25.3.16

Resgatados ou por resgatar?

Resgatados / Os Bastidores da Ajuda Financeira a Portugal, de David Dinis e Hugo Filipe Coelho...

Enquanto leio "Resgatados...", vou pensando no calculismo que medra atualmente nos bastidores da vida política nacional e europeia. 
Este livro é, para mim, surpreendente pela metodologia utilizada pois, ao evitar a verdade das câmaras, acaba por revelar a voragem sequencial dos acontecimentos de ângulos opostos, mas esclarecedores... 
Lá no fundo, os governos portugueses, desde a entrada na união europeia, dançaram todos ao som da orquestra franco-alemã. E quando foi necessário dizer não, já era tarde: a atividade produtiva fora desmantelada e a aposta no investimento público (2008) esbarrou na nova era da austeridade (2010), sempre sob a batuta alemã... Os empréstimos tinham que ser pagos!
Os credores aproveitaram e lançaram-nos o garrote. 
José Sócrates bem se esforçou, mas, infelizmente para nós, parece que o amigo Santos Silva ainda não dispunha de meios para nos salvar. E por outro lado, a oposição, além de viver na ignorância, só sonhava com a manutenção (Cavaco Silva) ou o retorno ao poder (PSD)... 
Espero que o António Costa tenha este livro na mesa de cabeceira e o vá relendo para não cair nas ilusões de Sócrates...


24.3.16

Radovan Karadzic...não compreendo!

Radovan Karadzic condenado a 40 anos de prisão por genocídio.

40 anos? E porque não 30, 20, 50?

Este tipo de criminosos não deveria poder ter qualquer expectativa. Já que não é defensável a condenação à morte, esperar-se-ia que a sentença fosse taxativa: preso até ao último dia de vida! 

Há atos terroristas que não merecem qualquer clemência, pois os seus autores foram impiedosos com as suas vítimas e, na maioria dos casos, não manifestam qualquer tipo de arrependimento.

 «O ato terrorista é uma negação da individualidade, é uma negação do ser humano, naquilo que ele tem de único, em nome de uma causa geral.» Aloysio Nunes Ferreira, deputado brasileiro.

 

23.3.16

Ajo em função de um Dever antigo...

Hoje é um daqueles dias em que me vi obrigado a trocar o calor pelo frio, embora o sol se esforçasse por atenuar a friagem da brisa inconsistente. 
Eu estou um pouco como o sol, esforço-me, mas já não sei para quê. Faço-o há tanto tempo que já lhe perdi a origem.
Creio que ajo em função de um Dever antigo cuja consistência se esboroa a cada minuto que passa. 
O problema é que o minuto não passa, simplesmente dura, tornando mais pesados os dias, e escaqueirando o coração. E este apenas acelera, indiferente ao calor e ao frio.

Apesar da flor...

A flor esmorece...

Nem a chegada da Primavera suspende a chuva. E com ela, a flor esmorece...
Por este caminhar, os frutos irão faltar... e tudo iremos importar.
No entanto, há flores que resistem anunciando colheitas escassas, mas de qualidade.
Se procurarmos bem, também há homens que não esmorecem, porém esses são mais difíceis de encontrar...
O esmorecimento é uma tentação que, por vezes, seduz pela possibilidade de desistir. 
Se o que vai acontecendo ocorresse no Outono, então...

 20.03.2016

A corrupção é inevitável...

A riqueza dos Estados Unidos depende fortemente da desestabilização global e regional. Há 100 anos que é assim!
O que se passa no Brasil é a expressão de que a distribuição da riqueza por muitos ofende claramente os interesses dos conservadores locais e, sobretudo, dos vizinhos do Norte.
A divulgação das conversas entre os dirigentes políticos é feita de forma seletiva para criar o caos. Há muito que os Estados Unidos controlam toda a informação, utilizando-a cirurgicamente. Acontece agora, mas já está em curso há vários anos...
E a corrupção? Esta é inevitável nos políticos filhos da pobreza. Rapidamente, percebem que no aproveitar é que está o ganho e, sobretudo, que, se se mantiverem pobres, não têm qualquer hipótese de ombrear com todos aqueles que controlam o mundo da finança. 
Se não podes com eles, junta-te a eles!
Também, em Portugal, nas últimas décadas, foi esse o caminho. Num país pobre, a gente pobre, quando chega ao poder, acaba por se juntar a eles. E o caminho é a corrupção... 
Quanto aos ricos corruptos, a ambição não tem limites.

