19.7.16

É obra! Ou será prémio?

Mas não é só o resultado do referendo que está preocupar os técnicos do FMI. “O choque do Brexit surge entre situações por resolver no sistema bancário europeu, em particular nos bancos italianos e portugueses", lê-se no relatório do FMI.

11 milhões de portugueses - muitos sem qualquer cêntimo no bolso - podem pôr em causa as finanças de 7000 milhões de habitantes deste triste planeta! É obra!
Nós já temos tendência para o exagero e para a megalomania... só não esperávamos era tamanho destaque vindo de quem frequentemente ignora a nossa existência. 
Entretanto, o Grupo Goldman Sachs viu o lucro trimestral subir 78%, para 1,82 mil milhões de dólares, superando as expectativas dos analistas, com a valorização das obrigações e obrigações subordinadas, avança a Reuters.
Finalmente, não devemos esquecer que o português José Durão Barroso vai iniciar funções como presidente do conselho de administração da Goldman Sachs Internacional. É obra! Ou será prémio?

18.7.16

A purga turca do ditador Erdogan

No imediato, a purga turca não fica a dever quase em nada às grandes purgas levadas a cabo durante e depois da Revolução francesa...
A purga turca só não é completa, pois o Parlamento aboliu a pena de morte, a 3 de Agosto de 2002, salvando da execução capital o líder do Partido dos Trabalhadores do Kurdistão (PKK), Abdullah Öcalan, condenado à morte e detido numa prisão do Mar de Marmara.
Agora, o ditador Erdogan espera repor a pena de morte, porque esta lhe permitirá purgar os partidos políticos, a magistratura, as forças armadas, as polícias e a função pública e, sobretudo, eliminar as minorias, decapitando os seus líderes, a começar por Abdullah Öcalan... 
E fá-lo em nome da Democracia e de Deus!
Convém, entretanto, não esquecer que a abolição da pena morte era uma velha exigência da União Europeia, sem a qual a adesão da Turquia à Comunidade seria impossível. 
O sonho turco voltou à estaca zero, mas a Turquia dispõe atualmente de uma nova arma de arremesso: 3 milhões de refugiados...

17.7.16

Saber tirar vantagem

Estou a (re)ler Le Rouge et le Noir, de Stendhal, e sinto que o leio pela primeira vez. Da primeira leitura, pouco sobrou, a não ser certos vislumbres do que "poderá vir a acontecer".
É um romance sobre as castas sociais, sobre a religião e sobre o amor, sobre a província e a capital, em que o comportamento humano é idêntico. Os protagonistas procuram a todo o transe ganhar vantagem, independentemente da condição social.
Em termos políticos, o liberalismo procura ganhar vantagem à velha e à nova aristocracia. O método é, no entanto, o mesmo, como se se quisesse assegurar que a Revolução fora incapaz de modificar as mentalidades. Ou como se, reunidas as condições, a atitude do pobre e do rico, do nobre e do plebeu, do religioso e do burguês, do cônjuge e do amante, fosse rigorosamente igual: vingativa, manhosa e oportunista...
Da leitura, ficam-me algumas ideias: Stendhal é um escritor que tira vantagem da leitura dos clássicos e dos modernos; que Eça de Queiroz soube ler Stendhal e não apenas Flaubert e Zola; que a condição humana sofre de narcisismo, ambição e mesquinhez; que, hoje, tudo continua na mesma.
O importante é saber tirar vantagem.

16.7.16

Uma bênção de Deus

Perante o que ocorreu a noite passada na Turquia, só me vem à cabeça uma ideia: há cada vez mais países governados por homens sem formação intelectual e ética... e, consequentemente, rodeados por sectários da mesma natureza... 
Chegados ao poder pela força ou pelo voto popular, estes governantes nunca são submetidos a análise de carácter nem de competências para o exercício do cargo.
Em comum, têm a capacidade de controlar todos os pilares do poder, e ao fazê-lo tornam-se inamovíveis.
De vez em quando lá se abre uma brecha, logo esmagada, e vista, de imediato, como "uma bênção de Deus".
No fundo, é o que se está a passar na Turquia, na Síria, na Venezuela, no Brasil, no Zimbabwe, em Angola, na Rússia, no Sudão... e um destes dias nos Estados Unidos da América...
Quanto a Deus, deve andar muito desatento...
(...)
Entretanto, na Europa democrática, vai-se fazendo vista grossa...




15.7.16

Exacerbado o 'espírito crítico'...

Numa sociedade em que desenvolver o espírito crítico se tornou uma prioridade, sem que se defina o que é "o espírito crítico, não espanta que este se confunda com rebeldia, com revolta.
Motivos de revolta não faltam e os motivos de rebeldia sobejam, o que associado ao referido "espírito crítico" é suficiente para que cada um entenda que está no seu direito de mudar o mundo.
A mudança pela força é o melhor argumento daqueles que, exacerbado o espírito crítico, perderam a esperança ou acreditam que a única forma de construir um mundo à sua medida é a violência.
La Promenade des Anglais, em Nice é, apenas, um exemplo.
(...)
Hoje, estou bastante intolerante, porque, afinal, também eu tenho dado prioridade ao desenvolvimento do espírito crítico... e os ecos que me chegam são dissonantes. Podia explicar porquê, mas não o vou fazer...

14.7.16

É tempo de acabar com a chalaça!

O cidadão endivida-se e tem que pagar a dívida.
Os governantes endividam-nos e nós é que temos que a pagar.
Há, no entanto, visões distintas: certos governantes consideram que a dívida pública não é para ser paga; outros, fazem finca-pé em que a paguemos, mesmo que isso nos custe a vida..., só que, afastados da governação, limpam as mãos como Pilatos...
Agora, temos uma nova categoria de governantes que entendem que a dívida é um problema que não lhes diz respeito - afinal, não foram eles que a geriram...
Dívida só a que eles deixarem, depois de devidamente escondida...

As dívidas, como todos sabemos, obedecem a um calendário em nada semelhante ao dos ciclos governativos e, como tal, não deve ser tratada com argumentos eleitoralistas, como o atual primeiro ministro insiste em proferir. É tempo de acabar com a chalaça de peito inchado... e de trabalhar um pouco mais. Com tanta romaria...

13.7.16

Os resultados dos exames de Português foram medíocres

Disseram que o exame de Português do 12º ano era "superacessível e superfácil", mas os resultados foram medíocres.
Para esta divergência entre as expectativas e o desempenho há uma explicação. Uma parte significativa dos jovens do ensino secundário não ouve e pensa que sabe tudo. Contesta quase tudo, mas não sabe argumentar, porque não estuda ou, quando o faz, confunde o trabalho intelectual com "achismo" ou, simplesmente, com memorização.
E claro que esta explicação não se esgota em si... é preciso procurá-la um pouco mais fundo: na sociedade,  na família, na escola, na sala de aula, em cada um dos intervenientes no processo educativo.