27.7.11

Exotismos!

Valorizamos facilmente o exótico. As árvores de porte altivo são quase sempre exóticas! Sem elas não teríamos jardins, naturais, tropicais ou outros!

Sem a intervenção estrangeira, Portugal não teria sido fundado nem, ao longo dos séculos, teria conseguido manter a soberania…

Hoje, acreditamos que a TROIKA não deve ser confundida com qualquer cavalo de Tróia…

Finalmente, estamos psicologicamente disponíveis para aceitar  avaliadores exóticos (externos).

Nuno Crato, 6ª feira,  anunciar-nos-á que uma nova TROIKA chegou ao Ministério da Educação. E nós bateremos palmas!

E depois andamos surpreendidos com o despertar violento do nacionalismo, embora pensemos que se trata de uma manifestação de exotismo – finlandês, austríaco… norueguês…

Haja paciência!

24.7.11

Maria Lúcia Lepecki

Pode parecer exagero, mas, com a morte de Maria Lúcia Lepecki, Portugal fica mais pobre. Era uma das poucas pessoas que, neste país, sabia ler e ensinar literatura – portuguesa ou francesa.
Tinha um método e aplicava-o à vista dos seus alunos. Não se apresentava como hermeneuta ou exegeta – era uma leitora metódica e perspicaz, incapaz de desprezar o receptor. Tratava-o com carinho, mesmo quando este se revelava pouco familiarizado com o texto…

Não sei se praticava a áskesis (ascese), mas, desde que a conheci, ainda nos anos 70 na Faculdade de Letras de Lisboa, até ao “encontro” sobre José Cardoso Pires, no Auditório da Esc. Sec. de Camões, sempre a vi como uma mulher virtuosa, no sentido que Diógenes de Sinope atribuía ao termo virtude. 

E para sempre assim ficará!

22.7.11

Carvalhal do Pombo na Literatura…

«Na sua casa da Avenida da Duque de Loulé faleceu o  conceituado capitalista e filantropo Afonso Ruas, natural de Carvalhal do PomboAquilino Ribeiro, O Arcanjo Negro, pág.97 

Em que circunstâncias terá Aquilino Ribeiro conhecido tão ignoto lugarejo?

A que Bajonca (barão da Bajonca papalino ou manuelzinho) se estaria Aquilino a referir ao escrever.«aquele Bajonca, que assim se chama a portela de Carvalhal do Pombo onde a avó, que atiraram à margem, deitou ao mundo aquele que passa por seu pai.» ibidem, pág. 102.

Apesar do desconchavo do mundo ( atentados de Oslo), a Literatura não pára de me surpreender!

20.7.11

Luz e sombra…

 Se as tarefas se amontoam ou a vontade é frágil acaba-se por não conhecer o que está na sombra ou para além da fachada.

Mesmo entrando, se à pressa, as peças da história podem deslumbrar, mas apenas isso.

Do martírio desta Santa Eufémia (porque há outras!) até  este registo crescem as sombras…

e nós, contentes…

e eu, apressado, já nem sei porque comecei…

(É tão cedo e já tão tarde!)

16.7.11

Ao ampliar…

 

Vila do Gerês

O que vemos é diferente do que pensamos ver? Ou será ao contrário?

O instantâneo aprisiona o que escapa ao raciocínio… Ao ampliar, ou filosoficamente perscrutando, através da indagação mais ou menos reflexiva, vemos o que lá estava, mas fora da nossa apreensão.

Incautos, amamos a certeza!

Mas quando a ampliamos, percebemos que deveríamos cultivar a dúvida!

15.7.11

Diferenças…


A árvore dá frutos sem que eu lhe(s) saiba o sabor e o nome…


Colocadas lado a lado, as rochas não conhecem o desespero do fim…


Podiam ser as minhas janelas se eu tivesse alma!


A borboleta cumpre… e eu interrogo-me!

14.7.11

A metamorfose

 

As pedras nuas surgem-nos insensíveis, estéreis; excepcionalmente preciosas. As fronteiras são claras! Só a picareta as pode pulverizar…

No entanto, por aqui, às pedras, no leito do rio, não se lhes vê as raízes, mas a cabeleira é abundante e verdejante, e florescem… só não vou a tempo de lhes saber o fruto.

Se Mia Couto por aqui passasse, inventaria, certamente, a estória do velho que, farto da cidade, se teria lançado ao rio na esperança de lhe descobrir a foz. Este, porém, metamorfoseara-o em pedra vegetal.