24.1.15

Nem Atenas nem Berlim!

A não ser que queiramos sangue nas ruas, o nosso destino está nas nossas mãos.

A solução grega é irrealista porque os dirigentes do Syriza não terão com quem negociar se a vitória, amanhã, lhes sorrir. Neste caso, não espero que os vencedores decidam capitular e por isso o caminho para a violência abrir-se-á, e as comportas abrir-se-ão ao tumulto incontrolável... a não ser pela força.

A solução alemã mais não traz do que a depuração dos povos do Sul da Europa. Esta está em curso há vários anos através da ditadura do euro. E nem a recente decisão de Mário Draghi de bombear €60 mil milhões por mês sobre a Europa porá termo à "limpeza", porque, afinal, 80% dos custos ficarão a cargo dos bancos centrais de cada país, o que, para Portugal, significa uma nova forma de nos afogar. 

Como tal, as próximas eleições portuguesas são decisivas para o nosso destino, no sentido em que precisamos de uma liderança que não opte nem pelo servilismo nem pela terra queimada.

23.1.15

À escuta

Há escutas sobre a vida interna do PS. O juiz mandou selá-las...
À boleia das trapalhadas do José Sócrates, os vampiros deliciaram-se a gravar todas as conversas de modo a caçá-lo...
Agora, as escutas seladas estão à ordem do tribunal dentro de um envelope... Por quanto tempo?

Será que também há escutas sobre a vida interna dos restantes partidos? Sobre as igrejas? Sobre os clubes desportivos? Sobre as empresas? Sobre qualquer cidadão?

Vivemos num estado totalitário em que tudo o que dizemos está sob escuta e pode ser utilizado contra nós...

Restam-nos os Gregos, convictos de que o voto democrático pode mudar a Europa, mas enganam-se redondamente. Pouco falta para mergulharem numa guerra intestina que acabará por dissolver-lhes o orgulho de terem sido o berço da civilização europeia..

22.1.15

O escritor Antônio Torres na ESCAMÕES

O escritor brasileiro bahiano Antônio Torres, convidado da Casa da América Latina para um encontro literário sobre as "Relações Transatlânticas", antecipou, perante uma plateia de jovens atentos e um pouco tímidos, o teor da palestra que iria proferir ao fim da tarde de hoje...
Refira-se que, apesar da sua obra não estar à venda em Portugal, Antônio Torres deixou no auditório o desejo de ler algumas das suas obras, designadamente, Os Homens dos Pés Redondos. Este romance, na verdade, nasceu aqui, em Lisboa, na Praça de Londres, no dia 25 de Junho de 1965, data da chegada a Portugal, onde acabou por viver e trabalhar três anos, na área da publicidade. Este livro regista o olhar de um jovem brasileiro sobre um povo envelhecido e acabrunhado, prisioneiro de um espaço concentracionário.
De entre a vasta obra, Antônio Torres abordou os temas de fundo autobiográfico e, sobretudo, histórico presentes em Um Cão Uivando para a Lua, Essa Terra ( hoje, considerada uma obra-prima), O Cachorro e o Lobo, Meu Querido Canibal, O Nobre Sequestrador...
Sem descurar a explicação do trabalho ficcional e das relações do Brasil com a Europa do século XVI (Portugal e França), o entusiasmo do escritor foi evidente sempre que se referiu aos amigos que foi fazendo em Portugal ao longo de 50 anos, em particular Alexandre O'Neill, que o acolheu durante quatro meses em sua casa no nº 23 da Rua da Saudade, com a simples exigência de que ele se dedicasse à escrita... Entre os amigos referiu também Manuel Marcelino, Hélder Costa, Ary dos Santos, José Saramago, Lídia Jorge e, finalmente, mostrou grande agrado pela escrita da romancista Teolinda Gersão...
Em termos pedagógicos, valorizou a importância dos professores que, através da estratégia de leitura em voz alta, permitem que o jovem tome consciência da língua, em termos lexicais e sintáticos. E ainda, literária e pedagogicamente, foi visível o seu fascínio pela Carta de Pêro Vaz de Caminha sobre «o achamento do Brasil» e, pelos brasileiros José Alencar, Carlos Drummond de Andrade e João Cabral de Melo Neto...

