16.12.21

A avezinha

 

A avezinha é matreira, desaparece antes do clique ou esconde-se para que eu não possa sorrir...

A avezinha não imagina que o Natal se aproxima e que de tão minúcula escapará certamente à gula festiva.

A avezinha não quer saber que haja quem sonhe com um almirante na presidência e nostalgicamente com um presidente do conselho ditador...

A avezinha ignora que os príncipes da renascença são matreiros e que, sempre que pressentem o clique, sorriem e sacodem a cauda.

No entanto, pelo que observei, esta avezinha não é franciscana, pois detesta o Ideal.

15.12.21

O juiz e o arguido

Casal dos Machados


O dinheiro falta um pouco por todo o lado - há pedintes que já só pedem 50 cêntimos!

No entanto, o Juiz, em nome do Estado, chega a pedir 6 milhões para que o arguido possa ir esticar a pernas sem ser incomodado... 

Esta manhã, dei comigo a pensar que, longe de Deus, todos podemos almejar ser príncipes da renascença... e tem havido mesmo uns tantos que o têm conseguido ou, talvez, o Juiz tenha enlouquecido... 

Será que Deus o escolheu para cobrar o que lhe é devido?


14.12.21

Barcelona, lugar de poetização

 



De Barcelona a Barcelona com passagem por Frankfurt... assim desenho a viagem do António Manuel Venda. 

Em Frankfurt, tudo poderia ter sido diferente, mas não foi... a indecisão do momento gerou uma nostalgia impossível de superar, mesmo através da sublimação poética.

De facto, a arte, por mais que se defenda o contrário, não resolve a vida. Barcelona é assim um lugar em que o Autor poetiza o prosaico da realidade.

11.12.21

Dissonâncias 1


A notícia do dia, de tão repetida e comentada, ofende os ouvidos de quem ousa ligar o aparelho de televisão.
Não há político que não aproveite para se pronunciar sobre o 'crime' do rendeiro que ousou driblar os senhores que lhe alugaram bens e capitais, com a indispensável compensação.
Não há jurísta que não aproveite para se posicionar mediaticamente, à espera que os senhores não se esqueçam deles nos próximos arrendamentos...
Parece que o dia se esgota neste rosário de dissonâncias,  sob o olhar enigmático de Fernando Pessoa em Durban.

9.12.21

A mentira e a corrupção

 

As estatísticas vão engrossando, não faz mal, é a vontade do Senhor dos Tempos...

Ai a Idade! Para onde vão todas as Idades?

A  Mentira, cheia de compaixão, diz que seremos bem acolhidos e, sobretudo, libertados da solidão, da doença, da decadência do corpo - as almas elevar-se-ão à espera da ressurreição!

A verdade é que gostamos da Mentira, já não sabemos viver sem ela. E por estes dias, celebramo-la princepescamente...

E ainda há quem queira combater a corrupção, como se esta não fosse uma das faces da Mentira.

6.12.21

Esperamos, todos os anos

 


Esperamos que as luzes se acendam, mas para quê se nada muda?

Se ainda reconhecêssemos que vivemos na escuridão, talvez a espera  fizesse sentido, talvez a estrela nos pudesse sinalizar o caminho…

Quais magos, procuramos o reinício, mas sem ter consciência do caminho que seguimos…

Deixamo-nos embalar, deixamo-nos cativar… sem perceber que é tempo de romper com a inação…

de romper com a decadência.

3.12.21

O passageiro

 

«A ideia do além, do mundo-verdade foi inventada apenas para depreciar o único mundo que existe - para destituir a nossa realidade terrestre de todo o fim, razão e propósito!» Frederico Nietzche, Eu sou uma fatalidade, Ecce Homo.

Confesso que este alemão, que detestetava alemães, nacionalistas, e parecia apostar no homem europeu, me tem dado que pensar, sobretudo no que se refere ao peso da moral cristã no alastrar da cegueira humana...

Ao tomarmos como a válida a ideia de que todos estamos de passagem, estamos, afinal, a matar a a nossa razão de ser: criar. Deixamos a criação aos deuses e vamos arrastando os pés para o nada, ou, em alternativa, para o além, com maior ou menor compromisso.

Não fosse o servo cabrita ter desabafado que naquele carro mais não era que um passageiro, eu não teria tido a coragem de, no fervor natalício, me pronunciar sobre o mal-estar civilizacional em que mergulhámos - vamos lá celebrar o Natal, pouco importa se a morte chega em janeiro!

De passagem,  o condestável cabrita só terá de prestar contas ao criador que, certamente, terá em conta os serviços prestados...