Um olhar despreconceituado… ou talvez não. A verdade é tudo o que nós ignoramos.
6.11.11
Cores de outono
5.11.11
Ricos pilhos!
«Senão o lobo, a raposa, o pilho de dois pés zarpavam com a mamata.» Aquilino Ribeiro, Quando os Lobos Uivam.
Já não sei se matamos a língua (e a literatura) para ocultar a mamata ou se é ao contrário: a fraude impõe a morte da língua.
Termos como comezaima, comilagem, conezia, cunha, expediente, furto, ladroagem, mama, marosca, negociata, nicho, pitança, prebenda, propina, roubo, sinecura, tacho, teta, tráfico, tribuneca, veniaga são o grito abafado de um povo esbulhado da sua própria voz.
E esse povo, ao perder a língua, morre de vez asfixiado pelos pilhos de dois pés!
2.11.11
Ociosidade…
Variam semper dant otia mentem – A ociosidade causa sempre desorientação. (tradução livre)
Se para Platão, a ociosidade era necessária à indagação reflexiva e pressupunha riqueza daqueles que dispunham do tempo necessário à investigação e à especulação, para Sá de Miranda e para Camões a ociosidade, alimentada pelos pardaus da Índia, efeminava os espíritos, tornando-os fonte de inevitável decadência.
Por seu turno, Eça de Queirós associa ociosidade a diletantismo e a indigência, condenando impiedosamente os polidores de esquinas que infestavam a capital do reino.
Hoje, a ociosidade deixou de ser um privilégio (conquistado ou herdado) para se tornar condenação de milhões de seres humanos, e que, desorientados, estão prontos a marchar sobre os templos que abrigam os modernos bonecreiros.
31.10.11
O Terror
29.10.11
Alexandre Herculano - o anonimato
À beira-estrada, era possível ver que ali, na Azóia de Baixo, na Quinta de Vale de Lobos, residira um homem ilustre, que terminou os seus dias, longe da Corte, a produzir azeite – herculano. Um belo exemplo de civismo!
Hoje, para quem passa, não há uma placa que assinale o lugar onde o historiador se refugiou, apesar de por lá terem sido plantadas, a partir de 1999, 150.000 oliveiras num sistema de rega importado do Canadá.
Sugestão: Se ainda é o senhor Joaquim Santos Lima que dirige a exploração, peço-lhe que aproveite umas gotas dos subsídios que recebe da União Europeia para assinalar aos transeuntes que ali se produz um azeite com tradição, mas, também, que por ali paira o espírito de Alexandre Herculano.
E já agora acrescento que também não gosto de ver uma ponte romana escondida por um canavial por entre o qual corre uma água suja que aparenta não ter apenas origem nas recentes enxurradas…
/MCG
27.10.11
Andaimes…
Interioridade e exterioridade são apenas andaimes - metáfora labiríntica da impotência.
Construímos portas e pontes, apenas para experimentar entrar e sair. Tantas vezes, repetimos o gesto que morremos!
Traídos, quando o andaime falta…
26.10.11
Três minutos…
1 - O cientista político arregala os olhos e grita: - Deixem-se de considerandos sobre as causas da ruína da pátria porque, agora, é tempo de empobrecer! O nosso programa só tem um sentido – empobrecer!
No fundo a nova ciência política está a ressuscitar o mito salazarista de «quanto mais pobres mais ricos».
2 – Há decisões difíceis, mas que, por vezes, nos iluminam o dia. E isto só acontece quando cada decisor faz o seu trabalho de forma rigorosa e isenta; só acontece quando cada um consegue suspender os afectos (positivos ou negativos) e aplica rigorosamente os critérios previamente estabelecidos pelo grupo de trabalho.
3 – Razão ou preconceito, sombras há, no entanto, que se nos atravessam no caminho e nos deixam a pensar sobre a ambiguidade do gesto, da palavra, do movimento. Sobre a influência que podem ter na formação dos jovens…