12.10.22

Divulgação: @

        Sabe qual é a origem da arroba?

Na Idade Média os livros eram escritos pelos copistas, à mão. Precursores da taquigrafia, os copistas simplificavam o trabalho substituindo letras, palavras e nomes próprios, por símbolos, sinais e abreviaturas.

Não era por economia de esforço nem para o trabalho ser mais rápido (tempo era o que não faltava naquela época ). O motivo era de ordem económica: tinta e papel eram valiosíssimos.

Foi assim que surgiu o til (~), para substituir uma letra (um “m” ou um “n”) que nasalizava a vogal anterior. Um til é quase um enezinho sobre a letra.

Já para substituir a palavra latina et (e), os copistas criaram um símbolo que é o resultado do entrelaçamento dessas duas letras: &. Esse sinal é popularmente conhecido como “e comercial” e em inglês tem o nome de ampersand, que vem do and (e em inglês) + per se (do latim por si) + and.

Com o mesmo recurso do entrelaçamento de suas letras, os copistas criaram o símbolo @ para substituir a preposição latina ad, que tinha, entre outros, o sentido de “casa de”.

Veio a imprensa, foram-se os copistas, mas os símbolos @ e & continuaram a ser usados nos livros de contabilidade. O @ aparecia entre o número de unidades da mercadoria e o preço – por exemplo: o registo contábil “10@£3” significava “10 unidades ao preço de 3 libras cada uma”. Nessa época o símbolo @ já ficou conhecido em inglês com at (a ou em).

No século XIX, nos portos da Catalunha, o comércio e a indústria procuravam imitar práticas comerciais e contáveis dos ingleses. Como os espanhóis desconheciam o sentido que os ingleses atribuíam ao símbolo @ (a ou em ), acharam que ele seria uma medida de peso. Para o entendimento contribuíram duas coincidências:

1-  a unidade de peso comum para os espanhóis na época era a arroba, cujo “a” inicial lembrava a forma do símbolo;

2- os carregamentos desembarcados vinham frequentemente em fardos de uma arroba. Dessa forma, os espanhóis interpretavam aquele mesmo registo de “10@£3” assim: “dez arrobas custando 3 libras cada uma”. Então o símbolo @ passou a ser usado pelos espanhóis para significar a medida de peso arroba.

A palavra Arroba tem origem na palavra árabe ar-ruba, que significa “a quarta parte”; efectivamente a medida de peso arroba (cerca de 15Kg) correspondia a ¼ de outra medida de peso árabe o quintar (quintal) correspondente a 58,75 Kg.

As máquinas de escrever, na sua forma definitiva, começaram a ser comercializadas em 1874, nos EUA e o seu teclado tinha o símbolo @ que posteriormente sobreviveu no teclado dos computadores.

Em 1972, ao desenvolver o primeiro programa de correio electrónico (e-mail), Roy Tomlinson aproveitou o sentido do símbolo @at”, disponível no teclado, utilizando-o entre o nome do usuário e o nome do provedor. Assim fulano@provedorx ficou a significar “fulano no provedor X”.

Nos diversos idiomas o símbolo @ ficou com o nome de alguma coisa parecida com a sua forma:

Ø  italiano - chiocciola (caracol)

Ø  sueco – snabel (tromba de elefante)

Ø  holandês – apestaart (rabo de macaco)

Ø  austríaco – strudel

(extrato do livro: “A Casa da Mãe Joana” – Reinaldo Pimenta)

10.10.22

O teste deu positivo...

 O teste rápido de antigénio (nasal) deu positivo... No entanto, a Direção Geral de Saúde não recomenda isolamento nem qualquer outra medida específica - talvez a máscara, talvez a lavagem das mãos... e um ben-u-ron de tantas em tantas horas...

Considerando que o teste de antigénio num hospital custa 28,50 e que deixou de haver qualquer tipo de comparticipação, creio que os portugueses já devem ter concluído que há outras formas de esbanjar o dinheiro... Por isso o número de testes diminui. E a morte voltou a ser um acontecimento privado...

 Eu lá paguei o teste. Sonso!

9.10.22

O espirro

Será que devo tomar um IVILCO? Porquê este e não outro medicamento?
Ou será que devo esperar para tomar a decisão? 
O quê? Outro espirro?
Hipocondríaco? Talvez.

Esta preocupação só encontra justificação na falta de sentido ... Não há nada pior do que a aposentação dos dias...

Há ainda, no entanto, coisas que não compreendo. Por exemplo, a pesquisa no blog não abrange todos os conteúdos... 

(A temperatura baixou, o sol encolheu-se... e o corpo reage sem razão, se tivermos em conta o que fica dito.)

