28.7.08

Tristes heróis... os "frabões"!

Exame de Português 2ª fase. Desta vez, a prova permite que os alunos demonstrem que leram O Memorial do Convento. No entanto, muitos deles limitaram-se a ler as "sebentas" e mal. Por outro lado, a pouca leitura torna-se evidente quando lhes é proposto que reflictam sobre a importância do "herói" na vida de cada um de nós... Aos valores, dizem não, obrigado. Um pouco de cultura literária teria dado um resultado menos oco e simplista. Já, agora, acrescento que o M.E. continua, nas propostas de classificação, a atentar contra o rigor e a idoneidade. Sinal dos tempos. Apesar de tudo, os portugueses merecem melhor...

A falta de rigor e a falta de idoneidade derramam-se pela sociedade portuguesa. Bem pode o prof. Freitas do Amaral argumentar que um senhor presidente prevaricou que, de imediato, lhe é retirada a "autoridade" que noutros tempos lhe era reconhecida como discípulo de Marcelo de Caetano. Bem pode o Procurador da República proclamar que, com o fim do segredo de justiça, os grandes beneficiados serão aqueles que têm ao seu serviço os maiores escritórios de advogados que, logo, surgem aqueles que consideram que o senhor procurador está a exagerar como é seu costume. Bem pode o eng. Cravinho protestar contra a impunidade de que gozam os maiores corruptos deste país que, a pouco e pouco, se desenvolve a ideia de que também ele é facilmente "comprado"... afinal, onde é que ele está e o que é que anda a fazer?

Ultimamente, tenho vindo a pensar se isto não é tudo uma questão de assessores, de conselheiros, de consultores, de directores espirituais? Como é que esta pandilha (corja) chega junto do poder? Quem é que representam?

Vivem no silêncio dos gabinetes, trabalham desalmadamente, escondem-se dos meios de comunicação social, mas estão em toda a parte, como os frades do país de Garrett. Serão frades? Serão barões? Ou a mistura de ambos: uma espécie de "frabões"... Uma amálgama inútil, mas presente...

PS: Já agora: O que é que passou pela cabeça do Manuel Alegre, quando recomendou que o José Sócrates deveria ler "As Causas da Decadência dos Povos Peninsulares", do Antero de Quental? E eu que pensava que essa leitura era obrigatória para quem deseje inscrever-se no Partido Socialista!

A não ser que, lá no íntimo, Manuel Alegre sonhe com o dia em que, acabrunhado e desiludido,  José Socrates beba a cicuta ou se suicide na escadaria da sede do P.S.!

21.7.08

Uma entrevista feliz a Félix Bolaños...

Há pessoas tão obcecadas com a carreira que se tornam cruéis e despóticas. Têm uma auto-estima tão elevada que ignoram permanentemente o outro, não tendo tempo para o ouvir, para tentar perceber os seus limites e, sobretudo, a sua idiossincrasia.

O ser humano, por muito desclassificado que o possamos considerar, tem sempre, em si, uma chama que deveríamos alimentar, não a reduzindo a cinzas, a todo o tempo.

Félix Bolaños, responsável pelas escolas da Apelação, na entrevista que concedeu a José Manuel Fernandes e a Raquel Abecassis, surge como um homem que conhece a realidade local, com um pensamento estruturado e alicerçado, pragmático e optimista, que ousou entrar no interior dos bairros e procurar neles as lideranças, de modo a que estas possam ser âncoras na alteração de mentalidades e comportamentos.

Não sei se alguém decidiu propô-lo para professor do ano, mas, na minha modesta opinião, o modo como actua, como analisa e contextualiza os acontecimentos, como encara a comunicação social, é suficiente para que eu registe aqui o seu nome - Félix Bolaños.

Em grande parte, Félix Bolaños corresponde ao perfil que entendo dever ser o do director executivo de uma escola ou de um agrupamento.

Já agora quero acrescentar que, até à data, nunca tinha ouvido falar de Félix Bolaños.

20.7.08

Nem sempre a luz chega onde é necessária...

Em Setembro de 1908, começou a funcionar, a título experimental, a primeira turbina da Central Tejo.

