16.6.13

Não vá o coração estoirar de cansado

Com tanto saber, tanta convição e certeza à minha volta, mais vale ficar calado não vá o coração estoirar de cansado.
Entretanto, apoquenta-me que um ministro, na véspera de uma greve nacional, não seja capaz de sentar todos os sindicatos à volta da mesma mesa, preferindo esticar a corda na expectativa de sair vencedor de um jogo em que, na verdade, quem perde são os alunos...
(...)
As conversações deixaram de ter fio condutor, ou, em alternativa, cada interlocutor segue o seu. Que sentido faz haver, pelo menos, nove sindicatos para representar os professores? Basta olhar para a forma para perceber a ineficácia organizacional!
Por outro lado, o silêncio dos alunos também me incomoda! Tão ávidos dos seus direitos, desta vez parece que abdicaram de erguer a voz... e não me venham dizer que este tipo de silêncio é solidário.
(...)
O ponto em que nos encontramos mais não é do que o indicador da degradação do sistema educativo que paulatinamente foi destruindo e/ou marginalizando a inteligência.
 

15.6.13

Contra o dictat de um iluminado

Milhares de professores desceram do Marquês de Pombal à Praça dos Restauradores, vindos de todo o país para dizer NÃO! Fizeram-no a um sábado depois de terem passado uma semana à espera que o ministro Crato decidisse dar início a um diálogo rigoroso e sério – adiaram as reuniões de avaliação dos seus alunos, cientes do prejuízo para a comunidade educativa,  e preparam-se para fazer greve aos exames no dia 17. No íntimo, nenhum destes professores quererá fazer esta greve! No entanto, muitos acreditam que este é o caminho para fazer estancar a política de terra queimada em curso…
(Infelizmente, eu temo que o problema seja mais profundo e mais global: o neoliberalismo vai lançando um pouco por toda a parte as sementes que conduzirão a uma guerra sem quartel. O que, no meu entendimento, nos obriga a procurar outras armas – as da inteligência – para desmontar o discurso obscurantista dominante. Por isso, não estou tão seguro de que a greve aos exames seja o argumento mais lúcido no combate que nos espera…)
Entretanto, seria bom que o ministro Crato abandonasse a estratégia divisionista que tem seguido até ao momento. Em matéria de educação, desde o início da legislatura, que temos assistido ao dictat de um iluminado que faz faz tábua rasa da experiência acumulada. É  como se antes de ele nada mais houvesse do que o caos!

14.6.13

Muda-se a lei...

Sobre a greve aos exames, Passos Coelho dixit: Muda-se a lei e o problema fica resolvido!
Os tiques de autoritarismo do governante deveriam ser combatidos com um simples slogan: Muda-se o Passos e o problema fica resolvido! Mas não! Sobre o assunto, o Seguro não se pronuncia, limita-se a apelar ao consenso.
 
Contra o autoritarismo e o oportunismo, irei participar na manifestação de amanhã, 15 de Junho. Será a 2ª vez que o faço desde abril de 1974. Em 1974, o motivo da minha participação foi de aplauso, amanhã será de rejeição. 
A partir de 2ª feira, deixarei de fazer greve, e tomo esta decisão porque não possa pactuar com a vacuidade das ideias (das soluções) ou com qualquer forma de messianismo, seja ele de direita ou de esquerda.     

13.6.13

A dieta e a política

Gosto do cartaz! O futuro ex-presidente, entroncado e pujante, faz avançar o delfim, um pouco mais magro, mas que já partilha a gravata e o alfaiate…Um dia partilhará a gordura, mas sem sinal de colesterol ou de triglicerídeos. É uma gordura fina, porcina… mas nobre!

E não posso deixar de me sentir confiante: nenhum deles passou fome até ao momento! Eu aprecio um autarca rotundo à entrada de uma qualquer rotunda. É sinal de prosperidade!

Entretanto, quando olho para o Borges, para o Passos, para o António Saraiva…, preocupa-me aquela magreza. Será da dedicação à causa pública? Estarão doentes? Ou também haverá uma magreza fina!  

E, finalmente, não consigo enquadrar nem o Cavaco nem o Gaspar! Lembram-me o Salazar! Chova ou faça sol, estão sempre na mesma…

12.6.13

Sobressaltos

Hoje bem poderia nada escrever! No entanto, vou dar conta de situações que me perturbam:
a) Na Grécia, o Governo manda encerrar o serviço público de televisão e de rádio porque custaria 100 milhões de euros aos contribuintes. A Comissão europeia, entretanto, sacode a água do capote, mas a Troika está no terreno. Em Portugal, o ministro Maduro esclarece que, quanto à rádio e televisão públicas, não corremos qualquer risco. Que se saiba a Troika chega mais tarde a Portugal!
b) Em Estrasburgo, o Presidente Cavaco disserta sobre a situação portuguesa com clareza, mas também com a certeza de que o nosso destino está nas mãos da Alemanha. Ali, em Estrasburgo, os motores da economia deixaram de ser a agricultura e o turismo.
c) Em Santarém, deliciados com as primícias, os bovinos, os caprinos, sem esquecer os ovídeos, os láparos e os porcinos, Coelho e Cristas percorrem a Feira da Agricultura.  Algo assombrava, contudo o primeiro ministro: uma qualquer comissão arbitral ousou contrariar a vontade do ministro Crato.
d) Um Despacho normativo sobre a organização escolar 2013-2014 continua à espera de publicação oficial. É constituído por 29 páginas. Há lá matéria que vale a pena ser debatida e considerada, mas ninguém quer saber disso!
e) Em matéria de avaliação externa, há tal confusão que os Diretores de certos Agrupamentos de escolas se permitem fazer tábua rasa de procedimentos e de prazos definidos em decretos regulamentares.
(...)
 
 
 

11.6.13

Em greve...

Como o governo neoliberal do senhor Borges tudo quer privatizar em troca de empréstimos que só servem para destruir os povos, vejo-me obrigado a entrar em greve.
Não sou de aqueles que pensam que a culpa é do Sócrates, do Cavaco, do Coelho ou do Gaspar. Eu penso que a responsabilidade é da doutrina neoliberal que, depois de ter destruído a América Latina e a Europa Central e do Leste, decidiu destruir parte da Europa Ocidental.
Custa-me até aceitar que, neste contexto de greve às avaliações, haja dirigentes que olhem esperançadamente para S. Bento ou para Belém. Esses dirigentes sabem perfeitamente que os Passos e os Cavacos por mais promessas que façam estão de mão atadas, tal como todos nós!
Eu, por exemplo, estou em greve e, ao mesmo tempo, passei todas estas horas a preencher o anexo II da avaliação externa de dois docentes. Isto é, estou em greve e ao mesmo tempo ao serviço de um patrão que aluga gratuitamente os meus serviços, porque sabe que nunca os pagará.
Esta é a essência do neoliberalismo que, caso os meus serviços valessem alguma coisa, estaria disposto a vendê-los a um país "amigo".
No final, estaremos todos mais pobres e os "amigos" bastante mais ricos!   

10.6.13

Este é o dia da situação

Este é o dia em que não citarei Camões nem qualquer outro poeta ou prosador. 'Citação' e 'situação' confundem-se e estão nas praças para celebrar um outro povo que não este!
Este é o dia em que poderosos e incógnitos assessores percorrem à pressa as estantes à procura dos versos que melhor dão conta da glória passada e da prosápia presente.
Este é o dia em que o presidente não deixará de citar os ilustres e incógnitos assessores porque a legitimação da situação assim lhe convém.