15.12.18

Não sobra nada!

Os franceses queixam-se de que no fim do mês não sobra nada, embora, pelo noticiado português, me fique a dúvida se os coletes amarelos não serão quase todos portugueses com uma particularidade - não falam nem português nem francês…
Parece que os franceses estavam habituados a que sobrasse alguma coisa no fim do mês… Por aqui, para grande parte dos portugueses, esse problema há séculos que deixou de fazer sentido… 
Oiço agora que, por cá, há quem esteja a organizar "saídas" de coletes amarelos. Considerando a diferença de expetativas, espero pelo teor das reivindicações, apesar de me parecer que cada português terá a sua. 
Colete amarelo já tenho! Basta ir buscá-lo ao carro, só não sei se ainda me sobra dinheiro para a gasolina…

14.12.18

Calendários - ponto da situação

Durante muitos anos, regi-me pelo calendário escolar. Afinal, a minha vida decorreu quase toda nos estabelecimentos de ensino… Feitas as contas há 58 anos que cumpre o calendário escolar.
Só que ultimamente passei a dar mais importância ao calendário civil, sobretudo desde que o ministro Vieira da Silva desatou a fazer promessas que ninguém sabe se são para cumprir, e em que termos…
A verdade é que no dia 2 de janeiro de 2019, logo no início do ano civil, ao voltar à escola, entrarei no 45º ano de serviço público, a que há que acrescentar mais 5 meses de descontos para a Segurança Social,  referentes a trabalho docente desenvolvido em 1974. ( E quem me conhece deve estar a interrogar-se sobre dezassete anos de descontos no ensino superior privado, em regime de acumulação - esse dou-o de barato ao Estado…)
Já não sei por que calendário me devo orientar! 

12.12.18

Da ansiedade juvenil

Acordam tarde, sem tempo para tomar o pequeno almoço... Arrastados para escola, chegam atrasados, «por culpa dos pais, do trânsito, dos transportes…» 
Entram na sala, indiferentes ao que acontece, desculpas esfarrapadas, sentam-se e desatam a conversar ou, então, adormecem...
Os manuais dormem nas sacolas. O professor invisível procura um fio condutor que regista inutilmente no quadro, pois o Google que tudo explica está ali mesmo à mão.
Tudo corre bem até que o final do período se aproxima... E aí a angústia desperta, a preocupação com a autoavaliação torna-se evidente... como se esta fosse um direito penosamente conquistado...

11.12.18

O terceiro estado de vítimas em potência,

O terceiro estado é constituído pelos doentes, pelos idosos, pelas crianças, pelos alunos, pelos passageiros trabalhadores,  pelos presos, pelos migrantes, pelos refugiados, pelos proscritos… e por tantos outros aqui não mencionados…

Admitindo a existência deste terceiro estado de vítimas em potência, eu simplesmente não compreendo qual é o papel do Estado nos atuais conflitos laborais, até porque sempre pensei que ao Estado competia proteger o terceiro estado…
E também creio que é competência do Estado averiguar quem é que está a financiar o movimento grevista, caso contrário ainda nos acontecerá o mesmo que ao Chile de Allende, em 1972...

10.12.18

Oblívio

Moscavide
Andava o aluno à procura de um complemento oblíquo e escorregou-lhe a pena para o oblívio. Castigador, chamei-lhe a atenção para o desmando lexical…
Entretanto, acabo de saber que a obra Oblívio, de Daniel Jonas, acaba de ser recompensada com o Prémio António Gedeão de Literatura, instituído pela Federação Nacional dos Professores (Fenprof)…

Para que não caia no olvido (ou no oblívio), lanço desde já um desafio à Fenprof: - Não esqueça que há outros poetas   merecedores do galardão: Por exemplo, o professor (aposentado) Silva Carvalho e o professor (em exercício) António Souto.

9.12.18

Um fantasma apressado

Moscavide
Os peixinhos não sabem gramática, mas têm riscas. Têm riscas e não vivem na penitenciária…Viajam, sem rodilha, na cabeça de um fantasma apressado, sob o olhar envergonhado e surpreendido de um mirone azulado..
Eu que penso que sei gramática, não tenho riscas, mas vivo apresado com um dicionário sempre ao lado… Já não viajo… e sinto-me a todo o momento acossado pela «vossa palidez romântica e lunar», na intuição de Cesário… que, nele, era mais uma forma de dedução…
Os peixinhos não precisam de ler o caminho ou leem, apesar de desconhecerem o que é a leitura, e seguem adiante na cabeça de um fantasma apressado…
E depois há uma outra presença no mural que o peixinho parece não querer ver. Talvez que eu esteja atrasado… mais valia viajar, sem rodilha, na cabeça do fantasma apressado.

8.12.18

Afunilado

O título de hoje parece-me ousado, mas estou com a sensação de me ter transformado num funil que, meio sedimentado, soluça a insensatez juvenil dos meus interlocutores que acreditam que o futuro passa bem sem a leitura…
Ler é, para eles, uma atividade antiquada de quem não tinha mais nada para fazer - era definitivamente uma forma de passar o tempo. Ora hoje há outras formas mais 'pró-ativas' de o fazer, mais dinâmicas, mais interativas ou, até, mais autofágicas.
Numa certa perspetiva, da leitura só se aproveita o VER... a imagem, pois a ideia aprisiona…
Contudo, ainda há exceções, com a particularidade de escreverem razoavelmente, de terem uma ou outra ideia…