Surrealismo - algumas notas

 SURREALISMO

Entre 1947 e 1953, este movimento afirmou-se em Portugal.

Fundação do Grupo Surrealista de Lisboa (1947-1949) e de Os Surrealistas (1949-1953)

O termo Surrealismo traduz o termo francês “surréalisme”, apesar de outras propostas: (Alexandre O’Neill) ‘super-realismo’ ou ‘sobre-realismo’, termo mais generalizado…

Definição de 1924, Primeiro Manifesto: «Surrealismo, s.m. Automatismo psíquico puro pelo qual se propõe exprimir, quer verbalmente quer por escrito, ou de qualquer outra maneira, o funcionamento real do pensamento. Ditado do pensamento, na ausência de todo o controlo exercido pela razão, fora de toda a preocupação estética e moral.»

Enc. Filo. O surrealismo repousa sobre a crença na realidade superior de certas formas de associações negligenciadas até ele, na omnipotência do sonho no jogo desinteressado do pensamento. Tende a arruinar definitivamente todos os outros mecanismos psíquicos e a substituir-se-lhes na resolução dos principais problemas da vida.»

Segundo Manifesto de 1930: … a busca do inconsciente através do relato de sonhos, seja através do «acaso objetivo» ou de práticas coletivas de escrita. A partir deste Manifesto, o surrealismo aproximou-se do marxismo e do comunismo…

Em Portugal, após a segunda guerra mundial, os artistas reagiam ao colapso das intenções de vanguarda que se esboçaram no núcleo da revista Orpheu e na pintura de Amadeu Souza-Cardoso, e que não tiveram continuidade, salvo em alguns escritos de Mário Saa e Ângelo de Lima…

António Maria Lisboa – ver Manifesto radical “Afixação Proibida”, onde expõe as suas conceções de poesia e os seus pontos de vista sobre o papel do poeta na sociedade. (1948) Em 1949, António Maria Lisboa escreveu o poema «Ossóptico» e o manifesto «Erro Próprio». António Maria Lisboa falece em 1953, ano em que os surrealistas já pouco faziam em conjunto…

Carlos Galvet

Henrique Risques Pereira

Mário Cesariny de Vasconcelos – ver livro “Corpo Visível”, de 1950. Como colaborador do jornal portuense “A Tarde”, no suplemento da responsabilidade de Júlio Pomar, denota afinidades com o neorrealismo. Revela algum afastamento da vanguarda europeia (adesão ao Partido Comunista) … No entanto, em 1945, na revista «Aqui e Além», manifesta-se critico em relação à produção neorrealista e ao constrangimento que a posição política provocava na atividade artística. Mário Cesariny começa a escrever poesia em 1942, transportando para o interior da obra o conflito entre as várias perspetivas de encarar o mundo e a poesia… Em «Nobilíssima Visão», visa o sistema literário e ideológico do neorrealismo. Datado de 1945, o conjunto de poemas Nicolau Cansado escritor é quase todo ele uma paródia a poemas de autores neorrealistas: Fernando Namora, Mário Dionísio e Francisco José Tenreiro.

Pedro Oom, em 1949, delineou uma nova perspetiva que designou como «Abjeccionismo» e que será, na prática, uma linha de fratura.

Fernando José Francisco

Mário Henrique Leiria

Fernando Alves dos Santos

Carlos Eurico da Costa

António Paulo Tomaz

Artur do Cruzeiro Seixas

João Artur da Silva

«A expressão artística defendida nas páginas da Presença, por José Régio ou João Gaspar Simões, fundada na valorização da “sinceridade” do criador, dominante à altura, no meio literário, e as propostas neorrealistas, que se erguem em alternativa, marcadas, todavia, pelo culto da obra de arte orgânica, excessivamente “naturalista”, não satisfazem o gosto estético nem eram encaradas como campo artístico onde se pudessem exprimir livremente as novas tendências…»

Terá sido Agostinho de Campos a referenciar pela primeira vez o surrealismo em Portugal na sua introdução à Antologia de Afonso Lopes Vieira – Prosa e Verso – em 1925.

Desde meados de 1930 circula em Lisboa a “Petite Antologie Poétique de Surréalisme», de Georges Hugnet. Essas leituras em simultâneo com o ultraísmo espanhol influenciaram Vitorino Nemésio, Edmundo Bettencourt e Ruy Cinatti. Em 1936, António Pedro adere ao grupo surrealista inglês (ver manifesto dimensionista). Em 1940, António Pedro, com António Dacosta e a escritora inglesa Pamela Boden, expõem obras de inspiração surrealista.

Entre 1941 e 1943, um grupo de estudantes da Escola António Arroio e seus amigos reúnem-se no desaparecido café Herminius, em Lisboa.

Em 1948, Mário Cesariny, em carta dirigida a António Pedro, desliga-se do grupo Surrealista de Lisboa «por não acreditar que seja Grupo e ainda menos que seja Surrealista».

O grupo de 1949 é constituído por António Pedro, seu mentor, Dacosta, Fernando Lemos, José-Augusto França, Fernando de Azevedo. E deriva da cisão do grupo original, fundado em 1947, onde tinham estado Alexandre O'Neill, Mário Henrique Leiria, Cruzeiro Seixas ou Cesariny.

Revista “Variante”, da responsabilidade de António Pedro, que se pretendia uma publicação surrealista internacional.

Em 1945 e 1946, revistas com “Afinidades” e Seara Nova dão atenção ao surrealismo francês.

Cadernos Surrealistas – 5 números – com trabalhos de Alexandre O’Neill, José Augusto-França, António Pedro e Nora Mitrani

“Antologia Surrealista do Cadáver Esquisito”

Em 1948, Mário Cesariny, em carta dirigida a António Pedro, desliga-se do grupo Surrealista de Lisboa

Ver “A afixação proibida”, documento de António Maria Lisboa…


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