16.8.20

Preocupado

 

 
Li algures - no caso, talvez me acompanhem na alusão - que a retórica tem como objetivo assegurar a superioridade à causa mais fraca… No entanto, a formulação deve ser bem antiga, pois, no presente, observo precisamente o contrário… Exemplos todos conhecemos… O melhor é não os mencionar!
O que me intriga, de momento, é que haja gente tão inteligente e, ao mesmo tempo, tão estúpida - os termos deveriam ser antitéticos. Mas não: são compatíveis.
De qualquer modo, aceitamos ser governados por gente tão estúpida e que não tem pingo de inteligência. Entretanto, alguém me explica o que é que está a acontecer ao António Costa. Estou sem notícia dele desde o dia 11 deste mês!

14.8.20

Voa facilmente, a libelinha


Parece saber para onde vai e voa facilmente. Procura a água e as flores. Vive mais anos do que é suposto, mas só se deixa observar meio ano de cada vez...
Estranha forma de vida, colorida, e que obedece certamente a leis que lhe são naturais. Nós, que nos exibimos durante todo ano, não só definimos as leis, como as fazemos desiguais…

12.8.20

O retorno ao 'tempo normal'

O retorno ao 'tempo normal' não faz sentido. Se, no presente, suspeitamos a cada momento das ações, nossas e alheias, isso não é expressão de 'anormalidade'. Pelo contrário, a suspeita exige que olhemos à nossa volta, reconhecendo que no 'tempo normal' nos habituáramos a viver como se a terra fosse toda nossa.

Infelizmente, a procura desenfreada de uma vacina mais não é de que um sintoma de que não estamos preparados para abandonar o estilo de vida capitalista que, desde o final da guerra fria, foi derrubando fronteiras, enriquecendo uns, cegando outros, e condenando  à morte milhões de seres de todas as espécies…

O retorno ao 'tempo normal' é uma ideia insensata.

9.8.20

Só há ida, não há retorno

O enunciado "só há ida...", descobri-o em Manuel M. Carrilho. Não sei se é do próprio, mas serve para questionar as noções de identidade, de saudosismo, de messianismo… O regresso a um outro tempo individual ou coletivo não passa de uma fantasia por muito apegados que vivamos...

O que vamos fazendo é que nos define em cada tempo, sempre descontínuo. O relógio que carregamos é uma prisão inventada por quem nos quer condicionar o caminho. 

O ciclo das horas mortifica.

6.8.20

A capital desfalece

 A Avenida da Liberdade, às quatro da tarde, de pouco serve. Pouca atividade, trânsito reduzido. Turistas, meia dúzia…
No Jardim da Estrela, uma outra faceta da cidade. Muitos lisboetas espalhados pelos relvados; alguns turistas nas esplanadas; toilettes encerrados e os lagos, com muito pouca água. Um deles parece ter secado há uns meses… Os peixes têm os dias contados; os patos e os gansos estão em extinção.

3.8.20

O ruído mediático

A força do ruído mediático é avassaladora! 
Os media repetem entre si ocorrências, resultantes da falta de preparação profissional dos protagonistas do momento, visando transformá-las em acontecimentos, em vez de si referirem à miséria do amadorismo que se vai instalando - todos estamos aptos a desempenhar qualquer tarefa…
Entretanto, o país exulta com os resultados dos exames nacionais. Em determinadas disciplinas, as notas subiram três valores, porque, a partir do Covid-19, passou a ser possível obter 20 valores, mesmo se as respostas falhadas (opcionais?) correspondessem 6 valores. 
Correspondessem! Sim, porque, quando se ignora um sinal vermelho numa linha férrea, os efeitos não devem ser levados a sério - errar é humano… e, doravante, estimulado.
Espero que o pensamento de Karl Popper não tenha em nada contribuído para este ruído e para esta euforia.
E também espero que ninguém tenha decretado a morte da ironia…

1.8.20

No país dos inteligentes

"Estúpido é aquele que prejudica os outros sem obter benefícios para si…" (Carlo Cipolla)

Bem verdade! 
Como dos estúpidos não reza a Filosofia, estou em crer que vivo no país em que inteligência não escasseia. Basta observar a quantidade de processos que se arrastam na Justiça para perceber que muitos portugueses sabem como tirar proveito de toda e qualquer situação favorável ou desfavorável…
Nunca esqueci um livro de ensaios do Jorge de Sena - 'O Reino da Estupidez'. Nele, 'o estreitamento mental' era uma consequência do confinamento político e não um traço genuinamente português.