« O relatório anual de Segurança Interna (RASI) de 2008 ainda não foi concluído porque o Ministério da Educação não enviou ao secretário-geral de Segurança Interna, Mário Mendes, os resultados da Escola Segura no último ano lectivo, que terminou há mais de oito meses.» DN, 6.03.2009
E mesmo que o ME tivesse enviado esses resultados, o RASI estaria sempre incompleto! Porquê?
Porque em muitas escolas os episódios de violência não são comunicados.
Porque em certas escolas os conselhos executivos fecham os olhos.
E se actualmente os conselhos executivos começam a estar mais atentos à violência entre alunos, os mesmos desvalorizam os episódios de violência sobre os professores. Quantos professores pediram a reforma porque se sentiram violentados? E nem sempre a violência tem, apenas, como agente o aluno!
A título de exemplo, veja-se o caso de um professor (colocado numa escola EB2 /3, situada a 11 km de Lisboa) com 33 anos de serviço, 54 anos de idade, saúde débil, que continuadamente é insultado, provocado por um aluno, dentro e fora da sala de aula ( no interior e à porta da escola). A participação dos incidentes ao director de turma já deixou de fazer qualquer efeito – este último sabe bem que, para si, é melhor que o colega seja a “presa”, o “troféu” de caça… A ordem de saída da sala não surte qualquer efeito, pois enviado o aluno para a Biblioteca ou para a Sala de estudo, quinze minutos mais tarde, este regressa qual momentâneo cordeirinho inofensivo… O Conselho executivo sabe bem que os incidentes se repetem todas as terças e quintas-feiras na sala de aula, e nos restantes dias, sempre que o aluno, acolitado pelos seus sequazes, se cruzar com o referido professor… O Conselho executivo que sabe que o aluno já veio transferido de outra escola, por indisciplina, limita-se a adverti-lo verbalmente, em clima de grande exaltação…e deixa o professor entregue a si próprio, cada vez mais fragilizado…
A esta hora, estará o leitor a pensar: Porque é que o Conselho executivo não corta o mal pelo raíz? Porque o Conselho executivo não quer hostilizar a Comunidade…Porque o seu presidente pensa mais na sua carreira que na responsabilidade da função que exerce… O seu presidente sonha ser Director executivo do agrupamento de que a escola faz parte.
Nas escolas do meu país é muito mais fácil “queimar” um professor do que colocar na ordem um aluno.
Nas escolas do meu país, silenciam-se os episódios de violência diária em vez de se encostar à parede os prevaricadores…
Nas escolas do meu país, ainda há pouco tempo a Escola Segura preferia apelar à inteligência e ao bom senso do professor do que averiguar os casos que lhe são apresentados.
Neste país, se este professor apresentar queixa à polícia, ele já sabe que não terá a solidariedade do conselho executivo nem o apoio jurídico do ME. E sabe, de antemão, que de vítima passará a carrasco…
Afinal, o que é que resta a este professor de 54 anos de idade e 33 anos de serviço público?
Partir para a reforma e receber uma pensão, seriamente amputada pela irresponsabilidade dos dirigentes deste país!
E quanto ao Senhor Mário Mendes, esqueça os resultados da Escola Segura. Mande alguém às escolas deste país ver o que por lá se passa.