10.10.19

A bandeira da Guiné-Bissau incomoda

«Uma das coisas necessárias é desfazermo-nos de todos os elementos do passado que possam pesar sobre a nossa delineação cultural. Devem desaparecer as colónias portuguesas. As colónias portuguesas são uma tradição inútil. Nós não temos o direito de ter colónias. Na nossa mão, elas não nos servem, não servem aos outros, e pesam sobre nós, alimentando uma tradição funesta, que foi bela enquanto foi glória inútil, porque foi glória; mas tendo deixado de ser glória, ficou sendo inutilidade apenas.
Que o imperialismo seja a nossa tradição; e não o imperialismo colonialista e dominador!»

Fernando Pessoa

Uma bandeira está a provocar uma reação idiota que, só o não é, de facto, porque a mentalidade imperialista colonialista, que deveria ter cessado há muito, persiste. 

9.10.19

A idiotia cansa

A facilidade com que se atira a primeira pedra é assustadora.
Esta constatação vem na sequência de uma ideia inacabada que poderia resumir a tentativa de sintetizar uma atitude comum de quem, não sendo capaz de se compreender o objeto artístico, se atira ao criador, classificando-o como degenerado ou irremediavelmente louco.
A análise metódica e a ponderação andam totalmente arredadas da formulação do juízo - pedra solta da calçada, pronta a ser arremessada…
Por maior que seja a condescendência, a idiotia cansa, sobretudo quando esta se manifesta a todo o instante, prazenteira e desafiadora.

7.10.19

Sem esquecer os 'ricos'...

A expectativa era baixa… O masoquismo nacional persiste, com laivos de sadismo.
Sem esquecer os 'ricos' que não foram votar, porque, há muito, fogem aos impostos…
As cenas dos próximos capítulos são previsíveis: muita ronha, muita chantagem e, sobretudo, barulho… 

6.10.19

Hoje, fazer é dizer!

Dire c'est faire! (O. Ducrot)
Hoje, fazer é dizer! 
Nem que seja por aqueles que lutaram e já não o podem fazer...

4.10.19

Só nos resta meditar...

São 4599 os candidatos. 230 as cadeiras, a maioria já reservada… 
Apesar desta certeza, a ansiedade continua hoje a ser dramatizada, ao ponto do eleitor ter sido convidado a guardar silêncio na véspera da decisão popular, dia da República… e dos professores, outrora essenciais à formação do cidadão republicano, e caídos em desgraça nestes últimos anos…
Um sábado em que o último "pai" desta democracia,  o Professor Freitas do Amaral, vai a enterrar, e em que o Professor e Poeta José Tolentino de Mendonça é elevado a Cardeal.
Só nos resta meditar… se o Professor Rebelo de Sousa deixar…
(Aposto que o bichano, apesar de pouco familiarizado com os monoblocos) não vai perder a oportunidade de se aproximar da urna.)

3.10.19

Agora é tarde!

Passaram por cá, trabalharam incansavelmente… 
Incompreendidos, foram vilipendiados, esquecidos… e agora não há lagartixa que não deite a cabecinha de fora para um último elogio...

Agora, na hora da morte de Freitas do Amaral (1941-2019).
Agora é tarde, porque quem perdeu foi o país que preferiu a mediocridade e a vilania ao estudo, ao rigor, à seriedade.

1.10.19

4599

Sem imagem, não há leitor. O tempo é de voyeurs… de mirones, caso o galicismo incomode. Perdoe-se o hispanismo!
Mesmo que não haja interioridade, há o jogo. Não é que se vá a jogo, mas há o gosto em espreitar o jogo alheio…
Na retina, o voyeur é um bisbilhoteiro debruçado sobre o tabuleiro, candidato a batoteiro. 
Por estes dias, os candidatos são 4599.