24.1.17

Os Livros de Trump

Donald Trump escreveu dezenas de livros sobre os mais diversos temas - tudo o que possa transformar-se em ouro lhe serve.
Confessa que, apesar da falta de tempo, gosta de ler. Atualmente, já só lê capítulos! Provavelmente, curtos enunciados, descontextualizados, como convém a um político desempoeirado... Confessa, no entanto, que os únicos livros a que volta permanentemente são dois: A Bíblia e The Art of the Deal.
Compreendo: Deus no Céu e Trump na Terra!
Resta-me saber se foi Deus que no-lo enviou. Receio que não, pois da última vez que Deus enviou um Filho à Terra, este detestava os vendilhões do Templo.

23.1.17

A mentira

A minha perplexidade aumenta a cada momento!
Na Ilha de Trump, está a chegar à costa um novo homem: rico, branco, fanático, bronco, desbragado. E das mulheres, não sei o que diga! Parecem-me noviças enfeitiçadas, prontas a renderem-se ao primeiro salteador e, sobretudo, capazes de fazer da mentira o seu lema...
Para quem pensa que entrámos na era da pós-mentira é melhor que se cuide, pois esse enunciado não passa de um sofisma para enganar os mais incautos.
A mentira é uma arma muito mais eficaz do que a verdade. Da verdade, aprendemos a duvidar! Quanto à mentira, entranhada desde a meninice, nada podemos fazer...

A História, que procura «a clara certidom da verdade», debate-se permanentemente com os mil e um ardis utilizados na conquista e na manutenção do poder.
Talvez os Historiadores devessem ocupar-se mais da mentira, porque esta, de facto, tem sido o motor principal dos avanços e dos retrocessos da humanidade...
De momento, na Ilha de Trump, é a própria configuração da humanidade que está a ser posta em causa, fazendo lembrar o tempo de um certo tipo de super-homem que inebriou uma parte significativa da Europa do séc. XX. 

22.1.17

Acusar a Internet...

Acusar a Internet da proliferação de erros ortográficos, de desconexões sintáticas, de plágios, de falhas de carácter, de interferências estrangeiras, é fácil, desvia a atenção, desresponsabiliza e, principalmente, cria uma sociedade dominada pela charlatanice.

Charlatão: Aquele que se utiliza da boa-fé de alguém, geralmente, fingindo atributos e qualidades que não possui, para obter (dessa pessoa) quaisquer vantagens, ganhos, lucros etc.; impostor.

O problema é que o charlatão não se encontra apenas na "internet"..., ele navega em todas as águas, por vezes, ainda sem saber...

Para mim, os que ainda não sabem da sua condição são os que mais me preocupam...  

21.1.17

Na Ilha de Trump

Na Ilha de Trump, as pontes começam a ser substituídas por muralhas. E claro, há que não esquecer as portas para deitar fora «as gentes minguadas e non pertencentes para defensom», tal como foi registado por Fernão Lopes:

«E isto foi feito duas ou três vezes, atá lançarem fora as mancebas mundairas e judeus, e outras semelhantes, dizendo que tais pessoas nom eram para pelejar, que nom gastassem os mantimentos aos defensores; mas isto não aproveitava cousa que muito prestasse
Crónica de D. João I, 1ª parte, Cap. CXLVIII.

20.1.17

Cada um de nós é uma ilha

Description de cette image, également commentée ci-après
Erik Orsenna, pseudónimo d'Eric Arnoult


«Cada um de nós é uma ilha, não é verdade? Uma ilha rodeada por outras ilhas, separada delas por correntes fáceis ou difíceis de transpor, conforme os dias.» in A Empresa das Índias.

No que me concerne, a transposição já não é questão de dias, mas de horas. Hoje, por exemplo, a travessia foi muito mais fácil às 8h15 do que às 11h45.
Então, por volta das 12h50, as correntes alteraram-se de tal modo que a comunicação terminou.
Parece que o estômago se sobrepõe por inteiro à vontade!

19.1.17

No purgatório

Na aceção mais comum, purgar significa 'purificar através da eliminação de impurezas'.
Nas sociedades democráticas,  a palavra é evitada pois a 'impureza' é reconhecida como uma característica da natureza humana.
No entanto, se observamos a realidade social, verificamos facilmente que os processos de exclusão dos mais fragilizados se multiplicam um pouco por toda a parte.
Nos hospitais e nas prisões, há espaços reservados à impureza física, comportamental e mental - sempre com o fito de preservar a saúde e a paz social.
Nas escolas, os mecanismos de purga coabitam com os de integração, porque, afinal, a escola é o lugar onde tudo é possível -  coage-se o indisciplinado e integra-se o impossível.
Paradoxalmente, os mais astuciosos continuam a usufruir de privilégios que atentam contra a construção da sociedade democrática.
Amanhã, terá início o tempo da purga sem que seja necessário recorrer a qualquer sinónimo mais aliciante.

(Pretexto: a purga de uma garrafa de gás GALP; uma simples bolha de ar pode incomodar, deixando-nos à mercê das temperaturas mais rigorosas...)

18.1.17

Um dia sem história

Um dia sem história, no sentido em que a rotina, embora exigente, esgotou as horas. O frio mostrou-se, obrigou a reforço de agasalho e a acelerar o passo...
Fui, no entanto, dando conta do encantamento artificioso que se eleva sem ousar confessar o objetivo... E depois há o círculo virtuoso, plural, que lembra a colmeia melíflua que matou o zangão.
O ar respira misoginia, descoberta recente, mas decadente...