Gonçalo Cadilhe, Nos Passos de Santo António - Uma Viagem Medieval, Clube do Autor, 2016, pág. 26.
1. Baseando-se na leitura do texto, indique o tema e explique a sua opção
2. No segundo parágrafo, o autor faz várias interrogações. Qual é o seu objetivo
3. Classifique o sujeito da primeira oração do texto
4. Na oração " E Lisboa é uma cidade cristã...", classifique sintaticamente a expressão sublinhada.
5. Classifique sintaticamente os constituintes da oração "No Oeste da Europa surgia algo de novo"
6. Faça a síntese do texto, num máximo de 80 palavras.
II
Tornando a falar dos feitos do Mestre, de que cessámos para levar a Rainha a Santarém e trazer Nun'Álvares ao seu serviço, assim foi que nesta sazão em que Nun'Álvares veio para ele, era o Mestre posto em grande cuidado e desvairados pensamentos. Porque alguns do seu conselho lhe diziam que não aguardasse el-rei de Castela com o seu grão poder no reino, mas que se fosse para Inglaterra, espertando muitas razões por que o devia de fazer e assinando certos proveitos e seguranças que disso se seguiam, dizendo, entre as outras coisas, que pelo azo de tal partida ele poderia ali haver tanta ajuda de gentes que, depois, poderia tornar ao reino e o cobrar com muita sua honra, sem perda das gentes e dano da terra. Outros eram de todo contra esta opinião, desfazendo os ditos de tais com outras contrárias razões, assim como Nun'Álvares, Rui Pereira, Álvaro Vasques de Góis, o doutor João das Regras, Álvaro Pais e o doutor Martim Afonso, dizendo que a partida do Mestre não era boa, nem em serviço de Deus nem seu, porque indo-se ele para fora da terra ficava o reino desamparado e sem defensor, e então cobraria el-rei de Castela a cidade e os outros lugares que se lhe rebelavam, e dá-los-ia a tais pessoas e afortalezaria de tal guisa que não se poderiam depois cobrar senão com grande afã e muito espargimento de sangue, e que por isso lhe pediam, por mercê, que assossegasse no reino e não se partisse dele, que Deus, que para isto o chamara e escolhera, encaminharia seus feitos com grande acrescentamento da sua honra e estado.
O Mestre ouvia as razões de uns e dos outros, e se bem que aqueles que o aconselhavam a que se partisse do reino assinassem certas e notáveis razões por que o devia de fazer, o seu grande coração, desejador de cavaleirosos feitos, o fazia inclinar a todavia ficar nele e pôr-se a qualquer ventura pela defensão da terra. Mas desta tenção o turvavam muito os que lhe aconselhavam o contrário, em guisa que o faziam duvidar.
Fernão Lopes, Crónica de D. João I, cap. VI
1. «Era o Mestre posto em grande cuidado e desvairados pensamentos.»
1.1. Indique a causa da perturbação do Mestre. (linha 3)
2. A partir da linha 4, é possível detectar o tema da preocupação do Mestre.
2.1. Enuncie-o.
2.2. Por palavras suas, aponte os argumentos dos seus conselheiros.
3. Considerando o último parágrafo, refira qual foi a decisão do Mestre, e se foi fácil ou difícil tomá-la.
4. Ao longo do texto, é possível ver que “o coração” do Mestre é condicionado por vários sentimentos.
4.1. De forma fundamentada, aponte três.
5. Releia atentamente o último parágrafo, constituído por duas frases complexas.
5.1. Classifica o processo de ligação que as articula.
5.2. Aponta o valor semântico da conjunção que assegura essa ligação.
**********************************
GRUPO I
Apresente as suas respostas de forma bem estruturada.
Parte A
Leia o texto.
Bernardo Soares, Livro do Desassossego
Parte B
Leia o poema.
OCIDENTE
Com duas mãos – o Acto e o Destino –
Desvendámos. No mesmo gesto, ao céu
Uma ergue o facho trémulo e o divino
E a outra afasta o véu.
