30.9.14

Estou farto de engraçadinhos que pedem desculpa


Estou farto de engraçadinhos que só sabem fazer associações espúrias. Vivem da piada boçal, do sorriso trocista, do desconhavo patético... Desprezam quem é zeloso e procura, a cada passo, aprender...
Chegam atrasados, interrompem descaradamente o trabalho em curso, e acreditam que "pedir desculpa" é quanto basta. Nunca ouvem nem registam uma instrução; deixam o manual fechado e fazem-se surpreendidos quando são chamados a modificar o comportamento...
O problema é que são os engraçadinhos que fazem carreira política e acabam por nos governar. E foi na escola, na minha escola, que aprenderam a "pedir desculpa"!
 
Um destes dias, bato com a porta!

29.9.14

O Estado Português contra o Estado Islâmico...


Portugal prepara-se para participar na coligação contra o Estado Islâmico. Quer dizer: o Estado Português decide participar na coligação "mundial" contra um "estado" que não existe...
E não existe porque, pelo menos, na primeira fase, o que está em causa é a ocupação de território, vitimando todos os que encontram pelo caminho.
O que significa que há um território "indefeso" porque os Estados que, supostamente, deveriam assegurar a sua defesa são fracos...
E é essa fragilidade dos Estados que é preocupante, porque ela é cada vez mais dependente da coligação mundial de interesses. 
 
A Nação Portuguesa é, hoje, dirigida por um estado fraco, que abandona grande parte do seu território, tornando-o indefeso, deixando-o ao alcance de uma qualquer horda que resolva ocupá-lo.
 
O que eu não compreendo: Como é possível aceitar falar de um "Estado Islâmico"? Será que este novo Estado é construído por uma Nação Islâmica?  Qual é verdadeira causa da ação de destruição levada a cabo no Oriente Médio? 
O que eu desconheço: Quais são os verdadeiros efeitos da ação de bombardeamento aéreo levada a cabo pela Coligação?
O que me deixa perplexo: Todos dias se fala do Estado Islâmico como um identidade, mas ninguém se preocupa em criar um Estado Arménio, um Estado Curdo? Será que o Estado Português tem alguma coisa a dizer sobre esta matéria ou, apenas, está interessado em obedecer às ordens da Coligação?
 

28.9.14

A desilusão do povo português

A maioria dos comentadores políticos repetem diariamente que o povo português está desiludido com a classe política.
Duvido! Se tal fosse verdade, o povo ter-se ia revoltado e teria deitado pela borda fora políticos e apaniguados.
O desfasamento entre a ação política e o interesse doméstico e pessoal é de tal ordem que até os anarquistas foram varridos das ruas e das páginas da imprensa escrita e do audiovisual...
A desilusão pressupõe um período de ilusão, de sonho, de utopia. Ora, as últimas gerações mais não têm feito que revindicar uma fatia do bolo...
E o dia de hoje não altera nada! A corrida continua a ser à partilha do orçamento! Quanto ao povo, este dorme, dorme, dorme... 
 
Quem está desiludido, sou eu!
 

27.9.14

Carlos Moedas e os brinquedos para porcos…

Vivo há anos preocupado, nem vou dizer com o quê, porque ninguém quer saber das minhas preocupações. Mas como não quero ser egoísta, estou aqui a pensar no azar do futuro  comissário europeu Moedas que vai ter de distribuir 80 mil milhões de euros, ele que se habituara a cortar, a torto e a direito na fazenda do vizinho.

Parece que na próxima 3ª feira, Moedas terá que responder a 40 perguntas para ficar a saber se é o homem adequado, não para cortar, mas para distribuir tantos milhões pela ciência, pela  investigação e pela inovação. Cavaco já disse sim – que era o melhor que nos poderia ter acontecido! Pelo que lhe disseram, porque, de verdade, há muito que não tem certezas…

Como acredito que a esta hora Moedas esteja a ser submetido a uma redentora sabatina jesuítica, apelo a que oiça atentamente a emissão desta tarde da TSF, transmitida do Montijo. Acabo de ouvir que uma parte desses milhões pode ser aplicada na produção de brinquedos para porcos…

Se não tiver tempo de ouvir a referida emissão, lembro-lhe que, em Bruxelas, estão reunidos 60 sábios porcinos a discutir o tipo  e a duração dos brinquedos que os porcos podem utilizar durante  os  tempos livres.

Caso uma das 40 perguntas incida na ocupação do tempo dos digníssimos suínos, recordo ao Doutor Moedas que um porco vive, em média, quatro meses. Se retirarmos o tempo que passa a dormir, a comer e (…), ainda sobra muito tempo para brincar. Há, no entanto, uma questão que algum arguto membro do júri lhe poderá colocar: – Será que um porco ficará feliz, melhorando a  qualidade do presunto, se o produtor lhe oferecer uma bola?

Cuidado Doutor Moedas, esta resposta obriga a conhecer os porcos, e não só os dos montados alentejanos. É uma das áreas de investigação mais prementes para a defesa do bem-estar do porco europeu, muito distinto do porco do Tio Sam e do Terceiro Mundo.

A TSF ensinou-me hoje que uma bola não é um brinquedo satisfatório para o porco europeu. Ao fim de 15 dias de brincar com a bola, mesmo se do CR, ele sente-se enfastiado…

Em conclusão, Doutor Moedas, se quer ganhar o lugar não se esqueça do bem-estar do porco europeu e, consequentemente, do nosso e, em primeiríssimo lugar, do seu.