Em febre e olhando os motores como a uma Natureza tropical – / Grandes trópicos humanos de ferro e fogo e força –“ /Álvaro de Campos, Ode triunfal, 1914

Só, hoje, visitei o Museu da Electricidade, em Lisboa. E é pena porque se o tivesse feito antes, já teria tido a ideia que me ocorreu. Há neste Museu matéria mais do que suficiente para ajudar a compreender a Lisboa do final do século XIX (Eça e, sobretudo, Cesário Verde) e, em particular, a Ode Triunfal de Álvaro de Campos.

E a ideia é simples: proporcionar uma visita guiada aos alunos do ensino secundário.

Começo a pensar que o M.E. deveria apostar num roteiro museológico devidamente articulado com os programas em vigor. Com tantos recursos humanos subaproveitados, não creio que seja difícil criar uma equipa multidisciplinar que se ocupe deste projecto.

/MCG

13.7.08

Aproveitamento de água


Há quem afiance que, aqui, em Pedreiras, já houve mar. Não tenho dados. Pedras, confirmo. Vegetação de tipo tropical, também... e, sobretudo, no passado, havia quem soubesse como aproveitar a água da chuva e, sobretudo, da serra...

Casa em ruínas

São 4 os altivos cavaleiros que cobrem a entrada da misteriosa casa em ruínas que, postada do lado esquerdo da ruela, nos deixam a sonhar com os desaparecidos viventes que, há não muito tempo ainda, se imaginavam senhores do tempo, em Pedreiras, lugar descoberto, por mim neste fim de semana, bem perto de Porto de Mós.
Em Pedreiras, existe um belo parque de campismo, da responsabilidade da Junta de Freguesia. Um parque só para mim! Nenhum outro campista ou caravanista ousou entrar naquele cuidado recinto, ladeado por um circuito de manutenção e por um mini parque desportivo.
Ao sair daqui, talvez venha a compreender que, por um tempo, vivi do outro lado da vida, e ao passar junto da casa em ruínas não deixarei de dar uma olhadela respeitosa e agradecida aos majestosos quatro cedros.
PS: Se decidir passar por este parque de campismo, não se esqueça de passar pela mercearia.

9.7.08

O riso e o choro...

« Ou talvez o riso seja uma língua anterior que fomos perdendo à medida que o mundo foi deixando de ser nosso.» Mia Couto, Venenos de Deus, Remédios do Diabo, 2008

Este romance é de rir e de chorar mais. O argumento repleto de peripécias surpreende e encanta a cada momento: o segredo escapa a cada revelação, precipitando a verdade numa  vertiginosa cascata  que nos inunda de inesperadas emoções...

II

Todo o dia de hoje e, também, o de ontem me deu vontade de chorar: a vontade de servir e de dominar é tão forte que nem a lei escapa à vontade de a torcer: a DGRHE quer fazer o milagre de tornar o "avaliador" em supervisor pedagógico... como se pudessemos gerar milhares de supervisores em 22 horas de formação, como se os avaliados estivessem dispostos a reconhecer ao avaliador não só a competência de os classificar e de o seriar, como também a competência de os guiar, com base em três observações de aula... e numa lista interminável de itens. E tudo isto, de borla, e sem redução significativa da carga lectiva...

Infelizmente, já vimos esta forma de trabalhar. Basta lembrar o modo como foi lançada a "profissionalização em exercício". Quem se lembra? O efeito é sempro o mesmo: a degradação da qualidade pedagógica e o consequente empobrecimento do país...

Venenos de Deus, Remédios do Diabo! A metáfora absoluta, já  que como afirmou (?) Fontanier: no limite, todas as figuras são metáforas.

7.7.08

Resultados...

Afinal, estou um pouco acima da média nacional (9,7). A média dos "meus" 35 alunos que se apresentaram ao exame de Português - 1ª Fase - foi de 12,383.

Estes resultados, no entanto, para mim, não são convincentes: Alunos houve que foram prejudicados porque o seu trabalho não foi devidamente testado.

Olhando para os resultados da Matemática, não posso deixar de ficar perplexo. Sempre pensei que a Matemática beneficiava de um bom desempenho na disciplina de Português!