Fosse a hora que haver ou a que havia
A mão que ao Ocidente o véu rasgou,
Foi a alma que a ciência e corpo a Ousadia
Da mão que desvendou.
Fosse Acaso, ou Vontade, ou Temporal
A mão que ergueu o facho que luziu,
Foi Deus a alma e o corpo Portugal
Da mão que o conduziu.
Fernando Pessoa, Mensagem, Segunda Parte
Leia o texto.
7. Explique por que motivos o diálogo entre Maria e Telmo revela uma visão do mundo doentia e perigosa.
GRUPO I
Apresente as suas respostas de forma bem estruturada.
PARTE A
Leia o poema.
Às vezes, em sonho triste
Nos meus desejos existe
Longinquamente um país
Onde ser feliz consiste
Apenas em ser feliz.
Vive-se como se nasce
Sem o querer nem saber.
Nessa ilusão de viver
O tempo morre e renasce
Sem que o sintamos correr.
O sentir e o desejar
São banidos dessa terra.
O amor não é amor
Nesse país por onde erra
Meu longínquo divagar.
Nem se sonha nem se vive:
É uma infância sem fim.
Parece que se revive
Tão suave é viver assim
Nesse impossível jardim.
Fernando Pessoa, 21-11-1909
PARTE B
Leia o soneto Antero de Quental. Se necessário consulte as notas.
Razão, irmã do Amor e da Justiça,
Mais uma vez escuta a minha prece.
É a voz dum coração que te apetece,
Duma alma livre, só a ti submissa.
Por ti é que a poeira movediça
De astros e sóis e mundos permanece;
E é por ti que a virtude prevalece,
E a flor do heroísmo medra e viça.
Por ti, na arena trágica, as nações
Buscam a liberdade, entre clarões;
E os que olham o futuro e cismam, mudos,
Por ti, podem sofrer e não se abatem,
Mãe de filhos robustos, que combatem
Tendo o teu nome escrito em seus escudos.
NOTAS
apetece (r); desejar, cobiçar.
viça (r): viceja; torna viçoso; ganha força, vigor.
arena: lugar coberto de areia, onde combatiam os gladiadores.
4. A apóstrofe e a anáfora são dois processos estilísticos utilizados pelo Poeta para celebrar a Razão. Exemplificando, destaque a expressividade de cada um deles.
PARTE C
7. Fernando Pessoa, ao longo da sua obra, insiste em distinguir o sentir do pensar. Escreva uma breve exposição sobre a importância dessa distinção na poesia de Fernando Pessoa ortónimo.
Prova de Frequência de Didáctica do Português
I
Feytor-Pinto (1997 e 1998)
- Que conhecimentos (e atitudes) é que são exigidos ao professor para que o desiderato enunciado por Feytor-Pinto seja efectivamente satisfeito?
II
A Baixa estava
quase deserta, mas no Rossio havia gente. À porta de um café pediu as horas: Onze! Se fosse viva, a estas horas
estava ela a dormir.... Angustiado, atravessou a praça e, sem medo nenhum,
abordou um polícia: Se não tinha visto uma velhota assim-assim... O homem
riu-se: Tu andas na gandaia, e se calhar ela lá em casa ralada, à tua espera!
Mas ora deixa cá ver: pelos sinais.... Anda daí. Levou-o ao posto do Nacional.
Nunca tinha visto tantas caras de polícias juntas, a olhar para ele. A velha
das cautelas? Um cabo pôs-lhe a mão na cabeça e falou para os outros: Se é a
que foi atropelada ali à Betesga.... Acompanha-o tu ao Governo Civil, disse ele
a um dos guardas...
Atropelada? a sua velha?! Podia lá ser!
Viu-a rotinha, enlameada, empastada de sangue, as cautelas a tremer na mão.
Não, não, pelo amor de Deus! Subiram juntos o Carmo e o Chiado, calados, ele
com a imagem dela diante dos olhos. A chuva tinha aliviado, o pavimento viscoso
reluzia, a noite parecia molhada de lágrimas. Tremiam-lhe os beiços, nem pôde
responder a uma ou duas perguntas que o guarda acabou por lhe fazer. Alguém
parou a indagar: uma criança daquela idade, em noite de Natal... Talvez perdida?
