8.1.11

Castigare aetatem…

De vez em quando, acordo em Latim. Nunca fui romano, mas hábitos antigos vêm à tona sem serem convocados… Algo me diz que deveria dar mais atenção à antiga lição. No entanto, sufocado pelas novas redes, procuro mergulhar nessa onda comunicacional a que, paradoxalmente, falta  o miolo.

De qualquer modo, as redes estão-se nas tintas para a idade, misturam velhos e novos, criam a ilusão de que o tempo deixou de existir, forjando em vida uma imortalidade definitivamente perdida… Tal o pescador que lança a rede de malha fina num gesto derradeiro…

Assim, estou eu, castigado pela idade, a fazer de conta de que já estou reformado, pois de nada serve o trabalho acumulado nem os descontos efectuados. Para o caso, mais valia emendar a idade

6.1.11

Quem são os responsáveis?

Hoje, a situação de incumprimento já leva ao encerramento dos programas, como, por exemplo, o K’CIDADE.
O dinheiro existe mas desaparece antes de chegar aos trabalhadores. Quem é que fica com ele?
O jornalismo de investigação bem poderia seguir-lhe o rasto, porque, de verdade, os parasitas estão de tal modo colados ao filão que, no fim, não sobra um cêntimo…

4.1.11

O corpo da crise…

Por razões particulares, hoje percorri parte da A1. Trânsito fluido. Gasolina e portagens mais caras. Restauração das áreas de serviço às moscas… A crise já começa a ganhar corpo. Menos procura, menos consumo = mais desemprego!

Ao lado, os campos continuam desertos e as cidades fervilham de subsídio-dependentes… Os municípios, endividados, não cumprem os compromissos eleitorais, como está a acontecer com a socialista Câmara Municipal de Lisboa que, impunemente, deixa morrer o Programa K’CIDADE, não honrando os seus compromissos…

A crise ganha corpo porque os governantes, há muito, venderam a alma. E quem perde a alma deixa de saber o que é a HONRA!

3.1.11

K’CIDADE

 

Um Programa que está a deixar de cumprir os seus objectivos, porque alguns dos parceiros deixaram de disponibilizar as verbas necessárias ao pagamento do mísero salário de todos aqueles que, todos os dias, se sacrificam no terreno.

O Programa reúne um conjunto de organizações parceiras,diversificadas e complementares, empenhadas na partilha de recursos e soluções conjuntas para as questões da pobreza e da exclusão social.

Envolvidos no PROGRAMA: a Fundação Aga Khan, enquanto entidade promotora, a Santa Casa de Misericórdia de Lisboa, a Central Business, a Associação Criança e a Associação Comercial e Industrial do Concelho de Sintra.

A reforçar esta missão, uniram-se vontades de outros parceiros e apoios estratégicos, cujas competências e responsabilidades são essenciais ao desenvolvimento e sustentabilidade do Programa, como o Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social, a Fundação Calouste Gulbenkian,o Patriarcado de Lisboa,  a Iniciativa Comunitária EQUAL, a Câmara Municipal de Lisboa e a Câmara Municipal de Sintra e a Hewlett Packard.

Se considerarmos os parceiros envolvidos, a situação de atraso no pagamento das remunerações é verdadeiramente escandalosa!

1.1.11

Esquecidos…

De que a nossa vocação é a água, continuamos a “meter água” na Europa… Indiferentes à luz e à sombra, continuamos a beber-lhes o champanhe… Tudo porque um grupo pequeníssimo de portugueses tem na Europa o seu maná…

Assim mesmo, 2011

Desfocado, como convém ao tempo que se anuncia. De repente, parece que regresso ao século XIX!

30.12.10

Cheguei ao fim…

Cheguei ao fim da Correspondência (12.11.1971). À data, «as portas entreabriam-se (por quanto tempo?) e toda a gente se lançou a publicar cada vez mais ousadamente. A política e o sexo vão de vento em popa.» Carta 159 (José Saramago).

Ao mesmo tempo que a Censura parecia desmobilizar, Saramago via-se desfeiteado pelos novos patrões da Editorial Estúdios COR que decidiram admitir um novo director literário – Natália Correia – sem lhe dar qualquer satisfação. E por isso Saramago « cansado de carambolar entre a editora e os autores… (…) e do franciscanismo tolo e ingénuo que tem sido o meu» (…)  demitiu-se.

Por seu lado, Miguéis, à beira dos 70 anos, adoentado e cada vez mais esquecido, continua à procura de novos caminhos literários e editoriais, sem deixar de zurzir nos literatos portugueses em que inclui Mário Dionísio: «Segundo o pobre do Mário Dionísio – tão mau pintor como mau poeta – para quem também deixei de existir – o rótulo importa mais que o vinho da garrafa»

Miguéis não deixa, no entanto, de separar o trigo do joio, embora, curiosamente, nestes 12 anos de correspondência não haja uma única referência a Fernando Namora, ao declarar ao amigo Saramago:

« Não creio que nenhum outro cronista nosso escreva hoje de maneira tão toante, directa e moderna – e tão bem! -  sobre os pequenos e grandes quotidianos da nossa vida: humanidade, ironia, e um pessimismo sorridente, isento de amargura.» Carta 160.

Miguéis, ao comentar Deste Mundo e do Outro, antevia já o lugar primeiro a que Saramago se alçaria, ofuscando todos aqueles que, de algum modo,  se habituaram a vê-lo como o servo em vez do senhor.

PS: Um Bom Ano de 2011 para todos! e, em particular, para o discreto e fugidiço José Albino Pereira.