A composição não deixa ouvir a música dos dias. Os músicos abandonaram os instrumentos. O maestro preferiu fugir da orquestra. No entanto, das nuvens escorre a luz que ilumina os dias de quem abre os olhos e não entende porque se elevam edifícios tão desiguais.
Um olhar despreconceituado… ou talvez não. A verdade é tudo o que nós ignoramos.
26.8.11
25.8.11
Relampejos…
O vazio perturba o caminhante. Prédios que escondem quem não quer ser visto ou, talvez, os residentes sejam descartáveis! | |
Ancorado no porto de Lisboa, o Funchal espera. - O quê? – Que o libertem do jugo continental? | |
Polícia montada na Avenida Infante D. Henrique em tempo de crise? Pelo aspecto, ainda estamos longe das pilecas dos escudeiros vicentinos. Mas lá chegaremos! | |
«Cada palavra, em Português, tem um único acento gráfico, agudo ou circunflexo que incide obrigatoriamente numa das três últimas sílabas.» Gomes, Aldónio, Escrever Direito, Ortografia, Clássica editora |
23.8.11
De férias, à beira do abismo…
À beira do abismo, o Parlamento está de férias. O Governo suspende qualquer projecto que possa criar emprego e subsidia empresas públicas e privadas falidas´.
A falência, por exemplo, dos bancos não é admitida… e os contribuintes pagam a crise! Sempre pensei que a falência pudesse ser uma forma de nos libertar de produtos tóxicos e, simultaneamente, de gerar novos empreendedores.
De facto, continuamos a ser governados pelos interesses instalados, de tal modo que o melhor é pedir emprestado, hipotecando a soberania, para anestesiados, irmos de férias…
22.8.11
Os professores e a batata sauté!
- 10 batatas médias
- 1 xícara de chá de cebolinha e salsa picadinhas
- 2 colheres de manteiga de leite (cheias)
- Sal e pimenta do reino (1/2 colher de café)
- 2 cebolas
- 6 dentes de alho
O prato parece saboroso e, de facto, os ingredientes são fáceis de encontrar. Tudo genuinamente nacional e vegetal!
A avaliação é caseira e depende do paladar de cada um. E quanto aos efeitos, logo se verá.
No final da história, os professores estarão mais elegantes e os neurónios mais ágeis. Tudo graças à pimenta do reino!
21.8.11
Para lá da terra…
«Na carruagem que vinha do Porto, havia muitas caras lusitanas. Tiram-se à vista, não porque tenham carácter como os ingleses ou alemães, mas precisamente porque não têm carácter nenhum. São todas diferentes. Após tantos anos de tombos, de guerras, de sangrias, a raça ainda não escumou numa fisionomia própria.» Aquilino Ribeiro, Um Escritor Confessa-se, Lances da Minha Vida, pág.363.
A falta de carácter explica muita da subserviência que grassa entre governantes e comentadores da res publica. Por seu lado, o povo parece um rebanho alheado do caminho e do pastor! A Alemanha põe e dispõe da terra lusitana, e Portugal aplaude, convencido de que merece expiar por não ter resistido à globalização. Só falta a flagelação na praça pública!
Mas nada disto é possível sem o colaboracionismo, para quem a terra nada vale. Aos colaboracionistas só interessa o capital, e este não tem nacionalidade nem religião. As grandes empresas portuguesas que, em grande parte, tosquiam o contribuinte e o consumidor, têm as suas sedes em países com menor carga fiscal ou em paraísos fiscais. Porquê?
A Alemanha e a França não estão sozinhas! BCP, BPI, BES, BANIF, BIC, Banco Internacional do Funchal, PT, GALP, SONAE…, EDP, CIMPOR, Jerónimo Martins, BRISA, Mota-ENGIL, PORTUCEL, SEMAPA, ZON (e quantas mais?) põem o rebanho a render e ameaçam abatê-lo!
Considerando a lição de Aquilino Ribeiro e daqueles que consumaram o derrube da monarquia, e cujo carácter se media pela capacidade de enfrentar a rugosidade do terreno, o principal inimigo deve ser procurado dentro e não fora de Portugal. E o primeiro passo é não colaborar com empresas que não assumem os seus deveres fiscais, em nome de uma falsa internacionalização – os únicos beneficiados são sempre os accionistas…
Em Um escritor Confessa-se, para além da terra, há o terreno… e a luta constante contra a subserviência, fundada na tradição, na religião ou no despotismo político castrador…seja monárquico ou republicano.
Há autores que merecem ser lidos não só pela qualidade linguística e literária das suas obras, mas, sobretudo, pela sua exemplaridade, o que talvez explique a nossa falta de carácter e a facilidade com que somos desrespeitados.
19.8.11
Escolhas…
«Uma alçada bateu para a Foz do Arelho, cercou a casa do Francisco Grandela e meteu o nariz em todos os cantos, até nas capoeiras.» | |
Os esbirros de João Franco, em nome do monarca, perseguem o insurrecto Aquilino, seguindo o trilho republicano… Grandela – empreendor e filantropo. Aquilino Ribeiro – activista e escritor. Ambos escolheram a acção, ao serviço do Outro… |