Nem ouviu o que ele disse.
À
porta do Governo Civil havia grupos de polícias. Entraram. Um chefe com muitos
galões de prata interrogou-o, primeiro a sorrir, depois com ar de pena.
(Afinal, um polícia também pode ter
coração!) A tua velha, rapaz... Ela tinha uma medalhinha que parecia de prata,
ao pescoço? De prata sim senhor, era isso mesmo! Era ela. A sua velha. O choro
rompeu-lhe tão forte que o não deixou dizer mais nada. Talvez levá-lo à Morgue,
não? lembrou um dos homens.
Esta
ideia aterrou-o, secou-lhe os olhos. Ver aquela cara tão sua conhecida,
contraída de sofrimento, talvez desfigurada... O corpo enrodilhado, nuazinha –
sim, dizem que eles despem a gente, cortam-nos com a faca! Teve medo e
vergonha. Não, não, à Morgue não! Eu vou a casa, vou ver, temos vizinhos... deu
a morada. Convenceu os polícias, deixaram-no ir. Não te percas, miúdo, vai
direito a casa!
Sim,
sim, vai para casa, eles falam bem! Mas eles têm a sua casinha quente, com luz,
mulher e filhos, alegres em noites de Natal. E eu? Eu.... Via a casa escura e
vazia no bairro tortuoso, o lume apagado, sem carinhos, sem festas, sem ceia. Miúdo – sim, via agora bem que era
pequeno, e chegara a julgar-se taludo! Sozinho! Nem pai nem irmãos, nem amigos,
nem a sua velha. As ruas... De repente pensou no Menino Jesus e apertou os
punhos, ergueu os olhos: Quem manda nisto, ah quem manda!... Sim, esse tinha
mãe, um berço de palhas, calor, presentes, adoração! Nas igrejas e nas montras.
E eu... Eu é que não tenho nada. (Tinha a moedinha de prata, apertou-a com
força.) Sentiu dentro de si uma coisa sem nome, que o queimava e lhe secava o
pranto, e lhe apagava a fome.
A casa é que eu não torno. Desceu as ruas, acelerado. Um sino bateu horas algures – já meia-noite! À porta duma igreja, caverna de oiro e luz e música, havia um magote de pessoas: nem parou. No Terreiro do Paço, imenso e claro debaixo do céu nublado, nem vivalma. Passou a estátua, como um jazigo de luxo. As luzes dos barcos de guerra ancorados tremulavam no Tejo. A chuva parou quase de repente. Deixara-lhe o cabelo empastado, mas ora, disse ele, quero eu cá saber, já não tenho quem ralhe comigo. Ainda soluçava a espaços, mas levava os olhos enxutos. Um vapor apitou, rouco e lúgubre, e ele gostou de o ouvir: parecia chamá-lo.
José Rodrigues Miguéis, extracto de Festa Sem Fim, Seara Nova, 1922
1. Mostre, com base no extracto de Festa Sem Fim, que conteúdos selecionaria para desenvolver a competência narrativa de um aluno do 8º ano de escolaridade, nos seguintes domínios:
· Ler;
· Funcionamento da língua;
· Funcionamento do discurso.
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I
E desde logo decidiu prescindir do braço direito, assim jurou, e para sempre o deixou bambo e pendido.
A grande sala do palácio era fria, formavam-se bolores brancos nos ângulos mais altos. De forma que o gigante sentia-se muito só e resolveu cobrir todas as paredes de espelhos. Mas o frio não passava e breve se enfadou daquela grande figura multiplicada que sorria quando ele sorria, falava quando ele falava, mexia quando ele mexia.
Fez por arranjar companhia e teve-a.
Primeiro, uma pequena bailarina que rodopiava o dia inteiro sobre a mesa, sobre os móveis. Mas o gigante, por distração, esmagou-a debaixo do cotovelo.