6.10.22

O tempo

Como dissemos, as linhas de demarcação entre passado, presente e futuro modificam-se constantemente, porque os próprios sujeitos para quem um dado acontecimento é passado, presente ou futuro se transformam ou são substituídos por outros. Eles se transformam individualmente, no caminho que os conduz do nascimento à morte, e colectivamente, através das sucessivas gerações (e também de muitas outras maneiras). É sempre em referência aos seres vivos do momento que os acontecimentos se revestem do carácter de passado, presente ou futuro. A sequência social dos “anos que correm” (do ano 1 ao 2000 e além dele) desenrola-se, exactamente como as sequências principais de uma evolução estelar ou biológica, sem qualquer referência a seres humanos determinados. Por esse ponto de vista, entretanto, existe uma diferença entre as sequências de carácter social e as que, alheias ao homem, são de carácter puramente físico. Nas sociedades humanas, a experiência vivida de sua estrutura evolutiva pode contribuir para modelar o desenrolar dos próprios processos sociais. Por isso é que a experiência vivida das sequências de acontecimentos é parte integrante, na ordem social, do próprio desenrolar dessas sequências. Mas isso não acontece com  relação ao que chamamos de “natureza”, isto é, à dimensão física do universo.
Assim, o esclarecimento das relações, por vezes confusas, que se estabelecem entre conceitos temporais do tipo “ano”, “mês” ou “hora” (ou também “antes” e “depois” ) e conceitos do tipo “presente”, “passado” e “futuro” leva-nos a uma conclusão meio inesperada. Os conceitos do segundo tipo não se aplicam ao nível físico, àquilo que chamamos “natureza”, onde a causalidade mecânica passa, com ou sem razão, pelo modo representativo de ligação. Ou então, só se aplicam a ela na medida em que haja seres humanos que remetem a si mesmos os acontecimentos que se desenrolam nesse plano. Os conceitos de “presente”, “passado” e “futuro”, de qualquer modo, só podem relacionar-se com o perpetuum mobile das cadeias causais que compõem a natureza com base numa identificação de carácter antropomórfico, como quando se fala do futuro do Sol.
(…) O presente é aquilo que pode ser imediatamente experimentado, o passado é o que pode ser rememorado, e o futuro é a incógnita que talvez ocorra, algum dia.
                           Norbert Elias, Sobre O Tempo, 65-66, Zahar, 1998

3.10.22

Elucidação

Há um tempo para tudo, dizem os ponderados. De facto, não é assim quando se começa a pensar se devemos eliminar tudo o que esboçámos ou se há algum modo de 'arquivar' os esboços que fomos construindo ao longo da vida - isto quando não há obra feita... Felizes os que souberam fechar a obra! E há muitos, felizmente...
No meu caso, é tudo imperfeito e incompleto, talvez porque a pressa ou a necessidade de cumprir certos objetivos nunca deixou tempo de pausa... ou avançava ou ficava para trás - e o pior é que a paragem arrastava outros que não tinham culpa nenhuma. Há quem chame a este comportamento 'sentido de responsabilidade'...
A esta distância, a responsabilidade dilui-se e fica a dúvida se as apostas diárias foram acertadas ou apenas resultaram de um encadeamento mais ou menos gratuito. Por isso, este blogue passa a ser o depósito de registos desgarrados, mas que, à época, eram a expressão do empenhamento necessário à execução da vida.

2.10.22

Pedaço de mau caminho

Em toda a parte há um pedaço de mau caminho.”

As notícias diárias parecem querer impor a ideia de que só há maus caminhos.
O Governo cede aos interesses; os bispos fazem vista grossa ou os clérigos assediam os indefesos; a União Europeia deixa-se enredar na teia tecida por Moscovo e por Kiev; o Brasil é obrigado a escolher entre quem já deu provas de abuso de poder...
E depois há os fanáticos de todas as cores, de todas as bandeiras, que, em nome da justiça, agem como se o amanhã não interessasse mais...
E depois...

29.9.22

Afinal, os deuses


Afinal, os deuses são promíscuos e caprichosos e, sobretudo, não abdicam do respetivo poder. Ainda pensei que me poderia refugiar neles, mas basta atentar nos furacões que soltam quase diariamente para deixar de os respeitar.
Quanto aos homens, a sua emancipação (o humanismo) não passou de divertimento de quem deixou de saber preencher o tempo...
Talvez quando o comboio de alto velocidade chegar, com o país mais acanhado nas palavras de um ministro vulcânico, fiquemos ainda mais javardos, palavra nada diplomática como se sabe...