no Campo de Santana. O general Gomes Freire de Andrade foi executado na mesma data, no Forte de São Julião da Barra.
Não toques nos objectos imediatos.
A harmonia queima.
Por mais leve que seja um bule ou uma chávena,
são loucos todos os objectos.
Uma jarra com um crisântemo transparente
tem um tremor oculto.
É terrível no escuro.
Mesmo o seu nome, só a medo o podes dizer.
A boca fica em chaga.
Herberto Hélder