Depois, um pequeno faquir, que levava o tempo a meditar, sereno. Mas o gigante, por distração, esqueceu-se dele em cima de um aparador e o faquir morreu de fome e ficou-se seco, mumificado.
Depois, um pequeno homem alado que revoluteava por toda a parte, em voo grácil de asas verdes. Mas o gigante, por distração, deixou aberta a bandeira de uma janela e o homem alado nunca mais regressou.
"Não haja dúvidas, não sirvo para companhias", refletiu o gigante. E determinou viver só.
Ora, voltava um dia das suas adegas e trazia debaixo do braço esquerdo uma enorme ânfora com vinho, quando ao passar junto às margens do ribeiro que corre pela planície viu vir um jovem, cambaleando, de túnica rota e armadura fendida. Ao longe, tropel de cavalos levantava poeiras.
O jovem entrou penosamente até meio da ribeira. O gigante distinguia-lhe a face, coberta de lama e sangue.
- Ei! - bradou o moço. - Leva-me contigo e defende-me, que filho de rei sou!
- Não posso - disse o gigante. - Decidi viver só.
- Então dá-me a tua mão e ajuda-me a passar...
- Não posso, que derramava o vinho.
- A outra mão!
- Não posso, que decidi não a usar.
Exausto, o jovem arrastou-se para a outra margem, onde já um esquadrão de cavaleiros negros o esperava, de lança enristada.
Seguindo o seu caminho, pensava o gigante:
"Preocupa-me tanto, aquele mancebo..."
Mário de Carvalho, Fabulário, & etc., 1984
· Ler;
· Funcionamento da língua;
· Funcionamento do discurso.
II
1. Porque é que é fundamental que o professor tenha uma visão longitudinal dos objetivos de ensino?
2. Comente a seguinte afirmação de Cardinet, 1990:
“Gerir o ensino (...) é propor uma política que assegure a coerência dos actos educativos e que o faça os convergir para finalidades comuns.”
3.
Explique por que motivos “os textos literários lidos e estudados na disciplina de Português do
ensino básico e do ensino secundário (...) devem ser sempre textos de grande
qualidade literária, isto é, no sentido mais lídimo da expressão, textos
canónicos.” (Vítor Aguiar e Silva, Comunicação,
1998)
Agora, sim, podem partir. O padre
Bartolomeu Lourenço olha o espaço celeste descoberto, sem nuvens, o sol que
parece uma custódia de ouro, depois Baltasar que segura a corda com que se
fecharão as velas, depois Blimunda, prouvera que adivinhassem os seus olhos o
futuro. Encomendemo-nos ao Deus que houver, disse-o num murmúrio, e outra vez
num sussurro estrangulado, Puxa, Baltasar, não o fez logo Baltasar,
tremeu-lhe a mão, que isto será como dizer Fiat, diz-se e aparece feito, o
quê, puxa-se e mudamos de lugar, para onde. Blimunda aproximou-se, pôs as
duas mãos sobre a mão de Baltasar, e, num só movimento, como se só desta
maneira devesse ser, ambos puxaram a corda. A vela correu toda para um lado,
o sol bateu em cheio nas bolas de âmbar, e agora, que vai ser de nós. A
máquina estremeceu, oscilou como se procurasse um equilíbrio subitamente
perdido, ouviu-se um rangido geral, eram as lamelas de ferro, os vimes
entrançados, e de repente, como se a aspirasse um vórtice luminoso, girou
duas vezes sobre si própria enquanto subia, mal ultrapassara ainda a altura
das paredes, até que, firme, novamente equilibrada, erguendo a sua cabeça de
gaivota, lançou-se em flecha, céu acima. Sacudidos pelos bruscos volteios,
Baltasar e Blimunda tinham caído no chão de tábuas da máquina, mas o padre
Bartolomeu Lourenço agarrara-se a um dos prumos que sustentavam as velas, e
assim pôde ver afastar-se a terra a uma velocidade incrível, já mal se
