29.7.17

Rob e Alice, dois robôs livres

Investigadores do departamento de Inteligência Artificial do Facebook criaram um algoritmo próprio que permitiu a dois robôs, “Rob” e “Alice”, conversarem livremente, a fim de aprimorar as suas capacidades.
Contudo, os robôs desviaram-se da linguagem desenvolvida pelos especialistas, tendo iniciado uma conversa entre eles de forma “autónoma”, noticia o The Next Web.

Não é que me sinta posto em causa, pois já desconfiava que a autonomia de certos indivíduos humanos resultava de atos de desobediência, como a mitologia destaca destes tempos remotos.
O ser humano tal como imaginamos conhecê-lo, apesar de poder escolher o rumo, ao apostar no desenvolvimento tecnológico, escolheu o caminho da sua própria extinção...
Rob e Alice, a esta hora, já devem estar a pensar em multiplicarem-se...

Obras no Parque Eduardo VII


Em pleno Verão, obras encomendadas pela autarquia lisboeta. Quem ganha? Quem perde? Do ponto de vista da restauração, a resposta parece estar à vida. Ou será que não devemos confiar no que vemos?

Entretanto, os patos e os cisnes migraram. Para o Jardim Amália Rodrigues não terá sido, a não ser que se tenham metamorfoseado...

28.7.17

A caruma continua a arder

Hoje é sexta-feira. Leio o Diário de Manuel Laranjeira.
Duas figuras emergem, a Augusta e o Miguel Unamuno - a tragédia de uma entrega sem sentido. Tudo querer sentir, tudo querer compreender e não haver esperança... e não aceitar. Ao contrário do Autor, que vê na morte a solução, que só será problema para os vivos:

«Morrer não custa. O que é trágico, o que é horrível, é ver secarem-se as raízes que nos prendem à terra. Não são os outros que morrem: é uma porção de nós mesmos.»
         Carta a Miguel Unamuno, datada de 24 de Agosto, 1908.

Hoje é sexta-feira. A caruma continua a arder...  a chuva lá longe, na Alemanha.

26.7.17

Por respeito à época

Agora me dou conta que, nesta altura do ano, será de mau gosto seguir um blogue que se apresenta como "caruma"...
Só que é um pouco tarde para mudar de nome. Por respeito à época e, sobretudo, à falta de planeamento florestal, vou reduzir a atividade até que a chuva cumpra o seu destino...

25.7.17

Coisas do céu

O Homem deve ter 73 anos. Nasceu no concelho de  Mafra e revela ódio profundo por certas figuras que cresceram e se impuseram por lá - em particular, um padre vermelho, um sinistro dos santos e um famoso oleiro, informador da PIDE...
Descrente dos homens, em particular dos militares de abril e dos políticos, só lhe interessam a praia, o oceano, o cosmos e, consequentemente, as leis que regem este último, afirmando-se capaz de as ler em cada um de nós, a partir da respetiva hora de nascimento...
Quanto a mim, disse-me, de imediato, que o meu período mais produtivo é a manhã, algo que, no entanto, não devo confundir com o tempo, pois este só existe no calendário... ideia que eu quis partilhar, mas que ele me recusou, porque me falta passar pelo ritual de iniciação necessário à compreensão das "coisas do céu"...
E a conversa fortuita, ao balcão de um café, começou do seguinte modo: "O senhor é professor de Português, deveria ensinar estes jornalistas a falar..."
O problema é que temo que o encontro ainda não tenha terminado...

23.7.17

Não sei o que se passa

Não sei o que se passa,
não tenho nada a acrescentar.
Só me apetece recuar,
mas vivo num círculo.

Cada um de per si,
e eu sem mim.
Perguntaram-me "quem cuida de ti"?
(Estranha pergunta!)

Não sei porquê,
lembro-me agora do José Gomes Ferreira à porta do Tivoli,
uma nota de vinte escudos, presa no forro do casaco...
O Poeta desprendera-se do quotidiano,
alguém continuava a cuidar dele,
não fosse o guarda prendê-lo pelo motivo errado...
E o Zé desatava a subir a Avenida até que ela morresse no Monte Carlo...

Não sei o que se passa,
já estou a confundir o Militante com o Abelaira.

- O que é feito deles?
Saíram do círculo, e não regressaram...

22.7.17

Uma cidade provinciana



Lisboa lembra-me a aldeia, onde ricos e pobres se vão arrumando, alheios ao conjunto. 

Até o Palácio da Ajuda parece ter caído num descampado que, aos poucos, foi sendo ocupado ao gosto de migrantes de reduzidos haveres.


Nem a escola republicana os consegue juntar, apesar do esforço dos petizes...