26.9.14

O interlocutor

Já não encontro ninguém que reconheça que de determinado assunto nada sabe. Desconheço se o estado do conhecimento atual deve ser considerado como sincrético…

Em cada ação verbal pressinto que o interlocutor detesta que lhe seja atribuído esse estatuto. O interlocutor moderno finge que ouve e acredita mais no que vê… os restantes sentidos, entretanto, vão definhando se algum dia desabrocharam…

O  interlocutor não dá tempo ao locutor. Rasura-o e cavalga-o despudoradamente, mesmo que para isso tenha de desconversar, de mentir, de amalgamar. O  interlocutor galopa numa estrada de ambiguidade e de ambivalência…

O interlocutor desconhece o silêncio e o deserto e o abismo…

O interlocutor, apavorado, despreza o nada.

O  interlocutor não descansa enquanto não mata o locutor. Não aquele que há em mim, mas o que há em si! O interlocutor é um génio e eu sou o NADA.

25.9.14

Dos que mentem e furtam com unhas políticas

« A primeira máxima de toda a Política do mundo é que todos os seus preceitos se encerram em dois: o bom para mim e o mau para vós.» Anónimo do séc. XVII, Arte de Furtar.

No dicionário da política portuguesa, os termos "mentira" e "furto" ocupam lugar de relevo. Não há dia em que não sejamos confrontados com uma nova mentira ou um novo furto, com a particularidade dos protagonistas já não se satisfazerem só com o furto ou só com a mentira...
Será necessário nomeá-los?
(...) 
Há por aí uns tantos comentadores bajuladores, preocupados com a governação da res publica, que, confrontados com a venialidade dos seus mentores, acabam de descobrir que, neste país, para ser político é necessário ser santo.
Ao ouvir pensamento tão beato, não pude deixar de associar duas ideias: a) Só chega a santo quem faz carreira como pecador; b) nos últimos dias, os governantes têm vindo a reconhecer os seus pecados, pedindo desculpa aos fiéis e, até, aos infiéis...

Afinal, não há motivo para desesperar: os pecadores já estão a subir ao Céu. Só que o Céu deles fica, cá, na Terra. 
/MCG

24.9.14

À conversa com um aluno

Professor,
Li hoje no seu 'Blog' o texto: «Sou contra os TPC por princípio.»
E agora, sendo contra os TPC não por princípio, mas por meio e fim, fiquei também contra a ideia do professor (que não entendi bem se o professor a defendia realmente ou estava apenas a ser irónico...).
Não vejo qualquer problema em que os alunos peçam ajuda aos professores e que se aproximem deles para tirar dúvidas, acredito até no benefício que um tempo dedicado apenas a essa tarefa, conhecido como "Apoio", possa trazer. Mas será no fundo esse o problema? Vamos agora aumentar a carga horária de forma a que todos os alunos façam aquilo que não fizeram nas aulas?
Parece-me que é uma decisão pouco considerada...
A meu ver, existem dois tipos principais de alunos que não "progredirão ao ritmo exigido", aqueles a quem não lhes interessa progredir, aos quais eu chamo 'desinteressados' (e com os quais vejo demasiada gente não se "ralando") e aqueles que até são interessados, mas não conseguem progredir (sabe Deus porquê, julgo eu).
Estes últimos parecem-me aqueles para quem o "Apoio" deveria ser a solução.
Mas sendo franco, parece-me que qualquer um com ou sem dificuldades, pode procurar informação, interessar-se por ela, desenvolvê-la e evoluir com isso.
Os trabalhos de casa não deveriam ser uma obrigação, mas sim um interesse do aluno; parece-me que a ideia do trabalho de casa ser obrigatório e verificado é perigosa. Inverte-nos as ideias, deixa de ser uma tarefa para o aluno e passa a ser uma tarefa do professor.
Com a habitual exaltação,
Manerix Ventus

Poucos são os alunos que têm a coragem de abordar questões que são decisivas para a vida familiar e, sobretudo, para a consolidação da aprendizagem realizada na sala de aula. Manerix Ventus é uma exceção: fá-lo sem tibiezas.
Compreendo que possa surgir o temor de que o tempo vivido na escola pudesse aumentar, caso os TPC fossem realizados na Escola e não em Casa. Esta decisão, a ser tomada, exige uma clarificação da matriz curricular de cada ciclo de estudos e, consequentemente, do tempo necessário à sua aplicação.
Por outro lado, as tarefas de consolidação das aprendizagens não visam substituir a inatividade a que muitos alunos se entregam durante os tempos letivos - até porque, em regra, essa falta de aplicação é substituída, com claro prejuízo para os restantes alunos, por comportamentos informais de quem se encontra numa esplanada...
Na perspetiva de Manerix Ventus compete ao aluno procurar o apoio de que necessite em fontes diversificadas e não apenas no professor, deixando de ser um sujeito passivo às ordens de pais, tutores, professores, explicadores... Só posso concordar, apesar desta assunção da responsabilidade pelo aluno estar condicionada pela idade e, particularmente, pela sua maturidade...
Finalmente, quero tranquilizar o meu interlocutor, pois ele desconfia que eu esteja a ser irónico ao colar-me ao enunciado "Sou contra os TPC por princípio.» Como deve ter entendido, eu não prezo os TPC, pois, em muitos casos, eles são sinónimos de pouca inteligência, apesar de exigirem repetição e memorização.
A IRONIA, se existe, resulta da incapacidade do sistema educativo em encontrar estratégias de consolidação da aprendizagem que não provoquem instabilidade familiar, sobrecarga física e desperdício de tempo e de recursos materiais e humanos...
A IRONIA, se existe, resulta da incapacidade de PENSAR e de FAZER PENSAR.
Obrigado, Manerix Ventus!