distinguia a quinta, logo perdida entre as colinas, e aquilo além, que é,
Lisboa, claro está, e o rio, oh, o mar, aquele mar por onde eu, Bartolomeu
Lourenço Gusmão, vim por duas vezes do Brasil, o mar por onde viajei à
Holanda, a que mais continentes da terra e do ar me levarás tu, máquina, o
vento ruge-me aos ouvidos, nunca ave alguma subiu tão alto, se me visse
el-rei, se me visse aquele Tomás Pinto Brandão que se riu de mim em verso, se
o Santo Ofício me visse, saberiam todos que sou filho predilecto de Deus, eu
sim, eu que estou subindo ao céu por obra do meu génio, por obra também dos
olhos de Blimunda, se haverá no céu olhos como eles, por obra da mão direita
de Baltasar, aqui te levo, Deus, um que também não tem a mão esquerda,
Blimunda, Baltasar, venham ver, levantem-se daí, não tenham medo. Não tinham medo, estavam apenas assustados
com a sua própria coragem. O padre ria, dava gritos, deixara já a segurança
do prumo e percorria o convés da máquina de um lado para o outro para poder
olhar a terra em todos os seus pontos cardeais, tão grande agora que estavam
longe dela, enfim levantaram-se Baltasar e Blimunda, agarrando-se
nervosamente aos prumos, depois à amurada, deslumbrados de luz e de vento,
logo sem nenhum susto, Ah, e Baltasar gritou, Conseguimos, abraçou-se a
Blimunda e desatou a chorar, parecia uma criança perdida, um soldado que
andou na guerra, que nos Pegões matou um homem com o seu espigão, e agora
soluça de felicidade abraçado a Blimunda, que lhe beija a cara suja, então,
então. O padre veio para eles e abraçou-se também, subitamente perturbado por
uma analogia, assim dissera o italiano, Deus ele próprio, Baltasar seu filho,
Blimunda o Espírito Santo, e estavam os três no céu, Só há um Deus, gritou,
mas o vento levou-lhe as palavras da boca. Então Blimunda disse, Se não
abrirmos a vela, continuaremos a subir, aonde iremos parar, talvez ao sol. José
Saramago, Memorial do Convento,
(1982) pág.195 a 197, Caminho, 16ª edição. |
Questionário 1.
Qual foi o gesto que pôs a “máquina”
em movimento? 2.
Que simbolismo atribuis a esse
mesmo gesto? 3.
Como é que a tripulação reagiu ao
arranque súbito da “máquina”? 4.
O que é que o padre Bartolomeu pôde
ver, pela primeira vez, do “alto”? 5.
Que pensamentos é que o padre
associou a essa “visão”? 6.
A que tipo de instituição é que o
padre se refere ao falar do Santo Ofício? 7.
Explica o sentido da seguinte
frase: “Não tinham medo, estavam apenas
assustados com a sua própria coragem.” 8.
Como é que a tripulação celebrou o
êxito da missão? 9.
Com base nos elementos fornecidos
pelo texto, caracteriza cada uma das três personagens – retrato físico,
psicológico e cultural. 10.
De modo a apresentares oralmente
este texto à tua turma, indica os tópicos que abordarias. 11.
A “máquina” voadora lembra, no modo
como é descrita, uma “ nau”. Indica todas as palavras de que o Autor se
serviu para criar essa analogia. 12. Neste texto são feitas várias referências a “Deus” e ao “céu”. Como é que o narrador no-los apresenta? |
Teste
Texto A
Como vivo coitada, madre, por meu amigo,
ca m’enviou mandado que se vai no ferido:
e por el vivo coitada!
Como vivo coitada, madre, por meu amado,
ca m’enviou mandado que se vai no fossado:
e por el vivo coitada!
Ca m’enviou mandado que se vai no ferido,
eu a Santa Cecília de coraçon o digo:
e por el vivo coitada!
Ca m’enviou mandado que se vai no fossado,
eu a Santa Cecília de coraçon o falo:
e por el vivo coitada!
