Ando há dias a pensar na situação insuportável de quem não se sente motivado para o exercício de uma função para que não foi preparado.
Neste país, podemos ser designados para uma missão sem sermos ouvidos, ou, na melhor das hipóteses, somos chantageados: deixamos de progredir numa carreira que, de facto, para muitos está fechada... ou, então, podemos ser descartados...
Neste contexto, a resignação instala-se, sobretudo, se a aposentação estiver distante. Acabamos actores de uma farsa interminável. Mas, de que nos serve a resignação?
E a questão da motivação é essencial! Todavia, o acesso à formação é cada vez mais dificultado: para além de ser paga e obedecer a um programa de lavagem mental, a formação é proporcionada por agências cujos objectivos são absorver os fundos europeus e controlar os mecanismos do poder.
Tudo se joga a duas dimensões: por cima, os iluminados que estabelecem objectivos irrealistas, prazos cegos e sanções disciplinares; por baixo, uma tribo de executantes que zelozamente deve controlar e hierarquizar os seus pares em nome do global superior interesse.
Não interessa se concordam ou discordam, se dispõem dos meios necessários, se, pela sua resignação, objectivamente, prejudicam a comunidade ou, no limite, põem em perigo a sua própria saúde física e mental.
Neste cenário, creio que será da maior utilidade criarmos em cada local de trabalho uma penitenciária - lembrando que, na origem, se tratava de um lugar onde o crente dispunha de instrumentos que lhe permitiam exibir o modo como se penitenciava dos erros (pecados) cometidos aos olhos de Deus. Para o efeito, os iluminados ofereciam múltiplos e dolorosos instrumentos de tortura...
Por mais incoerente que este discurso possa parecer, ele não deixa de revelar que, ao definirmos objectivos individuais, começamos por confessar os nossos erros para, depois, negociarmos as penas que nos libertarão da nossa mísera condição...
Ou talvez não!