17.9.16

Uma corrente intempestiva e de fogo

As imagens que dão conta do fluxo ininterrupto são diluvianas e vulcânicas - uma corrente intempestiva e de fogo que engole e devora todo e qualquer obstáculo...
Ao obstáculo só resta deixar-se submergir e consumir na expetativa de que o fluxo se esgote, ainda que por pouco tempo...
Claro que do lado de lá, há sempre quem se alimente do rio, que mansamente mergulha no oceano, e do sol que insiste em acariciar o terreiro em que repousa...


16.9.16

Logomania benigna

No início deste novo ano letivo, não sei como fugir à logomania, isto é, à vontade imperiosa de falar. Sei, no entanto, que o meu jovem público detesta a descrição, a explicação e o comentário, mesmo se construídos de forma breve e coerente...
Em tempos de dispersão, escutar deixou de fazer sentido e acaba quase sempre em indisciplina (violência verbal; alheamento), porque o enunciado, mesmo se reduzido à expressão nominal, é cada vez mais confundido com divagação, digressão... 
E  estou a referir-me à logomania benigna, porque da logomania psicótica é melhor não falar... Essa põe à prova a paciência de qualquer santo.

15.9.16

Do rigor verbal


Não contacte para... faça-o, por exemplo, através do e-mail 'macagomes@hotmail.com '
O verbo contactar pode ser usado quer como transitivo direto («contactar alguém»), quer como transitivo indireto, selecionando um complemento oblíquo («contactar com alguém»), conforme se pode consultar no Dicionário Sintáctico de Verbos Portugueses, de Winfried Busse (Coimbra, Livraria Almedina, 1994).
Há situações que devem ser acauteladas, sobretudo quando queremos promover um produto, defender uma ideia...

14.9.16

Um degrau é que não!

Um degrau! Afinal, a que é que poderemos aspirar nesta vida?
Subimos e descemos e, no intervalo, oferecem-nos uma cadeira ou até um sofá...
Quis ir ver "O rio", mas não havia lugares - depois de esgotadas as reservas, sobraram uns tantos degraus... e como o objetivo era encher a sala...
Não sei se havia algum bombeiro de serviço, mas como não quis dificultar a sua tarefa, retirei-me... Um destes dias, vou ver se compro atempadamente a cadeira para poder descer "O rio". Sim! Para mim, já é difícil subi-lo.
Um degrau é que não!

12.9.16

Sem palavras

  1. "Torres novas é tão bonita, não tem mais nada a publicar sobre ela senão mato e árvores?" (comentário no facebook)
  2. O dia é de intenso calor; a cigarra goza-o enquanto pode. A criança pergunta:- Quem é que canta tão alto? A mãe responde: - o grilo, meu filho!
  3. Na Alameda (Lisboa), três jovens "brasileiros" afinam o conhecimento. Um deles pergunta: - Com quem é que ela estava? Com o namorado baiano? Resposta de outro: - Não, ontem ela estava com o brasileiro. Ela já não quer nada com o baiano! Os baianos têm a mania que são bons e nem sabem falar...

11.9.16

Cortada, mas pronta a resistir

Esta oliveira vive no Vale do Oceano. Centenária, por vezes parece que vai definhar. No entanto, se ajudada, acaba por resistir muito para além do lenhador. Vive rodeada de figueiras, mas também não rejeitaria a presença de algumas amendoeiras...


10.9.16

É preocupante

Talvez eu esteja a exagerar, mas preocupa-me que alguns médicos desconheçam o nome de certas doenças, mesmo se raras, ou de medicamentos prescritos pelos psiquiatras...
E sobretudo é preocupante que, num quadro de hipotermia grave, o médico não infira que muitas das certezas do paciente possam ser resultantes do seu quadro clínico...
Por outro lado, não me parece razoável que a "história" contada pelo doente acabe frequentemente por substituir o diagnóstico, competência que, creio, deveria ser do médico...
Se, nos hospitais privados, o recurso aos meios auxiliares de diagnóstico pode ajudar a determinar o estado do paciente ou, pelo menos, a atenuar a responsabilidade do clínico, em sentido contrário, tal pode não acontecer nos hospitais públicos - espera-se que o doente caia em sonolência e manda-se para casa...
Na minha longa experiência, como doente ou como acompanhante, há muito que deduzi que o factor económico, em múltiplas situações, se sobrepõe claramente à responsabilidade de "acompanhar o paciente" até que o problema seja esclarecido...
            os doentes vão sendo empurrados... alguém vai enriquecendo... e o país, orgulhoso do sistema nacional de saúde, tem encargos financeiros insuportáveis...
Talvez esteja a exagerar... e depois há os médicos cuja formação me parece pouco consolidada...