28.11.21

Talvez pudesse...

Talvez pudesse debruçar-me sobre a situação política… para quê? Afinal, todas as formas de populismo me enojam. O que é que sobra?

Talvez pudesse debruçar-me sobre a situação futebolística… para quê? Afinal, todas as explicações me parecem absurdas. Já me estou a imaginar a entrar em campo com sete vizinhos amadores só pela glória de defrontar os craques aquilinos! 

Talvez pudesse debruçar-me sobre as vítimas da pandemia… para quê? Afinal, se me puser a jeito, dificilmente escaparei à inevitabilidade.

O melhor é ficar-me por aqui, e regressar à leitura do Ecce Homo, de Frederico Nietzsche, mas só ao entardecer, pois é recomendável «Estar o menos possível sentado; não confiar em ideia alguma na qual os músculos não tenham festiva parte. Os preconceitos nascem dos intestinos. A sedentariedade (…) é autêntico pecado contra o Espírito Santo.»

24.11.21

Uma nova obra de António Souto


Os mais preocupados perguntam hoje: Como se há de fazer para conservar o homem? Mas Zaratustra é o primeiro e único a perguntar: Como se há de fazer para superar o homem?» NIETZSCHE, ASSIM FALAVA ZARATUSTRA

Perante o título NÃO HÁ VOLTA A DAR - crónicas de ANTÓNIO SOUTO - sinto-me perplexo. Será verdade?

 A lição do passado refresca-nos a memória, alivia-nos da frustração do presente: «Anda um vírus à solta pelo mundo, pelo nosso mundo, agora de repente tornado nosso...» Passámos a expiar os nossos crimes, acreditando na redenção... «até ao dia em que nos sintamos a salvo

Perante a insistente necessidade de conservar o homem (e o planeta...), o Autor mostra-se cético e mordaz porque o conhecimento da realidade é cada vez mais diminuto,  substituido que é por uma inenarrável alienação.

Compreende-se, assim, que não haja volta a dar! No entanto, a história do homem diz-nos que, apesar da miséria que este consigo transporta, ele sempre conseguiu superar os obstáculos, fossem eles a natureza, os deuses ou outros homens...

Só falta ao homem superar-se a si próprio, caminho sempre presente na escrita do ANTÓNIO SOUTO, mesmo que o pessimismo lhe seja peculiar.

(Esta obra foi apresentada pelo António Manuel Venda na Biblioteca da Escola Secundária de Camões no dia 23 de novembro de 2021.)

20.11.21

Não sei...


Não sei se a roda é grande se é pequena, mas que rola, incansável, rola...

Dizem-me que ler é salutar, mas nem sempre a leitura faz bem à mente - há quem leia tudo ao contrário porque lhe convém...

Não sei o que pensar da situação global, eu que mal consigo interpretar o que se passa no meu quintal - se o tivesse!

Não sei se, de facto, o problema atual não é, afinal, uma guerra geracional.... 

Só sei que a roda rola, incansável, rola...

18.11.21

Há atos



Há atos que o melhor é ficarem com quem os pratica, apesar de, muitas vezes, procurem castigar silêncios incompreendidos.

De nada serve amplificá-los, porque a tarde caiu sobre eles, apenas servindo para reiterar a incomunicabilidade num tempo de amizades sonoras e falazes.

Por isso, os atos são brutos e rolam, rolam sem que nada os possa interromper...

(de nada servem, as palavras)

15.11.21

e agora fenece


Secas caem as notícias

nem a distância as humedece.

(Só o olhar furtivo aquece.)

O que fazia?

Lia escrevia sofria 

por certo

e agora fenece.

12.11.21

Ignotus

 

Antero de Quental

 


 - Não vos queixeis, ó filhos da ansiedade,
    Que eu mesmo, desde toda a eternidade,
    Também me busco a mim… sem me encontrar!

11.11.21

Não conto, desta vez!

 

Como diziam os meus alunos, professor não conte…

E não vou contar, a não ser que a leitura me permitiu relembrar consulados mais ou menos efémeros, em que os projetos pessoais se sobrepunham ao interesse nacional, a intriga política era alimentada por uma comunicação social a quem apenas interessava vender o 'produto', indiferente às circunstâncias e aos factos - realidade para que te quero fosse aqui, fosse no Brasil, fosse em Macau, em Timor ou no Iraque!

Desta leitura retiro, sobretudo, a ideia de que é fácil enredar um Presidente da República por mais íntegro que ele seja, mas que, infelizmente, há outros (presidentes) que não conseguem escapar ao papel de bonecreiros, convencidos que podem modelar a realidade, sujeitando-a aos caprichos do momento…

Prometi não contar e não conto, porém recomendo este livro aos jovens que sonham subir ao palco, seja ele da política ou da comunicação social.

Por estes dias, a memória da década de 1996 a 2006 poderia ajudar a evitar velhos erros...