Um olhar despreconceituado… ou talvez não. A verdade é tudo o que nós ignoramos.
16.1.22
Fazer o ninho atrás da orelha
14.1.22
O abutre
(Italo Calvino)
Un giorno nel mondo finita fu l'ultima guerra,
il cupo cannone si tacque e più non sparò,
e privo del tristo suo cibo dall'arida terra,
un branco di neri avvoltoi si levò
Dove vola l'avvoltoio?
avvoltoio vola via,
vola via dalla terra mia,
che è la terra dell'amor.
L'avvoltoio andò dal fiume
ed il fiume disse: "No,
avvoltoio vola via,
avvoltoio vola via.
Nella limpida corrente
ora scendon carpe e trote
non più i corpi dei soldati
che la fanno insanguinar".
Dove vola l'avvoltoio?
avvoltoio vola via,
vola via dalla terra mia,
che è la terra dell'amor.
L'avvoltoio andò dal bosco
ed il bosco disse: "No
avvoltoio vola via,
avvoltoio vola via.
Tra le foglie in mezzo ai rami
passan sol raggi di sole,
gli scoiattoli e le rane
non più i colpi del fucil".
Dove vola l'avvoltoio?
avvoltoio vola via,
vola via dalla terra mia,
che è la terra dell'amor.
L'avvoltoio andò dall'eco
e anche l'eco disse "No
avvoltoio vola via,
avvoltoio vola via.
Sono canti che io porto
sono i tonfi delle zappe,
girotondi e ninnenanne,
non più il rombo del cannon".
Dove vola l'avvoltoio?
avvoltoio vola via,
vola via dalla terra mia,
che è la terra dell'amor.
L'avvoltoio andò ai tedeschi
e i tedeschi disser: "No
avvoltoio vola via,
avvoltoio vola via.
Non vogliam mangiar più fango,
odio e piombo nelle guerre,
pane e case in terra altrui
non vogliamo più rubar".
Dove vola l'avvoltoio?
avvoltoio vola via,
vola via dalla terra mia,
che è la terra dell'amor.
L'avvoltoio andò alla madre
e la madre disse: "No
avvoltoio vola via,
avvoltoio vola via.
I miei figli li dò solo
a una bella fidanzata
che li porti nel suo letto
non li mando più a ammazzar"
Dove vola l'avvoltoio?
avvoltoio vola via,
vola via dalla terra mia,
che è la terra dell'amor.
L'avvoltoio andò all'uranio
e l'uranio disse: "No,
avvoltoio vola via,
avvoltoio vola via.
La mia forza nucleare
farà andare sulla Luna,
non deflagrerà infuocata
distruggendo le città".
Dove vola l'avvoltoio?
avvoltoio vola via,
vola via dalla terra mia,
che è la terra dell'amor.
Ma chi delle guerre quel giorno aveva il rimpianto
in un luogo deserto a complotto si radunò
e vide nel cielo arrivare girando quel branco
e scendere scendere finché qualcuno gridò:
Dove vola l'avvoltoio?
avvoltoio vola via,
vola via dalla testa mia...
ma il rapace li sbranò.
12.1.22
O evangelho de José Saramago
Atraso indesculpável, não sei. Segui o escândalo, mas isso não tornou a leitura prioritária. Conhecia as personagens envolvidas, umas distantes e outras próximas, e também sabia que o tempo se encarregaria de separar as águas...
Neste último Natal, decidi meter mãos à obra, e fui avançando, primeiro um pouco pesaroso e depois mais interessado no debate entre Deus, o Diabo e Jesus... Claro que ia avisado, se não estivesse atento à ironia, tudo acabaria num processo de aceitação ou de rejeição conforme a disposição mental...
No essencial, Saramago questiona o Deus inventado pelas religiões judaica e cristã - um deus imperialista que não olha a meios para submeter os Anjos, as Mulheres e os Homens, no último caso, representados por José e Jesus de Nazaré.
O surpreendente é o Diabo e Jesus que, apesar de terem entendido muito bem as consequências para a Humanidade da estratégia de Deus, se deixarem reduzir a ovelhas mansas... Como diria o Pastor, não aprenderam nada!
Terminada a leitura, e salvaguardados os méritos lierários do Autor, confesso que a interpelação de Saramago em nada se distingue da minha. E nesse aspeto, o Evangelho de Saramago não deveria ser atribuído a Jesus.
A não ser que José Saramago se identifique com Jesus e tenha aproveitado o mito para ajustar contas com o Pai... Será que Saramago aprendeu alguma coisa?
10.1.22
Os leitores
9.1.22
O felino
6.1.22
O terceiro pastor
E se a não vejo, como poderei ver a aproximação dos magos!
Agora compreendo o motivo de José Saramago. No lugar dos magos surgiram três pastores.
a) Com estas minhas mãos mungi as minhas ovejas e recolhi o leite delas;
b) Com estas minhas mãos trabalhei o leite e fabriquei o queijo;
c) Com estas minhas mãos amassei este pão que te trago, com o fogo que só dentro da terra há o cozi. E Maria soube quem ele era.
(O Evangelho Segundo Jesus Cristo)
1.1.22
Sem remissão
Ontem, por exemplo, terminei a leitura de uma pequena obra, mas sagaz - 35 kilos d'espoir, de Anna Gavalda.
Nunca tinha ouvido falar desta autora até há poucos dias; no entanto, percebo que é muito conhecida, por exemplo, na Alemanha.
Anna Gavalda, baseando-se na sua experiência docente, narra a história de um jovem sem qualquer gosto pela escola porque, afinal, a escola também não gostava dele.
Ao contrário de muitos outros desencantados, Grégoire tinha objetivos bem práticos que passavam pela imaginação de soluções mecânicas - construir era o seu desígnio.
Apesar do fracasso escolar e familiar, acaba por superar as dificuldades, ajudado pelo avô.
Sinto que, de algum modo, também poderia ter escrito este belo livro, tantos foram os alunos que se sentaram à minha frente durante 46 anos, alguns completamente desenquadrados. Fico a pensar nos que se perderam... nos que perdi.