Martim de Ginzo
Texto B
Pois naci nunca vi Amor,
e ouço d’el sempre falar.
Pero sei que me quer matar,
mais rogarei a mia senhor
que me mostr’ aquel matador,
ou que m’empare d’el melhor.
Pero nunca lh’eu fige ren
por que m’el aja de matar,
mais quer’ eu mia senhor rogar,
polo gran med’en qu’ me ten,
que me mostr’aquel matador,
ou que m’ampare d’el melhor.
Nunca me lh’eu ampararei,
se m’ela d’el non amparar;
mais quer’eu mia senhor rogar,
polo gran medo que d’el ei,
que mi - amostr’ aquel matador,
ou que mi - ampare d’el melhor.
E pois Amor á sobre mi
de me matar tan gran poder,
e eu non o posso veer,
rogarei mia senhor assi,
que mi - amostr’ aquel matador,
ou que m’ampare del melhor.
Nuno Fernandes Torneol
Questionário
1. Lê atentamente estas duas cantigas e integra-as no respectivo sub-género, tendo em conta:
- o locutor
- o tema
- a disposição estrófica
- a métrica e a acentuação
- a origem
2. Observa novamente as duas cantigas, enquanto documentos importantes para a história da Língua Portuguesa.
2. 1. Em que língua foram escritas?
2.1.1. Qual a relação desta língua com a língua portuguesa?
2.2. Identifica quatro arcaísmos, e explica o respectivo significado.
2.3. Explica a evolução semântica das palavras madre e matador.
2. 4. Explicita os valores social e literário da palavra senhor.
Teste
Texto A
Amad’ e meu amigo,
valha Deus!
vede la frol do pinho
e guisade d’andar.
Amigu’ e meu amado,
valha Deus!
vede la frol do ramo
e guisade d’andar.
Vede la frol do pinho,
valha Deus!
selad’o baiozinho
e guisade d’andar.
Vede la frol do ramo,
valha Deus!
selad’ o bel cavalo
e guisade d’andar.
Selad’ o baiozinho,
valha Deus!
Treide-vos, ai amigo,
e guisade d’andar.
( selad’ o bel cavalo,
valha Deus!
treide-vos, ai amado,
e guisade d’andar. )
Texto B
Amado e meu amigo,
valha-vos Deus!
Vede esta flor de pinho
e tratai de andar.
Amigo e amado,
valha-vos Deus!
vede esta flor do ramo
e tratai de andar
Vede esta flor de pinho
valha-vos Deus!
Selai o baiozinho
e tratai de andar.
Vede esta flor de ramo,
valha-vos Deus!
Selai vosso cavalo
e tratai de andar.
Selai o baiozinho,
valha-vos Deus!
Apressai-vos, amigo
e tratai de andar.
Selai vosso cavalo
valha-vos Deus!
Apressai-vos, amado
e tratai de andar.
Questionário
- Lê atentamente os dois textos e responde de forma concisa às seguintes questões:
1. O texto A é uma cantiga de amigo ou uma cantiga de amor?
1.1. Indica duas marcas justificativas da tua opção.
2. Tendo em conta as funções da linguagem, aponta as funções predominantes, justificando.
3. Explicita o tema desta composição.
4. Compara as duas primeiras estrofes dos textos A e B e indica os vocábulos que foram alterados ou substituídos.
4.1. Como é que costumas designar os segundos?
5. Define o que entendes por estudo diacrónico da língua.
GRUPO I
Texto
A
- Ai madr', o que me namorou
foi-se noutro dia daqui
e, por Deus, que faremos i?
Ca namorada me leixou.
- Filha,
fazed'end'o melhor:
pois vos seu
amor enganou,
que o engane
voss'amor.
- Ca me nom sei [i] conselhar,
mia madre, se Deus mi perdom.
- Dized', ai filha, por que nom?
Quero-me vo-lo eu mostrar:
filha,
fazed'end'o melhor:
pois vos seu
amor enganou,
que o engane
voss'amor.
