9.11.21

Falar redondo

 

Já lá vai o tempo em que gostava de pessoas que sabiam a lição de cor, que nunca se atrapalhavam - clérigos, professores, políticos. Era fascinante ouvi-los e a vontade de os imitar não faltava… 

Mais tarde, percebi que o saber projetado sobre o auditório era um tanto empolado e frequentemente tendencioso - a homilia, a lição, o discurso serviam desígnios misteriosos que escapariam à pequenez dos paroquianos, dos alunos e dos cidadãos. Na verdade, ou não havia perguntas ou eram escamoteadas, não fosse quebrar-se o fio condutor.

Hoje, já é possível fazer perguntas - há até guiões, roteiros. No entanto, os políticos continuam a falar de cor, a falar redondo, sem serem incomodados… Só que perdi, em definitivo, a vontade de os imitar e de os ouvir (aos entrevistados e, sobretudo, aos entrevistadores).

7.11.21

Raivas bem nutridas

 

Custa-me a crer, mas as imagens são de raiva bem nutrida. Concentram-se em fúrias bem medidas, insurgindo-se contra os políticos da hora, fazendo de conta que os papás em nada são responsáveis pelo alastrar dos desertos e das fomes ancestrais…

Entretanto, vão saltando de metrópole em metrópole, como se por perto não se amontoassem esqueletos esquecidos no presente…
 
Oráculos do futuro, vivem de raivas acolchoadas e bem nutridas.

4.11.21

O corte

 

Pobres romãzeiras! Defraudadas, certamente. Quando o frio se aproxima é que decidem amputá-las de tudo o que as distingue...

Agora que o Inverno se aproxima é que os doutos deputados decidiram enviar o orçamento às urtigas, como se este fosse descartável por estes tempos...

E logo que ficou claro que o corte do orçamento era inevitável, levantou-se o Presidente, e fingindo pôr os pontos nos is, declarou urbi et orbi que ia dissolver o parlamento. Só uns dias mais tarde, percebeu que havia regras constitucionais a cumprir e que no seu quintal se ia cortando a torto e a direito, abrindo avenidas de oportunismo político até há poucos anos impensáveis. 

Daqui a uma hora, o Presidente proclamará o dia e a hora em que iremos a votos para escolher quem apresentará novo orçamento, como se não houvesse mais vida para além do dito.

1.11.21

A profecia de Daniel e a neutralidade carbónica


A Índia, terceiro país mais poluidor do mundo, atingirá a neutralidade carbónica em 2070, anunciou hoje o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, reduzindo até 2030 as suas emissões poluentes em mil milhões de toneladas.

 A profecia de Daniel:

"Começaste a cuidar, ó Rei (Nabucodonosor), deitado no teu leito, diz Daniel, o que havia de suceder depois do tempo presente, e o Deus que só pode revelar os mistérios e os segredos ocultos, te mostrou naquela visão tudo o que está para vir nos tempos futuros, e o que eu agora te direi, não por arte ou ciência minha, se não por revelação sua. Parecia-te  que vias defronte de ti uma estátua grande, de estatura alta e sublime e de aspecto terrível e temeroso. A cabeça desta estátua era de ouro, o peito e os braços de prata, o ventre até os joelhos de bronze, dos joelhos de ferro, os pés de ferro e de barro. Estando assim suspenso no que vias, viste mais que se arrancava uma pedra de um monte, cortada dele sem mãos, e que, dando nos pés da estátua, a derrubava. Então se desfizeram juntamente o barro, o ferro, o bronze, a prata, o ouro, e se converteram em pó e cinza, que foi levada dos ventos, e nem aqueles metais apareceram mais, nem o lugar onde tivessem estado; porém a pedra que tinha derrubado a estátua cresceu, e fazendo-se um grande monte, ocupou e encheu toda a terra.

(...) Aquela pedra, ó Rei, que viste arrancar e descer do monte, que derrubou a estátua e desfez em pó e cinza todo o preço e dureza dos seus metais, significa um novo e quinto Império que o Deus do Céu há-de levantar ao Mundo nos últimos dias dos outros quatro. Este Império os há-de desfazer e aniquilar a todos, e ele só há-de permanecer para sempre, sem haver de vir jamais por acontecimento algum a domínio ou poder estranho, nem haver de ser conquistado, dissipado ou destruído…

Sobre o futuro, pouco há dizer, embora todos possamos fazer alguma coisa, mesmo se deitados como o Rei Nabucodonosor…

31.10.21

Preocupante

 

Revista Militar

A Argélia encerra hoje o Gasoduto Magrebe-Europa, após 25 anos em funcionamento, alegando motivos políticos e geoestratégicos, mas prometeu compensar a Península Ibérica aumentando a capacidade do Medgaz e as exportações de gás natural liquefeito por via marítima. (...)O assunto esteve, na quarta-feira, no centro das conversações entre a ministra espanhola da Transição Ecológica, Teresa Ribera, e o ministro argelino das Minas e Energia, Mohamed Arkab. MadreMedia / Lusa

Li a notícia na totalidade e não vi qualquer referência a Portugal. Será que passámos a ser representados pela ministra espanhola, Teresa Ribera?

Não queremos combustíveis mais caros, mas delegamos nos 'parceiros' ibéricos e europeus a defesa dos nossos interesses! Sem esquecer que o atual incentivo, através da redução de impostos diretos ou indiretos,  ao consumo de combustíveis é cada vez mais prejudicial... Continuamos concentrados no voto do eleitor!

Pouco mais produzimos do que lixo, como se vai vendo nas guerras intestinas que vão minando os partidos da direita e da esquerda, porque, afinal, o que todos procuram é deitar a mão ao bodo (bazuca)... 

O futuro pode esperar! O problema é que não pode!

28.10.21

Ontem, excedi-me

 

À espera dos emigrantes


Ontem, não chumbaram o Costa nem seria possível de acordo com o critério pedagógico... Talvez uma retenção temporária para melhor recuperar as habilidades!
Ontem, o Costa perdeu na Relação. Antes já tinha sido advertido em 2019 e nas autárquicas deste ano... Não é por se posicionar mais esquerda ou à direita, mas porque a maior parte das medidas incrementadas são efémeras e sem efeito positivo na vida das pessoas. 
Da próxima vez, se não se libertar da fatuidade, o Costa ver-se-á obrigado a emigrar, como vários dos seus antecessores...para glória da Nação.

27.10.21

Chumbaram-no...

 

Nós queremos é dinheirinho! Como não haveria suficiente no orçamento para satisfazer todos os apetites, a esquerda e a direita juntaram-se e chumbaram-no.
O Costa ao dizer que é de esquerda está no direito dele, mas quando se tem a responsabilidade de decidir não se é esquerda nem de direita. Decide-se, pior ou melhor conforme as circunstâncias...
Dentro de dias, Costa poderá voltar a ser de esquerda e poderá prometer o que quiser, mas nós já sabemos que se ele voltar a governar deixará de ser de esquerda ou de direita. E ainda bem!
Só quem não decide é que não sabe que governar é avançar ou recuar conforme as circunstâncias.
Exceto, talvez, o Presidente malabarista!