21.03.2016

Como se o orçamento os pudesse alimentar a todos

A reivindicação é notícia. Dos empresários aos trabalhadores, todos reivindicam como se o orçamento os pudesse alimentar a todos...
O Governo, por seu lado, desdobra-se em compromissos com cedências a torto e a direito, pois sabe que o seu tempo é curto. Em vez de informar devidamente o país da verdadeira situação financeira, prefere fingir que pode satisfazer todos os interesses, sem perceber que há muitos sectores que procuram derrubá-lo, tanto à direita como à esquerda...
(...)
Infelizmente, os governantes portugueses não têm espinha dorsal, até porque ignoram a História do séc. XX. Bastava-lhes ter estudado as crises com que os países ocidentais se debateram entre as duas guerras mundiais, para compreender que a solução para os problemas da economia dos povos vai muito para além da simples alternância entre governos de direita e de esquerda...
Nem a austeridade nem a distribuição de recursos voláteis resolve os problemas colocados pela progressiva e inevitável eliminação de postos de trabalho e pelo envelhecimento das populações.
Há que desenhar uma estratégia e aplicá-la sem calculismos eleitoralistas.

22.3.16

O ato terrorista

«O ato terrorista é uma negação da individualidade, é uma negação do ser humano, naquilo que ele tem de único, em nome de uma causa geral.» Aloysio Nunes Ferreira, deputado brasileiro.

Independentemente das causas, o autor do ato terrorista é um ser formatado que age quase sempre em nome de uma causa geral.
Em termos de combate há que identificar e conhecer plenamente as causas gerais e, principalmente, desmantelar todos os modelos de formação que contribuem para a alienação (formatação) de jovens que, em muitos casos, crescem em espaços multiculturais fechados sobre si próprios.
A prevenção do ato terrorista depende assim da definição de modelos de sociedade e de educação que impeçam a catequização de indivíduos desintegrados e marginalizados em territórios com autonomia própria...

18.3.16

Com sabor a baunilha

Conheci um puto que poupava durante três meses para poder comprar um pacote de bolacha baunilha. E quando, finalmente, saboreava a primeira bolacha, sentia a consciência pesada. 
Aquela extravagância perseguia-o para onde quer que fosse, porque, lá no íntimo, percebia que quebrara o princípio de que não se deve desperdiçar dinheiro com coisas inúteis, nomeadamente, que não deveria ter cedido ao pecado da gula...
De facto, aquele pecado não resultava de um impulso momentâneo: a todos os três meses, lá comprava um pacote de baunilha, com uma única exceção anual - em abril, substituía a bolacha por um gelado, de preferência, de baunilha.
Agora avançado na idade, só raramente compra um pacote de bolacha baunilha, e não porque lhe pese na consciência, mas porque quem o poderia censurar partiu para um lugar onde não é preciso poupar durante três meses para poder comprar um pacote de bolacha baunilha ou trocá-lo por um gelado de baunilha...
Descobri, agora, que aquele puto tinha um único sonho. Que, quando os seus amigos se forem despedir dele, alguém tenha comprado alguns pacotes de bolacha baunilha, e que todos possam saborear uma bolachinha... com sabor a baunilha. Ou, se for abril, que a possam trocar por um gelado... de baunilha.

17.3.16

Parecia que o sol brilhava

Avolumam-se as nuvens - parecia que o sol brilhava. Mas é uva por amadurecer.
De forma sibilina, Freud separou as pulsões da vida das da morte. Há, contudo, quem procure a vida através da morte.
O caminho é sedutor. Porém, no canavial sopra uma friagem que se desfaz em pranto...
Em tudo, há uma oposição irritante. Chamam-lhe coordenada adversativa; melhor seria chamar-lhe bifurcação. E, em vez de um caminho, são agora dois sem regresso.