21.6.11

E assim…

A aposta em tornar igual o que poderia ser diferente só traz prejuízo! A grelha de leitura é mais importante do que o texto: o detalhe sobrepõe-se ao conjunto.

E, assim, a percepção da realidade (poética ou outra) empobrece a cada abordagem, reduzindo o chão da imaginação criadora.

Continuamos no paradigma da domesticidade, só que a uma escala cada vez mais ampla. Deixou de haver lugar para o desespero pessoano da incomunicabilidade…Escamas surdas, translúcidas e fortuitas!

A mediocridade matou a tangibilidade. Do predador, só a dor da criatura doméstica.

20.6.11

Na balança da Europa


Se a Europa nos quer expulsar do euro, o melhor a fazer é sair. E quanto mais cedo melhor!A Europa nunca nos viu com bons olhos: primeiro, invejou-nos, depois saqueou-nos. Recentemente, enfeitiçou-nos. E para quê?
- Para nos devorar.

18.6.11

Tomar




Quando atravessamos certas cidades, como Tomar, apetece ficar, não por causa dos nabantinos que parecem ter desertado da cidade, mas por causa dos seus monumentos, das suas praças e vielas…


Por causa da sua história e da beleza paisagística, sinto-me de regresso à cidade dos anos 70, agora mais moderna… e compreendo que uma parte dos fundos europeus me cerca… e que a festa dos tabuleiros se aproxima.

17.6.11

A dúvida…

Até parece que o PSD não ganhou as eleições! Onde é que estão as figuras proeminentes do partido? Nos Conselhos de Administração?
Sobre Sócrates, afirmava-se que era mestre de táctica, mas sem estratégia! E no PSD, quem é que define a estratégia? Quem é que pensa o caminho para sair da crise sem sacrificar os interesses nacionais?
Olhando para os 11 ministros, não vejo nenhum capaz de pensar por si, de definir uma estratégia que não esteja subordinada a interesses privados.
Sobra-me, no entanto, uma dúvida: Será Nuno Crato capaz de constituir uma equipa com espírito de missão que faça uma limpeza na multiplicidade de estruturas que desgovernam a Educação?

16.6.11

E se assim não fosse…

Cada cavadela, sua minhoca!

No que me diz respeito, é mais cada enxadada, várias minhocas e de várias cores. Sem querer corromper o saber popular, em tempos de aposta no regresso ao campo, parece-me que melhor seria pensar um pouco mais antes de agir.

Os sinais começam a ser claros: os ricos querem os pobres à distância; os pobres (e, sobretudo, os parasitas que são como as minhocas!) vão acabar por romper o dique e ser massacrados até que voltem a ser necessários…

(Se as minhocas soubessem que estão a ser utilizadas como iscas vivas!)

À desordem seguir-se-á uma nova ordem, uma nova abundância… até que o alcatruz volte a esvaziar-se…

E se assim não fosse não haveria narrativa!

14.6.11

O tempo dos almotacés…

A quente, não é de esperar grande sensatez! E por isso esqueço os  rostos do dia, e regresso à memória de outras modernidades…

Ao tempo da camioneta da carreira que trouxe a pontualidade e a democratização, que descobriu novas fronteiras, novas serras, novos mares…

Ao tempo do petróleo (querosene ou petroline) que apagou a noite e anoiteceu as velas de sebo, que impôs a higiene…

Ao tempo da electricidade que humilhou Apolo e ofereceu aos poetas as flores do mal e as horas mortas…

Ao tempo do automóvel aristocrata e burguês…

Ao tempo da escola oficial que nos queria libertar da ignorância em troca de votos comprometidos…

Ao tempo dos bens comunais: a eira, as lameiras, a água de rega, o forno, o moinho-à-beira rio, o açude, a serra…

Ao tempo dos almotacés!

(…) E este regresso mais não é do que o reconhecimento de que quem olha e escuta  é a consciência de um devir que ainda  pode escolher entre os impulsos desmedidos e os bens comunais…

10.6.11

10 de Junho de 2011

«De verdade, mentir é um vício maldito. Somos homens porque capazes de respeitar a palavra dada.» Montaigne, Les Essais, Livre I, chapitre IX.

De facto, faltar à verdade é o pior dos crimes, até porque o reverso da verdade se revela sob mil figuras. Tal como os pitagóricos pensavam: o bem é certo e finito e o mal é incerto e infinito.

Na solenidade do dia, os discursos parece que se desprenderam dos homens, revelando os homúnculos que, em nome da nação, continuam a ajustar contas, deixando António Barreto a falar sozinho…

Na oratória de Barreto mora a cerração que, talvez, venha a ser desfeita não pelos homens mas pela contingência…

( A angústia.)