26.11.11

Na rua Marquês de Tomar



Na rua Marquês de Tomar (Lx), a altercação alonga-se: senhorio e inquilina desentendem-se quanto ao valor da renda. O atraso da inquilina é atribuído a incumprimento do senhorio que, entretanto, lhe responde na mesma moeda. Os argumentos tornam-se gritos e a rua começa a encher-se de curiosos...

(…) Sem pagar, a inquilina arranca a toda a velocidade e o senhorio manda-a queixar-se ao advogado… que ela não pode pagar.


25.11.11

O negócio do lixo…

As agências de rating só veem lixo, não porque vivamos numa lixeira, mas porque o objetivo é forçar-nos a endividarmo-nos irremediavelmente.

A usura é o modo de vida dos credores que, ao mesmo tempo que conseguem um rendimento fabuloso, procuram gerar a indignação e a revolta necessárias à eliminação dos valores gerados pela revolução francesa.

Hoje já não há direita capitalista nem esquerda socialista! Há apenas redes de especuladores que se divertem a destruir para poder acumular.

Regressámos ao antigo regime! Até quando?

24.11.11

Por coincidência!

Durante duas horas caminhei e nada vi de surpreendente, a não ser que havia muito mais polícia em Moscavide do que na Portela ou em Sacavém. Havia pessoas nas paragens de autocarro à espera das carreiras da rodoviária, já que a Carris aproveita o dia para agravar a dívida pública. Nas ruas, a circulação de veículos e de peões era insignificante, deixando entender que o momento é de labor ou de descanso. E de facto nalguns estaleiros, oficinas, lojas e esplanadas, vi trabalho e ociosidade. Não soube, no entanto, avaliar quem levava a melhor…

Entretanto, por coincidência, as agências de rating, só veem lixo. E que mais poderiam elas ver em dia de greve geral?

22.11.11

A ditadura da opinião…

Apesar de haver quem pense que a Grécia moderna nada tem a ver com a Grécia antiga, eu espero que não seja assim, e isto porque há vários dias que uma antiga sentença grega não me sai da  cabeça: «os homens são atormentados pela opinião que eles têm das coisas, e não pelas próprias coisas.» Epicteto, Enchyridion
Infelizmente, as notícias públicas e privadas estão cada vez mais contaminadas por apreciações subjetivas que ocultam ou deturpam os factos.
A crise europeia, para ser superada, exige a criação de um estado europeu – o que impõe, em nome do bem comum, perda de soberania. Mas o que se verifica é que a multiplicidade das opiniões insiste em ignorar o caminho: um governo central, um banco central, forças armadas comuns…
A tormenta que atravessamos impõe clarificação da decisão política: ou construímos o estado europeu ou mais vale sair da “união”…

18.11.11

No mesmo beliche?

A mediatização da investigação e da decisão judicial cria no leitor / espectador a ideia de que a justiça é açambarcada por meia dúzia de figurões que investigam, defendem, acusam e decidem de acordo com o estatuto dos arguidos.

Não se entende porque é que defesa, acusação e decisão são sempre entregues aos mesmos, ou será que o poder mediático é tão poderoso que cria e encena os casos, escolhendo os atores e impondo a decisão?

De qualquer modo, parece-me que a mediatização distorce o exercício da justiça e, sobretudo, aprisiona os decisores, impedindo-os de decidir em liberdade.

E esta última ideia – a de uma justiça amordaçada pelo poder político e, simultaneamente, ignara e presumida -  está muito bem retratada no romance Quando os Lobos Uivam (1958), de Aquilino Ribeiro.

Considerando a quantidade de temas investigados anualmente, em dissertações de mestrado e de doutoramento,  interrogo-me se alguém já decidiu investigar quantos dos intervenientes no inquérito e na decisão judicial já leram Quando os Lobos  Uivam.

A separação de poderes e o seu exercício em liberdade pressupõem uma formação humanística que, infelizmente, tem sido descurada.

17.11.11

Andar para trás?

Andar para trás pode não ser mau!

Se uma empresa, por falta de financiamento, fica impedida de importar as peças de que necessita, por exemplo, para reparar uma viatura, isso não deve ser razão para desistir do negócio. Se olharmos para trás, veremos que, no passado, muitas dessas peças eram fabricadas ao torno por serralheiros que, entretanto, foram perdendo importância.

Nesse tempo, havia mais ofícios, e importava-se menos. E hoje, o que deveras nos interessa é reduzir as importações e regressar ao trabalho – lançar as mãos à obra.

Só a valorização do trabalho manual, apoiado nas novas tecnologias, poderá devolver aos portugueses os recursos para se libertarem da asfixia dos credores e dos especuladores, pretensamente, intelectuais.

Em termos de projeto educativo, as escolas deveriam criar “oficinas”, onde os jovens pudessem reaprender os velhos ofícios…