19.9.20

O apelo

Apelar à responsabilidade individual fica bem, mas não convence, sobretudo quando o apelo vem de quem tem dificuldade em compreender que nem sempre a esfera privada é distinta da esfera pública. 
Saltar de uma esfera para a outra é uma tarefa arriscada, porque os amigos são para as ocasiões.
Neste país, há tantos amigos à espera de uma oportunidade!
Por outro lado, ser responsável pressupõe distanciamento... 

18.9.20

'O rigor' de António Costa

Para o evitar o crescimento da pandemia — já que "o vírus não anda sozinho" —, é necessário, segundo o primeiro-ministro, seguir cinco regras fundamentais: “Temos de travar a pandemia por nós próprios”, afirmou António Costa, destacando 5 regras fundamentais: usar máscara "o mais possível e obrigatoriamente sempre que necessário", manter a higiene regular das mãos, respeitar estritamente a etiqueta respiratória, manter o afastamento físico e utilizar a aplicação Stayaway Covid.

Parece simples, mas não é! 
Estamos a necessitar de ajuda na travagem da pandemia. Ajuda das forças da ordem, que não podem continuar a fechar os olhos perante situações de clara infração das regras, por desconhecimento, por irresponsabilidade ou por desafio.
Estamos a necessitar de coragem para clarificar que a máscara é obrigatória, não deixando a sua utilização ao critério de cada um…
E sobretudo, não precisamos que nos venham dizer que uma aplicação é meio caminho para a solução, porque não há nenhuma evidência de que o seja...
É preciso ser muito mais rigoroso no controlo das deslocações, das entradas e saídas das escolas, dos lares, das igrejas, dos hospitais, dos locais de trabalho...
O senhor primeiro-ministro sabe muito bem que as regras, por si, não bastam. É preciso vigiar a sua aplicação. 
E depois, há regras que o não são, e que não passam de pura propaganda… 
E já agora o vírus não anda nem sozinho nem acompanhado! Nós é que o transportamos e propagamos!

17.9.20

A rapaziada


 Lisboa, Campo Pequeno, 18 horas.

A rapaziada convive ao som de músicas periféricas. Não sei se estes jovens já foram à escola ou se, simplesmente, fizeram gazeta…

De qualquer modo, não parecem preocupados - o tempo para eles é de alheamento, sem contemplação... nem comprometimento.

16.9.20

O recolhimento das almas


 
Da morte, prefiro a imagem da vida, por mais imprecisa que ela possa ser. E agrada-me a ideia de que a alma se liberte da morte e, ao cair da noite, se recolha na árvore mais próxima, mesmo que o lugar seja numa área de serviço, na margem da A1.
Com o despertar do dia, as almas podem seguir o seu caminho, trocando as voltas à morte... e pouco importa que a imagem vá ficando indistinta.

14.9.20

O vírus da incerteza

Portugal Continental vai estar em situação de contingência entre 15 e 30 de Setembro... (As ilhas têm o seu próprio estatuto…)

Ora se contingência significa incerteza ou significava, isso quer dizer que pouco vai mudar: tudo se resume em viver com o medo de ser apanhado ou em arriscar permanentemente, desafiando a racionalidade...

Verdade seja dita que a segunda atitude parece querer vingar, pois até os cientistas sociais se manifestam contra a educação cívica e democrática. 

A educação é, por estes dias, o novo vírus que é preciso combater em nome de uma outra ideia de liberdade que definitivamente deixa de fora a fraternidade... porque ou se nasce cidadão ou ...

12.9.20

Não poder dizer NÃO!

Nas atuais circunstâncias, ver um Primeiro-Ministro integrar a Comissão de Honra do Senhor Luís Filipe Vieira,  é triste! 
Independentemente do passado poluto ou impoluto do Senhor, aquilo a que estamos a assistir é indecoroso: o desperdício de dinheiro na contratação de treinador e de jogadores ofende não só os benfiquistas, mas também todos aqueles portugueses para quem o futuro dificilmente sorrirá.
Espero que o Senhor António Costa não tenha ficado preso na rede que foi tecendo enquanto presidente da autarquia lisboeta…, não podendo, agora, dizer NÃO.

11.9.20

Matar a memória


Há quem necessite de confessar, mas longe do confessionário, sabendo todavia que esse é o único lugar onde a partilha está favoravelmente proibida - uma confissão sem auditório! 
No entanto, esse lugar apaziguador não serve de nada, porque deixou de se acreditar no perdão divino e se  teme, em simultâneo, a condenação dos homens incapazes de analisar as situações… Homens sem ou com demasiada memória!

Por isso mais importante do que enterrar o passado é preservar a palavra, é não a partilhar…