20.12.15

O pai natal

Por estes dias, o que me apetece é uma choupana bem longe de qualquer pai natal e da azáfama que ele supostamente traz consigo.
Supostamente, porque o próprio pai natal é uma produção da má-consciência que rege as relações humanas.
Os presentes da quadra não fazem esquecer a pobreza em que milhões vivem  por culpa da plutocracia crapulosa que todos os dias está cada vez mais rica.
De facto, se o pai natal é produto da má-consciência,ele não deixa de ser uma forma poderosa de alimentar os plutocratas... que, encerrada a quadra, acabam a confessar que o natal já não é o que era... embora não se estejam a referir ao nascimento do menino Jesus...

19.12.15

O Chiado de hoje

Ir ao Largo de Camões na quadra natalícia é um pesadelo. Primeiramente, porque é quase impossível estacionar, e isto sem falar no custo do estacionamento. Depois, porque parece que o mundo desabou entre o Largo do Chiado e o Rossio. A Rua Garrett  faz lembrar o Tejo em dia de cheia, neste caso, humana: - um rebanho desce e outro sobe, tirando fotos a tudo o que se move ou reluz; são milhares de fotos por hora partilhadas no instante.
O Chiado de hoje é exótico nas línguas e nas roupas, sem esquecer a diversidade de "atuações" que decorrem um pouco por toda a parte, na procura de uma recompensa imediata que garanta a sobrevivência diária - ricos e pobres, idosos e jovens misturam-se, acotovelam-se em tangentes de equilíbrio precário.
Do comércio nem vale a pena falar, pois não sei se vende, a verdade, no entanto, é que as lojas ( as boutiques) se encontram repletas de mirones...
Também a Basílica dos Mártires estava repleta de ouvidos atentos ao concerto que ia decorrendo ou seria uma animada celebração litúrgica? Entrei e, por momentos, senti-me lá bem... 

18.12.15

Os novos Programas de Português e de Matemática

Conferir pautas de avaliação pode parecer um ato burocrático aborrecido e inútil,  no entanto, durante a tarde de hoje, fiquei com a noção de que os novos programas de Português e de Matemática não devem ter sido pensados para os atuais alunos do 10º ano de escolaridade - os resultados por eles obtidos são catastróficos.
Pode ser que esta situação de insucesso seja local, mas estou convencido que se o Ministério da Educação fizesse uma análise nacional das classificações deste 1º Período, rapidamente se veria forçado a suspender os Programas que entraram em vigor em 2015-2016.
Para bem de todos, espero estar enganado...

17.12.15

O melhor é ter à mão um dicionário

Não sei se a responsabilidade deve ser atribuída ao método global, a verdade é que querer ler sem conhecer o significado de cada termo só pode dar em asneira. 
Não se trata já de juntar letras ou juntar sílabas, mas, sim, de encadear palavras, conhecido o significado possível determinado pelo contexto ou pela necessidade de nomeação. 
Como um todo, devemos encarar a frase ou, melhor, o enunciado, porém fazê-lo, pondo de parte o significado, só terá algum sentido se o objetivo for procurar a harmonia / desarmonia...
Admitindo que este último não é o objetivo primeiro do ato de ler, então o melhor é ter à mão um Dicionário...

(Vem isto a propósito do empobrecimento lexical que vai crescendo um pouco por toda a parte e, em particular, nas nossas escolas.)

16.12.15

A sageza

«Quando chegares ao cimo de uma montanha, continua a subir.» Ditado Zen

Agora que cheguei à página 79 de Os Vagabundos da Verdade, de Jack Kerouac, começo a pensar que a minha primeira reação ao romance Os Subterrâneos deve ter sido excessiva...

A sageza só é possível se sairmos dos círculos académicos, citadinos, burgueses... e mergulharmos intensamente na natureza, experimento-a até ao limite das nossas forças. Se esta for a via, o conhecimento só será útil se colocado ao serviço da interação do sujeito com o cosmos.  

15.12.15

A política e a moral de José Sócrates

Apesar de, em fundo, José Sócrates atacar ininterruptamente tudo e todos, à exceção do Amigo, hoje estou sem tema, embora pudesse aqui rever a cordata e avisada conversa que tive com um colega que me habituara a considerar um pouco espalhafatoso e excessivo... o que me leva a pensar que, frequentemente, não ouvimos com a devida atenção aqueles que são nossos companheiros de profissão...
Quanto a José Sócrates, continuo sem entender o "processo". Gostaria, no entanto, que as televisões dessem ao Amigo a possibilidade de explicar o seu papel em toda esta trama...
Ao contrário do meu colega que reconhece que a cortesia é fundamental mesmo quando a divergência é total, José Sócrates declarou para quem o quis ouvir que a moral é uma questão privada que não deve interferir na ação política...
Talvez seja por partilhar este princípio "socrático" que o Amigo continua em silêncio - não quer confundir a sua vida privada com a vida pública do "animal político"...

14.12.15

Sete Cavalos na Berlinda


Significado de Berlinda
s.f. Carro hipomóvel, de quatro rodas, suspenso entre dois varais, recoberto de uma capota.
Maquineta para o transporte de imagens de santos.
Estar na berlinda, ouvir, nos jogos de prendas, a enumeração de seus defeitos ou qualidades.
P. ext. Ser alvo, durante certo tempo, de censuras ou motejos; ser o assunto do dia.
                                                                          (Dicionário online de Português)

SETE CAVALOS NA BERLINDA é uma história escrita por Sidónio Muralha (1920-1982) e ilustrada por Márcia Széliga, em que o primeiro decidiu pôr na berlinda os sete cavalos que fugiram da berlinda do Senhor Agapito.
O exemplar que me chegou às mãos é editado pela Global Editora, o qual, apesar da sua brevidade, é capaz de provocar a boa disposição de qualquer adulto e, sobretudo, de pôr a pequenada a sonhar e a imaginar novas situações igualmente fantásticas...e parece adequado à quadra que atravessamos.