28.12.17

Os lepismas resolvem...

Em vez das águas profundas a que ontem me condenei, mergulhei em resmas de papel envelhecido e cheio de lepismas...
Muita dessa documentação já mudara de lugar há 19 anos sempre na expectativa de que chegaria o dia em que alguns registos poderiam ser  aproveitados...
(O tempo esgota-se. Absurdo. Quem se esgota sou eu. Que iria fazer com tal arquivo infestado?)
Anos de fervor académico são agora deitados para o caixote do lixo com a sensação de que nada se perde, pois já ninguém se interessa por tais assuntos, por tais pastas... 
O problema é que sempre que começo, acabo por interromper... e os lepismas não perdem a oportunidade de se multiplicar... Até ao final de 2017, prometo que vou deitar para o lixo tudo o que me surgir pela frente.
Que Nossa Senhora do Monte vos acuda!

27.12.17

Já não discordo de nada

Isso era de manhã. Discordava do esbanjamento do município lisboeta.
Agora, ao entardecer, já não de discordo de nada.
Pois se a malta quer é festa e enfiar o barrete - na versão revivalista, a cartola - para que é que me estou a incomodar?
Vou mas é sair e dar uns abraços à esquerda e à direita, e depois tomo um banho de águas profundas e fico por lá... e já não sei se regresso. 

Discordo

O município de Lisboa vai gastar este ano 650 mil euros apenas com os festejos de passagem de ano - concentrados na Praça do Comércio. A informação foi avançada ontem ao i pela Empresa Municipal de Gestão de Equipamentos e Animação Cultural (EGEAC), que assinala que está, pela primeira vez, a organizar o evento. Desse montante, 57 mil são para a compra de cartolas pretas e vermelhas que serão distribuídas aos lisboetas. Cartolas


O município deveria ter outras preocupações.
Se alguém quer vender cartolas que não se sirva dos dinheiros dos munícipes...
A verdade é que eu não sou lisboeta, mas temo que os restantes municípios sigam esta má aplicação dos impostas, das taxas, taxinhas...
Nem à cartolada lá vamos!

26.12.17

De facto, nada...

Perguntam-me 'o que é que aconteceu?'...
De facto, nada.
Apenas, a tomada de consciência da inexorabilidade do tempo.
São muitas as horas vividas no limite... e agora a ideia de que o mutismo pode ser redentor acalenta-me, embora outrora ele fosse identificado com a Morte... a terceira hora, a terceira estação, a terceira moira, a terceira irmã...
Nesse tempo, não havia Outono...
Só havia Pai, Filho e Espírito... (talvez só mais tarde...)

... o limite da racionalidade, onde ainda é possível refrear a imediatez da palavra, do gesto. Absurdo é não querer compreender que para tudo há limites...

Recordo, entretanto, um episódio de mudez seletiva que durou cerca de um ano e que nunca foi devidamente explicado. À época, pensou-se que seria fruto de... - a explicação hoje não me diz nada. Permite-me, no entanto, lembrar outros momentos em que o silêncio era um verdadeiro enigma,
Ontem, não aconteceu nada. No passado nada acontece... Mesmo quando recordamos é sempre no presente... no momento.
E assim se explica a ausência de personagens...

25.12.17

Surpreendido...


 Dia de Natal, Parque das Nações.
Eram 12 horas.
Esperava pela minha vez na farmácia. Lá dentro, as pessoas acotovelavam-se...
Para mim já é tradição procurar uma farmácia nesta data. Algumas deixam o sinal luminoso a piscar, mas estão encerradas...
Parece que no dia de Natal, há menos doentes ou, talvez, ainda estejam anestesiados pelos vapores da ceia natalícia...
No CATUS de Moscavide, havia uma dúzia e meia de queixosos. Os médicos seriam, pelo menos, três...
A verdade é que, neste relato, eu não tenho qualquer protagonismo, a não ser o de ser surpreendido pela câmara fotográfica que, inopinadamente, me indicou que eu estava em situação de autorretrato. Descarregada a fotografia, dou comigo a pensar que eu é que deveria ter ido ao médico.


Os ricos não têm emenda

Ontem, não escrevi nada porque me coube assegurar que uns tantos pudessem empanturrar-se, a começar por mim... Mas estou arrependido.
Hoje, já descobri que surgiu uma NOVA FRATERNIDADE na Assembleia da República: os rapazes e as raparigas vão poder recolher fundos sem limite para garantir a perpetuação das clientelas partidárias... e sem IVA...
Só que eles não têm emenda!
Finalmente, esta ideia de celebrar o Pai Natal é alemã, terá sido exportada a partir de 1840, e o ritual foi globalizado pela Coca-Cola no início do séc. XX...
Eles acabam todos ricos ...e nós a fazer umas caminhadas para nos penitenciarmos.
Vamos a isso!

23.12.17

Litania de Natal

Já só me preocupo com o curso das minhas decisões - poucas, mas de que me sinto responsável.
Neste Natal, esta responsabilidade surge-me acrescida. Talvez devesse alijá-la, mas só o último sopro me libertará...
O resto, o mundo, já pouco me diz, tanto é o desnorte, como se a  humanidade não passasse de um número interminável de predadores...
Torna-se visível que a economia social é, afinal, uma forma farisaica da economia liberal...
Nem o Tejo consola da insanidade mental que arrasta para o cadafalso.
Numa Terra onde milhões morrem de fome, outros milhões invadem as novas catedrais e esvaziam-lhes as prateleiras... chega a ser impossível entrar e circular no supermercado...