16.11.17

Um sorriso...

Há situações que nos exigem um tal domínio das emoções que a razão se torna rude para além daquilo que a regra social exige.
A tensão sobe ao ponto de se derramar sem controlo.
Há, no entanto, ao anoitecer, um sorriso que tudo compensa. E há, sobretudo, a esperança...
(...)
Para trás, fica o estacionamento a céu aberto,  a 1 euro / hora, numa avenida que dizem ser espanhola... e talvez venha a ficar a indiferença médica dos últimos quinze anos...
O que não fica para trás, são os conselhos de quem há muito percebera que o acompanhamento médico não seria o mais adequado.

15.11.17

A falha

A luta vai solene.
O ministro hospitalizado não foi preparado para a batalha...
A mim falta-me o espírito corporativo e a genica paroquial. 

A leitura global diz-me que a luta é justa, mas que o país está cada vez mais desigual. E assim irá continuar, apesar das pequeníssimas vitórias de Pirro.

Entretanto, por aqui, depois dos incêndios, a seca... Já só falta a neve! 

13.11.17

Não abdicar

Não recuar.
Não aceitar.
Não pactuar.

Se cair, levantar-se e continuar a andar.
Andar sempre, mesmo se a sombra alastrar.

Não esperar o barqueiro sombrio...nem entrar no rio triste.
Não abdicar
                   da razão a troco de uma qualquer verdade.

12.11.17

Um psicopata escreve o quê?

Um psicopata não assumido escreve sobre o quê?
Em primeiro lugar, há psicopatas que simplesmente não escrevem, embora falem pelos cotovelos sobre tudo o que imaginam ser a realidade (deles), porque a dos outros, essa não existe.
Depois há os psicopatas cuja escrita é o depósito de todos os rancores e de todas as invejas - escolhem um alvo, viram-no do avesso e não descansam enquanto a caricatura não assoma ao canto da página. Há até quem vá ao ponto de caricaturar Deus, esse invisível e indizível ser que assombra a mente das criaturas e, em particular, dos psicopatas... nestes sob a máscara do Diabo.
Há também aqueles psicopatas que, de tão livres, eliminam todo o tipo de censura, porque estão convencidos de que a verdade vive oculta para lá da consciência e dos padrões de cultura, caindo assim numa escrita automática que lhes traz de volta a dignidade, para não dizer a divindade... ( Já estou a ver os dadaístas e todos os divinos surrealistas!) 
Em conclusão, ainda não é hoje que abro a torneira até porque se o fizesse corria o risco de desatar abraçar tudo quanto mexesse... mas a razão diz-me "comporta-te, homem, não é porque tiveste um pai e um padrinho austeros que vais agora inundar o país de afetos, mesmo se o teu mandato é de seca - ou uma seca..."

10.11.17

Os psicopatas gostam de escrever

«Os psicopatas denunciam mais facilmente o seu delírio, escrevendo do que falandoLuís Cebola, Psiquiatria Clínica e Forense, pág. 146


Para demonstrar o carácter esquizofrénico da obra de Fernando Pessoa, o monárquico Mário Saraiva (O Caso Clínico...) arranca este argumento às páginas de Luís Cebola, só que basta uma consulta do verbete da Wikipédia para deduzir que dificilmente o antigo diretor clínico da Casa do Telhal (1911-1948) subscreveria a ideia de que Fernando Pessoa fosse um psicopata...

De qualquer modo, fico avisado. Vou escrever cada vez menos. Se não cumprir é porque a psicopatia tomou conta da mim... Ainda se escrevesse alguma coisa que se aproveitasse!

9.11.17

Relíquias

Nem crucifixo, nem presidente do conselho, nem presidente da república...
Apenas uma secretária e um estrado devorados pelo caruncho... até a cadeira foi substituída... relíquias...
Ora relíquias só nas igrejas e nem em todas!
Apenas um argumento em defesa da preservação do mobiliário acarinhado pelo Estado Novo: quando subo ao estrado,  a minha visão torna-se mais abrangente e mais disciplinadora, para não dizer autoritária... a nostalgia da cátedra...

8.11.17

O essencial

«O essencial é saber ver; 
Saber ver sem estar a pensar;
Saber ver quando se vê.
E nem sequer pensar quando se vê,
Nem ver quando se pensa.»
 Alberto Caeiro


Espero que ninguém se tenha precipitado e concluído que eu possa considerar Fernando Pessoa como um bluff.
Se assim fosse, nós também o seríamos, porque, no essencial, o homem pessoano é uma representação perfeita da deriva a que o homem do século XX se viu condenado ao querer romper com a velha ordem, muito por força do progresso científico e tecnológico...
Há, por seu turno, uma outra questão que mereceria ser analisada: o impacto da poesia de Fernando Pessoa na formação pessoal dos adolescentes.