23.6.17

Só a Hora conta!

«O tempo já não é um rio, mas uma coleção de pântanos e de tanques de água.» Zygmunt Bauman, A Vida Fragmentada.

Somos, assim, ramos soltos, bastando-nos a nós próprios. (Nesta linha de pensamento o "nós" é excessivo, pois tudo flui singular, solitariamente.)
Entretanto, o tronco liquefez-se, deixando o Vagabundo do Momento, sem passado nem futuro, sem responsabilidade nem arrependimento, imoral e apolítico...
Só a Hora conta! 

22.6.17

Os "próximos dias" do ME

O Instituto de Avaliação Educativa (IAVE) remeteu para os “próximos dias” esclarecimentos sobre a possível fuga de informação relativo ao exame nacional de Português, e invoca o segredo de justiça para não avançar informações sobre o processo judicial.
http://lifestyle.sapo.pt/familia/noticias-familia/artigos/iave-remete-para-proximos-dias-esclarecimentos-sobre-exame-nacional-de-português

Quanto aos meus dias, vou ocupá-los a classificar 55 provas, à espera que o pós-moderno ministro da Educação continue a considerar que, nestas coisas, o tempo se mantém instável... o dele e o nosso. É tudo efémero e possível, até o compromisso... 

21.6.17

Pensar devagarinho

Para além da prova 639 aplicada, há mais duas no cofre. 
Face à informação que circula na imprensa e nas redes sociais, o Ministério da Educação já teve tempo de conferir o conteúdo de cada uma das provas e de emitir uma nota que esclareça a situação.
Mas não! Está à espera do resultado da investigação externa. 
Quanto ao mujimbo, ele continua a dar a volta ao país...
Eu, por mim, vou "trancando", a vermelho, os espaços deixados em branco pelos examinandos.
Só tenha pena de não poder "trancar" quem está a deixar prolongar a situação.

E se voltássemos a pensar

Este ano, os professores classificadores de Português foram convocados antes da realização da respetiva prova e, surpreendentemente, receberam as provas dos alunos um dia mais cedo, o que terá obrigado a um esforço logístico acrescido... Quando queremos, somos capazes!
Porquê? A resposta é simples: o levantamento das provas coincidia com a data da greve de professores - hoje, 21 de junho de 2017.
(...)

De nos deixarmos ir e viver pela Terra
E levar ao colo pelas Estações contentes
E deixar que o vento cante para adormecermos,
E não termos sonhos no nosso sono.

Versos de Alberto Caeiro, o Poeta que pensava, mas que dizia que não, apenas imitava a Natureza.  Basta ouvir os camponeses da Beira Interior para saber que a Terra nem sempre é a Casa que nos protege, por mais que o pretendamos... e que o canto do Vento pode ser mortífero...

(...) 

Voltei a vigiar uma prova de Filosofia e fiquei estarrecido - ou já não há filósofos ou estes deixaram de pensar ou, então, o vento suão varreu-os...

20.6.17

Por mais que arda

Por mais que arda, sinto que há quem se esteja marimbando... Há um claro desrespeito pela dor.
No Parlamento, continuam as querelas que impedem a reformulação da política florestal e de combate aos incêndios.
No Governo, temos três ou quatro ministros com visões sectoriais.
Ontem, um ministro mostrou-se aborrecido com a jornalista que lhe fazia perguntas sobre a questão global - ele fora convidado para responder sobre o seu pelouro...
Um antigo primeiro-ministro nada tem a dizer, pois a culpa é anterior e posterior à sua ação governativa.
Os sindicatos da área da educação continuam a sua luta, alheios ao problema nacional.
Por mais que arda...

19.6.17

Vivemos da imagem

«O mistério (e o Outro é um mistério) é um enigma excitante, mas tendemos a cansar-nos desta excitação. " E assim criamos para nós próprios uma imagem. Trata-se de um ato de desamor, da traição." Criar uma imagem do Outro leva à substituição da imagem ao Outro: o Outro torna-se doravante fixo - em termos tranquilizadores e reconfortantes. Já nada de excitante existe em ligação com ele...» Zygmunt Bauman, in A Vida Fragmentada, cita Max Frisch, Sketchbook 1946-1949.

Nas imagens não nos narcisamos apenas. Também as criamos para nos desresponsabilizarmos  do Outro. Para objetivizar o Outro.
E são milhões as imagens!
É como se tivéssemos desistido do futuro!

18.6.17

Quando algo corre mal

Quando algo corre mal, há sempre um coro a pedir a demissão do ministro da tutela. É pena!
Melhor seria que fossem apuradas responsabilidades  e punidos todos os que, de algum modo, tivessem contribuído para o desastre.
Se este princípio fosse aplicado, Portugal seria um país bem mais rico e, sobretudo, soberano.