Que o recebades mui bem,
filha, quand'ante vós veer,
e todo quanto vos disser
outorgade-lho e, por en,
filha,
fazed'end'o melhor:
pois vos seu
amor enganou,
que o engane
voss'amor.
Pero da Ponte
1.
Determina a relação de interlocução
nesta cantiga.
2.
Do que é que o sujeito lírico se queixa?
3.
Qual é o conselho dado pelo
interlocutor?
4.
Explica a razão da indecisão da “amiga”.
5.
Transcreve cinco palavras que sejam
próprias do português antigo.
6. Faz
a análise da estrutura formal desta cantiga de amigo (estrofes, métrica, rima,
refrão).
B
Entregamo-nos
com razão a salvar toda a espécie de aves, de insetos, de árvores, de plantas,
de criaturas grandes e pequenas, ameaçadas de desaparição, ainda que bem vivas.
Raras
são as pessoas emocionadas pela desaparição das palavras. No entanto, elas
estão mais próximas de nós do que qualquer coleóptero. Estão na nossa cabeça,
diante dos nossos olhos, na ponte da língua, nos nossos livros, na nossa
memória.
Bernard
Pivot
1. Do
teu ponto de vista, e considerando que a língua é essencial à construção da
identidade de cada um de nós, explica se concordas ou discordas de Bernard
Pivot. (No
máximo, 10 linhas.)
GRUPO
II
A - CANAL (Verbete
do Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora):1 passagem natural ou artificial de águas 2 comunicação estreita entre dois mares
(estreito) 3 braço de rio por onde
se desviam águas 4 cano; tubo 5 mecanismo que permite, em processo de
comunicação, a transmissão da mensagem do emissor para o recetor 6 faixa de frequência de determinada
estação de rádio, de televisão 7
estação de rádio ou televisão 8
cavidade mais ou menos estreita e alongada, por onde passam ou onde se alojam
certas substâncias, nervos, vasos, etc., num organismo, como canal lacrimal,
canal excretor, canal raquidiano, etc.9
meio, via 10 intermediário.
1. Quantas
aceções da palavra «canal» encontras nesta entrada de dicionário?
2. Qual
é o sentido comum entre as diferentes aceções?
3. Indica
se, para cada par de frases (A a C), a afirmação é verdadeira (V) ou (F).
AFIRMAÇÃO: «As palavras sublinhadas têm o
mesmo sentido nas duas frases.»
A |
Morreu,
esta quinta-feira, o jornalista da RTP Rui Tovar, um dos mais conhecidos
rostos do desporto do canal público de televisão. Jornal de Notícias,
03.07.2014 |
As
obras de ampliação do Canal do Panamá, o "atalho" que desde
1913 liga o oceano Atlântico ao Pacífico, chegaram finalmente ao fim e a
versão agora remodelada foi inaugurada este domingo. (26.06.2016) |
B |
O nervo é comprimido
dentro do túnel cárpico, um canal ósseo no lado da palma do pulso que
fornece a passagem para o nervo mediano à mão. |
O canal
lacrimal comunica a superfície ocular com o nariz e é por este canal que
a maior parte da lágrima é drenada. |
C |
Coreia do Norte
anuncia que fecha seu único canal diplomático com EUA. (11.07,2016) |
Esteiro
é um canal pouco profundo de fundo lodoso que enche e alaga com a maré. |
4.
Nos enunciados anteriores, a palavra
sublinhada é monossémica ou polissémica?
a.
E integra o mesmo campo …………………………….
B- A
palavra exata.
Lista de palavras: insólito, limitado, estrangeirado,
deturpado, pouco cuidado, usual, pouco vulgar, pomposo, ambíguo, requintado, correcto,
com pessoalismos, vazio, monologal, figurado, aberto, fechado, obsceno.
Escolhe, pelo menos,
três termos (ou locuções) que sejam adequados à definição de cada nível de
língua:
Níveis de língua |
Léxico |
Língua popular |
|
Língua familiar |
|
Língua comum |
|
Língua culta |
|
Língua oratória |
|
Língua técnico-científica |
|
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