13.5.16

Três bispos

O corredor espelha
o bispo vermelho
das baionetas francesas

(querubins
penam sem fim)

um dia o falcão partiria para beja
outro dia outro campos partira
e morrera gaseado
na banheira da nazaré...

no encerado derrama-se ainda a púrpura
da cerejeira estéril...

e deixaram-me assim...

12.5.16

Encontro com o escritor Mário de Carvalho


Hoje, 12 de maio de 2016, pelas 10 horas, a convite da professora bibliotecária, Maria Teresa Saborida, três turmas receberam o escritor Mário de Carvalho. 
Feita a apresentação do convidado, a turma de Latim, da professora Rosa Costa, expôs, através de um «power point», o resultado da pesquisa efetuada na obra "Quatrocentos Mil Sestércios" (1991) sobre as referências de origem latina, em termos lexicais (toponímia e onomástica) e culturais (rituais domésticos e espaços familiares e sociais).
Deste estudo fica a ideia de que escrever é uma atividade que exige trabalho porfiado, pois, como Mário de Carvalho confirmou, «o escritor tem obrigações para com o seu leitor». Afinal, só compreendemos o presente se lhe conhecermos as raízes!
Questionado pela moderadora sobre a 'qualidade' do tempo que viveu no Liceu Camões, quando, aqui, frequentou o último ciclo do ensino liceal, Mário de Carvalho revelou que esse período correspondeu a uma experiência complexa, pois se encetou relações de amizade com colegas que se distinguiram ( e distinguem) em importantes áreas da vida portuguesa, também descobriu, de forma dolorosa, como é que se asfixiava o anseio democrático...
Quanto à preparação da sua escrita, Mário de Carvalho frisou a importância que dá à observação do quotidiano e a tudo o que vai acontecendo no mundo em que vivemos. Contrariando o senso comum, para o autor, escrever é um trabalho árduo que não admite anacronismos e que deve acrescentar e não repetir - revelando, a propósito, que continua fiel ao labor e ao rigor de Flaubert.
Num apontamento centrado na obra "Quem disser o contrário é porque tem razão" (2014), foi visível a importância que Mário de Carvalho atribui a este "Guia prático de escrita de ficção", numa época em que a escrita parece resumir-se a uma «falange hegemónica de prescrições, conceitos e juízos primários (...) a chavões e estereótipos» arrancados ao 'senso comum' (e não ao 'bom senso') e à 'sabedoria das nações'...
Por fim, sintetizando o modo como o escritor se dirigiu a quem aprecia o oficio da escrita, esta breve nota, do muito que ficou por dizer, termina com um conselho:
«O ponto é que se identifique e conheça o que se está a rejeitar, ou que isso tenha, que mais não seja, razoáveis possibilidades de existir, pelo menos nos seus contornos. Porque, às vezes, o arroubo de protesto também grita as palavras da fantasia ou da irrelevância.» op. cit., pág. 33, Porto editora.

Da fantasia e da irrelevância...

11.5.16

Nenhum Rodrigues aceitaria o papel de títere

Tem sido difícil escapar à chuva nestes últimos meses e, pelo andar da carruagem, também não vai ser fácil evitar as notícias sobre o 'ministro da educação". 
Cansado do Crato, prometera a mim próprio não me ocupar do Tiago Rodrigues, porque não sei quem é: falta-me o tempo para lhe investigar o pensamento sobre a arquitetura do sistema educativo e os valores que o devem orientar... 
Cada vez que rebenta um caso, sinto-me desorientado, pois não descortino uma estratégia; apenas, um número avulso... 
Dizem-me que o ministro não passa de uma máscara. Não acredito. Nenhum Rodrigues aceitaria o papel de títere. Consta que o velho bonequeiro é quem manda na "educação" em Portugal. Prefiro não acreditar.

