25.3.09

No Museu do Neo-Realismo em Vila Franca de Xira

Espólios literários

- Alexandre Babo (1916-2007)
- Alexandre Cabral (1917-1996)
- Álvaro Feijó (1917-1941)
- Alves Redol (1911-1969)
- Antunes da Silva (1921-1997)
- Armindo Rodrigues (1904-1993)
- Arquimedes da Silva Santos (1921)
- Carlos Coutinho (1943)
- Garcez da Silva (1915-2006)
- Faure da Rosa (1912-1985)
- Joaquim Lagoeiro (1918)
- Joaquim Namorado (1914-1986)
- José Ferreira Monte (1922-1985)
- Jorge Reis (1926-2005)
- Júlio Graça (1923-2006)
- Leão Penedo (1916-1976)
- Manuel Campos Lima (1916-1956)
- Manuel da Fonseca (1911-1993)
- Mário Braga (1921)
- Mário Sacramento (1920-1969)
- Orlando da Costa (1929-2006)
- Soeiro Pereira Gomes (1909-1949)

Espólios editoriais

- revista Vértice
- jornal O Diabo
- jornal Horizonte
- editora Cosmos

21.3.09

Dizem versos, os poetas

Dizem versos, os poetas / dois anónimos pássaros / saltitam entre flores / para além da superfície vítrea. // A abóbada do planetário ondula / suave em verde-amarelo redemoinho / num pequeno quadrado líquido. // As palavras dum tempo, perdidas / atentas às inconveniências, correm/nostálgicas, elegíacas, jocosas. // Perdem-se, os poetas / há muito deixei de ouvir o Patraquim /ousou anoitecer o Mia Couto / o Echevarria secou-me o pomar / a Maria Teresa Horta passou, altiva// O sol cai sobre o planetário / por detrás dos arames, o verde abafa o amarelo / longe, eleva-se uma grua / perto, os corpos abrem em sorriso/
sobre um tapete vermelho, as mãos /acenam aos poetas inefáveis.//

17.3.09

Um amor de Perdição, um filme de Mário Barroso

Ao contrário do que refere a sinopse não se trata da história de um encontro entre Simão e Teresa, mas, sim, de um desencontro entre Simão e Teresa, provocado pelo conflito entre duas famílias urbanas, com raízes provincianas e colonialistas…

Para quem não leu a obra de Camilo Castelo Branco, o filme passa bem, apesar de alguns jovens espectadores (da idade do Simão?) referirem o seu dramatismo. De facto, os jovens que assistiram à apresentação do  filme na sala 4 do Monumental estiveram atentos e divertiram-se, o que não é muito habitual. Por isso, creio que o filme irá ter uma boa recepção do público…

Quantos aos apreciadores de Camilo, a abordagem será diferente. O texto camiliano mais parece de Eça, quando se insiste na relação incestuosa de Dona Rita com Manuel (mãe e filho), sob o olhar indiferente de Domingos Botelho( marido e pai). À luz desta tema – o incesto -, não estranharei nada se Mário Barroso vier a adaptar ao cinema A Tragédia da Rua das Flores de Eça…

Por outro lado, os camilianos não deixarão de questionar o desfecho trágico do filme: abrir as veias e abrir o gás, em espaços distantes, não parece uma solução muito adequada à catástrofe de Um Amor de Perdição. Simão e Mariana, bem poderiam sucumbir lentamente, vítimas de SIDA. E para isso, não seria necessário que Simão traísse o amor de Teresa, bastava que o sangue derramado por Simão e de que Mariana se apropriou na delírio e na cegueira deste a penetrasse, deixando-a para sempre refém da sua secreta paixão…

Trata-se de um filme polémico, com uma óptima fotografia, um desempenho dos actores equilibrado, e uma montagem que, em certos momentos, consegue transmitir a densidade das situações camilianas, apesar do desfecho parecer pouco verosímil e, sobretudo, perder para o desenlace de Amor de Perdição.

Manuel C. Gomes

15.3.09

Há sempre quem nos envergonhe...



Num lugar, onde "Deus quer, o homem sonha, a obra nasce", não deveria haver lugar para mensagens infames.
Alguém se deu ao trabalho de subir a escarpa, mesmo ao lado de Ribeira de Ilhas, para deixar uma nota de mau gosto.

Tetrápodes nas arribas da Ericeira...

De quem é a ideia? Espero que estejam a construir um molhe ou paredão. Caso contrário, estaremos perante um abuso.
De qualquer modo, fica o termo "tetrápode".

11.3.09

A nova poesia…

Centenas de milhares de homens e mulheres são empurrados para a miséria; os filhos,  indiferentes, não compreendem que eles se tornam nas maiores vítimas, embora por culpa própria.

À pontualidade, à assiduidade e ao rigor dizem não. Educados na permissividade, fazem orelhas moucas à palavra dos professores. Por debaixo das mesas, enviam mensagens instantâneas para o colega do lado; de cabeça hirta, invertem a circulação do sangue, deixando que o olhar vazio se perca na brancura das paredes.

Como se a droga lhes corresse de cima para baixo, anestesiando-os e atirando-os para os braços da desistência…

Como vão longe os tempos em que fingir era imaginar / criar! Agora, fingir é mentir a si-próprio…

Fogem da dor e do esforço como o Diabo da Cruz. E acreditam que o futuro mora ao lado num bandeja de ouro…

E quando descobrem a grande mentira em que mergulharam, sentem ganas de destruir o mundo…

E começam a passar do desejo à acção ( da potência ao acto) numa viagem mutiladora em que Beatriz virou rosto de destruição…

É essa a visão dos novos poetas do século XXI!

9.3.09

No Jardim Constantino...

Que árvore será esta? Fica no Jardim (do) Constantino. Na passada 6ª feira, o escritor Mário de Carvalho prometia a uma plateia de jovens dos 1º, 2º e 3º ciclos e do ensino secundário que logo que chegasse ao escritório iria procurar quem fora o "Constantino" que designa aquele largo. Será que os jovens se aperceberam daquela preocupação do escritor?
No mesmo jardim, sob a reflexão de um ignorado e silencioso Prometeu, Mário de Carvalho lá foi explicando que não escreve deliberadamente para crianças, que as capas dos seus livros não são da sua responsabilidade, que a escrita de ficção lhe aconteceu um pouco porque os advogados gastam muito tempo a escrever sobre casos reais, que as suas personagens, na realidade, nunca existiram e que, portanto, não valerá a pena sair a procurar as fontes... E de si, deixou escapar que, aos 15 anos, começou a compreender a crueldade do Estado Novo que lhe perseguiu e prendeu o pai... Nesse tempo, frequentou o Liceu Camões (2 anos).
(E eu, ali sentado, ao lado do escritor, sem saber muito bem se estava nalguma cena de apanhados... tudo culpa da abnegada drª Isabel Pires, promotora da iniciativa... do externato Sá de Miranda.)

Quanto ao Constantino, terei de dizer que os actuais responsáveis pelo pelouro dos jardins da cidade de Lisboa não lhe chegam aos calcanhares.