A saudação, o enquadramento e a apresentação do escritor estiveram a cargo do diretor João Jaime Pires Antunes, da coordenadora da programação científica e cultural da Casa da América Latina, Maria Xavier, e da professora Dulce Silva, Coordenadora do Departamento de Estudos Portugueses.

Em conclusão, foi um colóquio muito inspirador só possível graças à iniciativa do professor José Esteves.

21.1.15

A hipotermia e os genéricos

Neste mês de Janeiro, a hipotermia tem me dado que pensar. Bem sei que a literatura médica defende que os velhos e as crianças são quem está mais atreito a sofrer com a súbita descida da temperatura corporal.
Compreendo que quem viva em lugares frios ou tenha caído, por exemplo, ao mar possa correr risco de vida. O mais difícil de entender é o caso daqueles, que não saindo de casa e beneficiando de uma temperatura doméstica moderada ou mesmo sobreaquecida, acabam por ver baixar a temperatura a níveis próximos dos 33 graus ou menos.

Ora, de ontem para hoje, descobri que os medicamentos que estes pacientes tomam podem ser um poderoso fator de hipotermia, sobretudo se se tratar de genéricos.

Não sendo médico nem farmacêutico, falta-me o conhecimento para fundamentar a minha suspeita, apesar de fonte médica ter confirmado que há genéricos que são extremamente perigosos, podendo levar à morte.
O que, no entanto, não me falta é a perceção de que o negócio do medicamento é extremamente lesivo da saúde pessoal e pública. 

Finalmente, nesta quadra de invernia, a Linha de Saúde 24 é uma amiga insubstituível. Imagine-se que, depois de uma longa espera, de um minucioso questionário de controlo feito ao paciente em estado de hipotermia (e de pânico!!!), o conselho chegou: agasalhe-se, beba leite e vá pelo seu pé até à urgência do Hospital de S. José...

20.1.15

Ouvido discreto

O desencanto parece vir com o tempo invernoso, mas este pouco terá que ver com a frustração das expectativas. 
Problema maior ainda desponta quando temos que enfrentar indivíduos cujos anseios não vão além da satisfação imediata de apetites primários. Isto é, há cada vez mais pessoas para quem o conhecimento é uma maçada, que preferem a linearidade do pensamento à indagação reflexiva.
Por outro lado, encontramos a cada passo quem, em vez de assumir responsavelmente as funções que lhe estão atribuídas, prefere delegar no outro...

... o outro existe para nos servir! Afinal, sempre foi assim ...

Razão tem Pessoa: Quem vê é só o que vê / Quem sente não é quem é.   

19.1.15

A sátira pode perder a razão?

No início, a palavra "sátira" significava mistura. Entre o século III antes de Cristo e o século V da nossa era, designava uma peça de teatro que misturava a prosa e o verso, e que fazia crítica de costumes...

Nesta perspetiva, a sátira foi um dos primeiros híbridos que procurou desbloquear, através do riso, conflitos passionais, religiosos, políticos, sociais...
O problema agrava-se sempre quando, face a face, se encontram aqueles que já perderam toda a vontade de rir. E eles são muitos!

Num mundo em que a laicidade se apresenta como guardiã da liberdade de expressão, acantonando o cristianismo, o islamismo, de forma ostensiva ou velada, ao não separar o poder religioso do poder secular, acaba por nos fazer sentir que a sátira pode ser muito perigosa para o futuro da humanidade.

Por outro lado, a vontade de rir também está a diminuir entre os "infiéis", levando-os a, estratégica ou mercenariamente, aderir a movimentos que utilizam a religião como arma de arremesso...

É por tudo isto que eu penso que o melhor é deixar Maomé em paz...

18.1.15

Discordo do senhor Cameron

«O primeiro-ministro britânico defendeu este domingo que numa sociedade livre existe o direito de "ser ofensivo com a religião dos outros", discordando com os limites da liberdade de expressão defendidos pelo Papa Francisco.»

Na sequência da afirmação do senhor Cameron, os professores da escola multicultural inglesa devem estar-lhe gratos...

Doravante, qualquer aluno poderá citar o primeiro-ministro para justificar comportamentos ofensivos.

Quanto a educação, fica tudo dito!