Um pouco por todo o lado, vemos cadeirões ser substituídos por cadeiras, num processo de rejuvenescimento prometedor.
Claro que me estou a referir aos assentos de responsabilidade: do Senhor Blair ao Senhor Chirac, para falar apenas dos mais ilustres... Por cá, o Senhor Costa promete libertar a capital do cadeiral, e colocá-la no mapa global (versão recente do mapa- mundo). Mas o Senhor Costa já há uns tempos que não lê o seu mentor republicano - Teófilo Braga - pois, se o fizesse, saberia que antes de olhar para o mundo, convém descer às caves, arejá-las, antes que as ossadas saiam dos armários e nos lancem numa batucada de arromba.
No entanto, duvido que o envernizamento das cadeiras consiga restaurá-las. Não é que eu tenha alguma coisa contra a limpeza das fachadas. Mas, de facto, falta-lhes o miolo. E quando este não falta, deve-se sempre mandar analisá-lo, não vá o verniz disfarçar a ferrugem ou, pior, esconder o bolor.
E a despropósito, vou citar BOLOR de Carlos de Oliveira: «Os versos/que te digam/a pobreza que somos/o bolor/nas paredes/deste quarto deserto/os rostos a apagar-se/num frémito de espelho/e o leito desmanchado/o peito aberto/a que chamaste/amor.
De facto, onde é que as cadeiras se cruzam com o leito?
(- Não há por aqui sombra de contexto!? Ou como perguntava um desencantado professor: Como é possível começar a dissertar sobre cadeirões e acabar em bolor a desrimar com amor?)