17.1.17

Felizes os filhos que têm pais e avós...

Felizes os filhos que têm pais e avós e que, assíduos, lhes visitam as casas deixando lá os manuais.
De regresso à escola, sentam-se e conversam sobre assuntos banais, nos intervalos jogam às cartas à espera do tempo das assembleias de turma.
Lá, todos à uma, insurgir-se-ão contra o professor que lhes solicita que abram os manuais na página 90 ( e na 84...), e leiam em silêncio a narrativa o  ato o poema... e sublinhem a conexão posta em igualdade ou em subordinação...
Já não se trata de entender a continuidade da sucessão, a estanqueidade da enumeração… de ter uma perceção sindética ou assindética, mas da lei da permutabilidade dos símbolos.... no  lugar da rosa, a espada, no lugar da espada, a lua cheia ... das nações a nascer, aqui, neste hemisfério, norte...no Tempo com maiúscula...
E os manuais, em casa dos pais e dos avós, enquanto estes não reúnem em assembleia de pais e de avós, para se insurgirem contra… 

16.1.17

A tábua de valores

«Uma tábua de tudo o que é bom está suspensa por cima de cada povo.» (Nietzsche, Zaratustra)

As minhas escolas, extintas ou em atividade, em tudo se assemelham... exceto no que respeita  à autoridade do professor. 
Hoje, impera a desconfiança em relação ao saber do docente. Importa é que consiga gerir a relação de modo a dissimular os conflitos resultantes do desinteresse, da deseducação e da irresponsabilidade coletiva.
Moisés bem tentou disciplinar as tribos com recurso às tábuas da lei ditada por Deus no meio da sarça ardente.
O Deus de Moisés deve estar reformado, caso contrário já teria posto cobro ao faz-de-conta em que navegamos.

(O assento destas pobres ideias só é possível, porque me encontro na mesma situação de Godot - à espera! Entretanto, vou relembrando o tempo em que havia curiosidade, fome de saber, vontade de encontrar um rumo...

15.1.17

Uma histriónica declaração

Numa rua pouco frequentada, surge a imagem furtiva de um velho desgrenhado, zarolho, disforme. Ou será a moldura do enforcado?
Por um instante, penso que eu não serei muito diferente daquele que, de um olho só, espreita ao postigo..., pelo menos, aos olhos da Sofia e da Catarina que aproveitaram para ali deixar uma histriónica declaração de amor sem objeto.

O mais perturbador é que comecei por pensar que estaria perante mais um exemplo de arte de rua, mas o que emerge da observação da tela é que, afinal, devo sofrer de PHP - perturbação histriónica da personalidade, sobretudo ao encaminhar este post para o facebook...
Começa a ser tempo de por cobro a esta perturbação!

14.1.17

Fui ouvir e gostei

A Orquestra Geração do Centro Cultural de Amarante é um projeto de integração social que, desde 2010, incentiva dezenas de jovens a desenvolver através da música valores como a disciplina, a pontualidade, a persistência, o trabalho em grupo, a autoconfiança e a adquirir os conhecimentos necessários que lhes permitam ter um crescimento mais equilibrado proporcionando-lhes melhores perspetivas para o futuro.

Na Sala Polivalente do Centro Cultural de Arte Moderna (F.C.G.), ouvi, esta tarde, durante 45 minutos, uma orquestra constituída por jovens estudantes e respetivos professores, e fiquei profundamente agradado com o desempenho individual e coletivo e, sobretudo, pela confirmação de que a aprendizagem de um instrumento contribui para o acréscimo significativo do rendimento escolar...
Num tempo em que muitos jovens manifestam comportamentos de grande irresponsabilidade, talvez fosse melhor olhar atentamente para o trabalho desenvolvido pelo Centro Cultural de Amarante - Maria Amélia Laranjeira - que, em colaboração com o Agrupamento de Escolas Amadeu de Souza-Cardoso, tem vindo a criar as condições para o desenvolvimento pessoal, social e cultural de uma geração mais motivada e produtiva.

Ver: História do projeto

13.1.17

Ouvir

Ouvir a razão e a falta dela...
Suspender a voz até que o silêncio irrompa...
Provavelmente uma quimera...
O arruído dos cavalos e das lagartas extinto pelas desvairadas vozes de eras mortas

Faltam as vírgulas!
O povo queixoso respira ofegante cheira as rosas indiferente às espadas...

12.1.17

Liquidar para defender o bem comum

O Benfica tinha a segunda maior dívida do futebol europeu, em 2015, segundo revela a UEFA no relatório financeiro publicado esta quinta-feira. De acordo com o documento, os encarnados tinham uma dívida de 336 milhões de euros, com um aumento anual de 3%.

Saldar empresas de que tipo for para satisfazer interesses de minorias significa sacrificar o contribuinte e, sobretudo, aqueles que não têm meios para contribuir para o bem comum...
Sempre pensei assim, e não é agora que vou mudar de ideias. Os milhares de milhões despendidos ( e a despender) para adiar a liquidação de empresas falidas davam para refundar o país.
Os bancos são sorvedouros de infindáveis recursos financeiros porque, para além de mal geridos, alimentam negócios que exploram a idolatria e a idiotia de massas acéfalas.
A engrenagem está à vista, mas poucos exigem o seu desmantelamento, e quando o fazem são ostracizados.

Podia ter escolhido outro exemplo, no entanto o melhor é não fazer vista grossa.

11.1.17

Névoa

Desilusão? Talvez!
No entanto, sinto dificuldade em determinar se houve um tempo de ilusão, no sentido em que o imaginário é o que está por descobrir, por construir, por melhorar...
Sei que a História está cheia de madrugadas radiosas, as minhas, contudo, foram sempre enevoadas, sem que, alguma vez, me tenha imaginado redentor de qualquer ilha ou continente.
Porque a terra é um lugar de tristeza, admiro quem celebra a alegria, porém tudo faço para não me deixar inebriar, porque a fronteira é indistinta.
Apesar de tudo, a névoa em que vivo não é minha - como tal não necessito de padre ou de analista - uma névoa que, a pouco e pouco, submerge as margens em que arrisco cada dia...
Estranho é admitir um qualquer estado de desilusão se nunca a ilusão amanheceu. 
Estou mesmo a ver que, um destes dias, tudo é nada.