14.4.19

D. João III em Portalegre

Nunca gostei muito do D. João III! Sempre o associei a uma inflexão negativa do rumo político, em que o homem se viu obrigado a submeter-se à Igreja mais conservadora e inquisitorial…
De qualquer modo, em 1550, elevou a vila de Portalegre a cidade… e pela observação que pude fazer ao percorrê-la, na segunda metade do século XVI, havia suficiente riqueza para edificar um vasto património, consolidado nos séculos seguintes, mesmo durante a ocupação vizinha…
Não sei se a Contra-Reforma já foi extinta nestas terras, tantas são as extensões de terra de tão poucos proprietários. 
Os Cristos de José Régio, por outro lado, despertam em mim a ideia de que o colecionador, mais do que um penitente, era um libertador das mentes retrógradas que por ali habitavam, resignadas e submissas.

13.4.19

Da criação do José Régio

Ainda há quem viva noutro país - o atual está cheio de sinais de proibição! - entre a igreja e o pasto. Hoje, é mais pasto para turista consumir! 
As ruas são íngremes e estreitas, com memórias restauradas para forasteiro ou, então, em ruína com promessa de requalificação para gentes que hão de vir de fora…
Também eu pareço ser da criação do José Régio - os sinais multiplicam-se como se eu  continuasse a viver noutro tempo…
Só a pé consigo dar conta desse tempo … O problema é que para o conseguir, necessito do silêncio monástico que me está, de todo em todo, interdito.
Ao visitar a Casa Museu de José Régio, pensei que os professores, a partir de 1927, em Portalegre, deveriam ser muito bem remunerados… No entanto, sei que a explicação terá que ser outra… a começar pela ignorância dos campónios…

11.4.19

O lenhador

Apesar do ar decrépito da árvore, o lenhador terá decidido que a hora dela ainda não soou. Por ora, serve de abrigo às aves que, ao anoitecer, nos embalam nos seus finos trinados, apesar dos finórios que se nos atravessam no caminho…. e que se multiplicam a cada dia que passa.

10.4.19

Em três sílabas

«Ó Portugal, se fosses só três sílabas
de plástico, que era mais barato.»
          Alexandre O'Neill

A opção de Alexandre O'Neill pelo plástico revela-se hoje politicamente incorreta. Azar de Poeta! Com três sílabas, bem poderia ter optado pela 'cortiça' ou pela 'madeira', certamente mais caras…
Teríamos, de qualquer modo, um Portugal florestal prestes a arder em três sílabas, deixando atrás de si nuvens de cinzas ecologicamente incorretas…
Como não entendo o empolgamento do comissário Carlos Moedas com a primeira imagem de um buraco negro, fico-me a ouvir A última fantasia
                                      

9.4.19

... a tentar perceber...

… a tentar perceber o que é que move os  políticos - os sinais são contraditórios: uns agarram-se com unhas e dentes à família, outros procuram afundá-la; há quem não queira sair da europa, embora também haja quem procure entrar para a desmantelar…
… a tentar perceber o que é feito da prometida regulamentação das promessas eleitoralistas…
… a tentar perceber aquela brasileira que, chegada a Portugal, descobriu que 'o regime é socialista e que se soubesse não tinha vindo'...

… a tentar perceber se a senhora may é mesmo tola ou se o brexit é, afinal, um sinal da queda da europa…
… a tentar perceber se o militarismo do bolsonaro é a expressão da incapacidade da classe política…

… a tentar perceber tanta crise existencial juvenil, tanto laxismo parental, tanta burrice institucional… 

8.4.19

As eleições europeias

«Os Europeus têm de escolher entre continuar no atual mergulho em direção a um sistema internacional entrópico e destrutivo, ou inverter o rumo, deixando frutificar as sementes federais que sempre existiram nos projetos de construção europeia. A escolha é entre a desordem de Behemoth e a esperança de paz e progresso de Leviatã.» Viriato Soromenho-Marques, Portugal na Queda da Europa, pág. 207-208.

Até à data, ainda não ouvi (nem li) nenhuma proposta de clarificação do rumo europeu. Parece que o importante é assegurar o lugar… 
Os candidatos a eurodeputados deveriam prestar provas escritas sobre o pensamento político de Thomas Hobbes (1588-1769) e Immanuel Kant (1724-1804).
Aos candidatos portugueses, considerando as suas limitações, recomendo a leitura da Obra «Portugal na Queda da Europa».