10.5.16

Aborreço-me sempre que medram para mim

Leio, mas aborreço-me sempre que alguém escreve sobre outrem sem lhe conhecer a obra. 
O que quero dizer é que conhecer a obra de outrem é muito mais do que ler umas recensões críticas, um artigo de um académico, sem esquecer a "prosa " veiculada pela web...

Aborreço-me sempre que me dizem que leram uma obra, mas dela nada conhecem... 
Aborreço-me sempre que medram para mim para dizer que um qualquer autor é desprezível só porque lhes promete trabalho.... 

O trabalho, por exemplo, de consultar um dicionário... O trabalho, por exemplo, de conhecer o léxico específico de uma profissão. Até a abulia e a ociosidade deveriam merecer mais atenção...

Aborrece-me a displicência e a negligência e, em particular, aborrece-me o ar empinado de certas criaturas que para tudo têm uma opinião definitiva.
  

9.5.16

Sr. Alberto Gonçalves, "ao ponto da obesidade"?

O sociólogo Alberto Gonçalves celebrou o 1º de Maio com um exemplo da sua ciência:

«Fernando Rosas é um homem notável. Em décadas de carreira política, nunca lhe descobri uma opinião favorável à liberdade, à democracia e ao progresso, embora encha sempre a boca com esses vocábulos ao ponto da obesidade (...) O Dr. Rosas não serve para coisa nenhuma, excepto de exemplo a fugir.» DN, 8 de Maio de 2016

Não é que eu seja um seguidor de Fernando Rosas, custa-me, no entanto que ele seja tão maltratado por quem não tem o cuidado de definir o que entende por "liberdade", "democracia" e "progresso"... Apesar de tudo sabemos que para Fernando Rosas a liberdade é a dos ´´povos, a democracia é ´popular' e o progresso 'social'´... Fernando Rosas é um daqueles indivíduos que está sempre pronto a combater o Antigo Regime onde quer que ele renasça...
Podemos não concordar com ele, mas o Doutor Rosas explica com clareza o que pensa e não atropela a língua portuguesa, como acontece com o Sr. Gonçalves que, se não se cuida, acaba por se empanturrar com os seus próprios dislates linguísticos. 
- Ao ponto da obesidade, Sr. Gonçalves?

8.5.16

O oriente do ocidente

Museu do Oriente
Museu do Oriente
Hoje fui visitar o Museu do Oriente, em Lisboa... Inaugurado há 8 anos, este museu traz a muitos que nunca foram ao Oriente alguns dos traços culturais que nos distinguem. 
Gostei do que vi ( exposições) e do que ouvi  ( música do norte da Índia), mas não resisto a perguntar: Por onde é que andam os milhares de orientais que hoje residem em Lisboa?

Enquanto não obtiver resposta, vou perscrutar o centro da terra com a curiosidade do felino que procura libertar-se da serenidade oriental...

7.5.16

A Microsoft mentiu

O sistema operativo Windows 10 da Microsoft, instalado em cerca de 300 milhões de dispositivos, vai deixar de ser grátis.

Os sistemas anteriores descontinuados, o que é que sobra ao utilizador? PAGAR...
E se desligássemos os computadores e restantes gadgets durante uma semana?

Primeiro acena-se com a cenoura...

GTESC apresenta Sete Crianças Judias

No Auditório da Escola Secundária de Camões, o GTESC apresenta Sete Crianças Judias, de Caryl Churchil nos dias 6, 8 e 10 de Maio de 2016, com encenação de Maria Clara Melo da Silva; cenografia de Mário Rita; desenho de luzes, som e luz de João Lacueva e José Alvega; filmes de António Manuel; interpretação de Carolina Falcato, Maria Carrilho, Helena Real, Diogo Guerra, Beatriz Felício, Ana Beatriz Santana, Gonçalo Romão, Maria Portugal, Ana Rodrigues, Marta Rocha e Graça Gomes; Vozes de Helena Real e Ana Rodrigues; Expressão de Beatriz Felício. 

Esta noite, o GTESC apresentou à comunidade o trabalho de aprendizagem realizado ao longo do presente ano letivo. Com a dramatização de Sete Crianças Judias,  o GTESC comenta o que se passa no Mundo, sem se comprometer com nenhuma das fações em conflito, porque os argumentos de uma e de outra parte estão inevitavelmente comprometidos com valores particulares... o que fez do texto de Caryl Churchill pretexto para uma adaptação que visa defender princípios que, por definição, deveriam ser universais...
Sete anos depois de Maria Clara Melo da Silva ter fundado o GTESC, a representação desta noite mobiliza a quase totalidade das linguagens que, de há um século para cá, vêm dominando os palcos, pondo termo à dicotomia que suportava a ideia de que o movimento, a luz, o som, a imagem... mais não seriam do que auxiliares do chamado «texto principal"...
Quem conhece o texto de Caryl Churchill, terá certamente ficado surpreendido com a qualidade do trabalho realizado por todos aqueles que integram o GTESC 2015-2016.
Apesar da oliveira da "madrinha"  Maria do Céu Guerra, as Sete Crianças Judias do GTESC não se deixaram confinar à Faixa de Gaza.

6.5.16

A guerra não se explica! Nem às crianças!

A propósito do monólogo dedicado a Gaza, Sete Crianças Judias, de Caryl Churchill

A guerra não se explica! Nem às crianças!
Na guerra morre-se! Por vezes, sobrevive-se sem perceber como. Quem sobrevive também não sabe porquê.
Claro que há os que não podem morrer na guerra. Vivem longe ou, então, mandam na guerra. 

Às crianças que vivem a guerra de nada serve explicar o que é a guerra nem a história da guerra. O melhor é mostrar a todas as crianças o mapa dos que vivem longe da guerra, o mapa dos palácios dos senhores da guerra...
O melhor é mostrar-lhes que há senhores da guerra que vivem na sua própria casa, na sua própria rua, na sua própria escola, na sua própria sinagoga, na sua própria mesquita, na sua própria igreja, na árvore mais frondosa do terreiro mais próximo... e talvez seja melhor mostrar-lhes que, entre as próprias crianças, também há senhores da guerra...

Bom seria que não fosse necessário ficar à espera que as crianças crescessem. Para quê colocar sobre os ombros das crianças a responsabilidade que é nossa, os que vivemos longe e os que mandam na guerra?

5.5.16

Com pinças

Com pinças... escrever mais do que isto já é atrevimento. 

Aos dezoito anos, a verdade é uma forma de enxovalho.
Traçar um plano e aplicá-lo é desnecessário.
Distinguir uma ideia de uma ação parece insensato.
Ignorar o significado das palavras não aflige ninguém. 
Ler segundo uma instrução é uma forma de tortura.

Há temas pobres e temas ricos. Por ora, a Internet parece ser um tópico desinteressante. Tal como a leitura!

Aos dezoito anos,  o ponto de fuga encontra-se na escrita criativa. 
Com pinças... acrescento: - E se fossemos lendo o "Guia Prático de Escrita de Ficção", de Mário de Carvalho... até porque "Quem Disser O Contrário É Porque Tem Razão"...

Quem souber dizer o contrário... 

Com pinças também se pode dizer o contrário.