Talvez por me ver em silêncio e um pouco amargurado, um colega aposentado, mas apostado na reposição da memória do passado, ofereceu-me um texto de António Carlos Cortez, «Aos alunos portugueses e ao  actual ministro da Educação», Público, 11 de maio de 2016, pág. 44.
O artigo, não sei bem como classificar  o referido texto, ocupa uma página inteira. (Parece estar na moda oferecer páginas inteiras a certos colaboradores!) E também não sei o que é que o ministro da Educação poderá aproveitar de tal contributo: a ideologia do divertimento;  a política da língua; a memória histórico-literária; o acordo ortográfico; o regresso da Literatura; a dignificação da classe docente; a avaliação; a formação; o fastio discente; a náusea docente ...


10.5.16

Aborreço-me sempre que medram para mim

Leio, mas aborreço-me sempre que alguém escreve sobre outrem sem lhe conhecer a obra. 
O que quero dizer é que conhecer a obra de outrem é muito mais do que ler umas recensões críticas, um artigo de um académico, sem esquecer a "prosa " veiculada pela web...

Aborreço-me sempre que me dizem que leram uma obra, mas dela nada conhecem... 
Aborreço-me sempre que medram para mim para dizer que um qualquer autor é desprezível só porque lhes promete trabalho.... 

O trabalho, por exemplo, de consultar um dicionário... O trabalho, por exemplo, de conhecer o léxico específico de uma profissão. Até a abulia e a ociosidade deveriam merecer mais atenção...

Aborrece-me a displicência e a negligência e, em particular, aborrece-me o ar empinado de certas criaturas que para tudo têm uma opinião definitiva.
  

9.5.16

Sr. Alberto Gonçalves, "ao ponto da obesidade"?

O sociólogo Alberto Gonçalves celebrou o 1º de Maio com um exemplo da sua ciência:

«Fernando Rosas é um homem notável. Em décadas de carreira política, nunca lhe descobri uma opinião favorável à liberdade, à democracia e ao progresso, embora encha sempre a boca com esses vocábulos ao ponto da obesidade (...) O Dr. Rosas não serve para coisa nenhuma, excepto de exemplo a fugir.» DN, 8 de Maio de 2016

Não é que eu seja um seguidor de Fernando Rosas, custa-me, no entanto que ele seja tão maltratado por quem não tem o cuidado de definir o que entende por "liberdade", "democracia" e "progresso"... Apesar de tudo sabemos que para Fernando Rosas a liberdade é a dos ´´povos, a democracia é ´popular' e o progresso 'social'´... Fernando Rosas é um daqueles indivíduos que está sempre pronto a combater o Antigo Regime onde quer que ele renasça...
Podemos não concordar com ele, mas o Doutor Rosas explica com clareza o que pensa e não atropela a língua portuguesa, como acontece com o Sr. Gonçalves que, se não se cuida, acaba por se empanturrar com os seus próprios dislates linguísticos. 
- Ao ponto da obesidade, Sr. Gonçalves?

8.5.16

O oriente do ocidente

Museu do Oriente
Museu do Oriente
Hoje fui visitar o Museu do Oriente, em Lisboa... Inaugurado há 8 anos, este museu traz a muitos que nunca foram ao Oriente alguns dos traços culturais que nos distinguem. 
Gostei do que vi ( exposições) e do que ouvi  ( música do norte da Índia), mas não resisto a perguntar: Por onde é que andam os milhares de orientais que hoje residem em Lisboa?

Enquanto não obtiver resposta, vou perscrutar o centro da terra com a curiosidade do felino que procura libertar-se da serenidade oriental...

7.5.16

A Microsoft mentiu

O sistema operativo Windows 10 da Microsoft, instalado em cerca de 300 milhões de dispositivos, vai deixar de ser grátis.

Os sistemas anteriores descontinuados, o que é que sobra ao utilizador? PAGAR...
E se desligássemos os computadores e restantes gadgets durante uma semana?

Primeiro acena-se com a cenoura...