22.12.22

Desenfreados

 

Pensei que algo teria mudado no presépio dos Bombeiros Voluntários de Portela e Moscavide, mas tudo continua na mesma. Nem podia ser de outro modo. Afinal, de Belém para cá o que é que mudou?
O ser humano não tem cura por muito que pregue o contrário. Por ora, nem a pele natalícia consegue vestir... e não precisava de ser a lobo,  bastava a do cordeiro...
A verdade é que as armas não se calam e nem o frio as consegue travar.
Resta-nos o consumo, desenfreado.

16.12.22

Não estamos a falar...

Bombeiros voluntários de Moscavide e Portela
«Perde-se muito não falando com as pessoas.» José Saramago, Viagem a Portugal, pág. 89.

Escrever não é falar, mesmo que Saramago tenha sido exímio na arte de escrever como se estivesse a falar... 
Na escrita e na leitura não há interação entre as pessoas. Cada interlocutor fica sozinho com os seus pensamentos…
Faltam as 'presenças' e, consequentemente, faltam as réplicas e os seus efeitos - a ação verbal torna-se indireta e facilmente manipulável.
Já não há diálogo e onde este falha deixa de haver vida.
Apreciamos os símbolos, mas também eles são a expressão de um diálogo cada vez mais sem sentido.

12.12.22

É só olhar para o mapa...

Não há muito mais a dizer: Marrocos eliminou Portugal; Putin continua a destruir a Ucrânia, a seu belo prazer; no Irão, a liberdade de expressão abre a porta à forca; a Turquia ameaça bombardear Atenas... Enfim, é só olhar para o mapa, pois em cada canto há esbirros com ganas de destruir a torto e a direito…
Por cá, em tempo de rebofa, o preclaro caçarelho vai iniciar o périplo das 'urgências', com o ouvido na bola.

Com votos de Festas sossegadas, vou 'deliciar-me' com a Viagem a Portugal, de José Saramago, apesar do excesso de igrejas, mas a culpa não é do Viajante, mas, sim, das sombras que nos guiam...

10.12.22

A táctica falhou

(Marrocos eliminou Portugal no Mundial de Futebol.)

Eles sempre foram em maior número. Pelo menos, é o que nos ensinam desde as primeiras letras.
Perdemos mais uma vez e a culpa não foi da areia…
Deixámos o Cristiano no banco e atirámos os soldadinhos contra a muralha. De pouco serviu! Faltou-nos a Cruz de Cristo, mesmo se nela crucificado...
Ainda não é desta que El-Rei regressa!

8.12.22

Os sinais de inverno

 



Os sinais já são de inverno. No entanto, nunca se sabe, pois ninguém sabe o que o futuro nos reserva. Por outro lado, há quem insista em que só o presente é que conta...

Da Padroeira pouco se acrescenta, o que se entende, se até o Cristiano Ronaldo já começa a ser esquecido, por mais que ele esbraceje…

Nós somos assim! Bons garfos e beberrões, em estado de profunda amnésia.



6.12.22

Esmorece a circunstância

 

(Em dia de Portugal vs Suiça ou será ao contrário? 2 - 0 ao intervalo, com Cristiano Ronaldo a assistir.)

A informação é tanta que, às tantas, deixa de ser possível processá-la. Não há arquivo que a disponibilize quando necessária...
E depois surge a dúvida sobre se o conceito é adequado: os dados visuais e auditivos que vamos interiorizando são, na maioria, inúteis e prejudiciais à nossa saúde mental e financeira ou, em alternativa, guardamos nas memórias dos discos internos e externos.
Quando lá regressamos, parte da informação desapareceu, pois perdeu-se a circunstância.
Foram tantos os ficheiros que nos vimos obrigados a guardar sem critério legível: ou parávamos a identificar, a situar, a catalogar ou cumpríamos obrigações mais imediatas.
Suspendê-las não teria justificação, pois há necessidades que não podem ser adiadas. 

(Entretanto, Portugal já está a ganhar à Suiça por 4-0, com três golos do jovem Gonçalo Ramos... Resultado final: 6-1.)

1.12.22

Uma nova 'leitura' do 1º de Dezembro de 1640

“O ‘cavaleiro fidalgo’ Jerónimo da Costa e muitos dos duzentos e cinquenta outros ciganos que serviram nas fronteiras ‘procedendo na forma de traje e lugar dos naturais’ tombaram por Portugal“, recorda Marcelo, frisando a “homenagem” e “gratidão” que quer deixar expressa.

  • D. João III – 1538: “… que nenhum cigano, assim homem como mulher, entre em meus reinos e senhorios…” e “… entrando, sejam presos e publicamente açoutados com baraço e pregão”;
  • Regência de D. Catarina – 1557: repete-se a ordem de expulsão e acrescenta-se a pena de condenação às galés para os que não obedecerem;
  • D. Sebastião – 1573: repete as determinações anteriores, mas acrescenta que as mulheres não podem ser condenadas às galés, sendo-lhe aplicadas todas as outras penas;
  • D. Henrique – 1579: determina que se façam pregões em todos os lugares públicos, ordenando que os ciganos saiam do reino dentro de 30 dias; acrescenta que “qualquer um que seja achado fora deste tempo seja logo preso e açoitado publicamente no lugar onde for achado e degredado para sempre para as galés”;
  • Filipe I – 1592: faz nova ordem de expulsão do reino, a cumprir no prazo de 4 meses. Em alternativa, os ciganos deveriam fixar residência e deixar a vida nómada. Determina a pena de morte, sem apelo nem agravo, para todos os que se encontrassem, depois daquele prazo, a vagabundear pelo reino;
  • Filipe II – 1606: verificando-se o não cumprimento das leis anteriores, determinava-se novamente a expulsão dos ciganos. Acrescentava-se, para os prevaricadores, a pena de degredo e condenação às galés;
  • Filipe II – 1613: proibição de aceitar os ciganos como residentes no reino e determinação de expulsão de todos os que se aí se encontrassem, no prazo de 15 dias; acrescentavam-se penas idênticas às anteriores;
  • D. João IV – 1647: autorização para que os ciganos pudessem fixar residência nas seguintes localidades: Torres Vedras, Leiria, Ourém, Tomar, Alenquer, Montemor-o-Velho e Coimbra. Ficavam, no entanto, proibidos de falar a sua língua e a ensinarem aos filhos, bem como de usarem os seus fatos. Determinava-se ainda a obrigatoriedade de trabalharem. E os filhos com mais de 9 anos seriam tirados aos pais, indo servir para casas de não ciganos;
  • D. João IV – 1650: os ciganos foram aceites para servir nas fronteiras, respeitando as normas de fixação já impostas; determinava-se a pena de condenação às galés para os homens e degredo para Cabo Verde e Angola para as mulheres que não cumprissem a lei;
  • D. João IV – 1654: ordem de prisão para todos os ciganos que fossem encontrados no reino a vadiar;
  • D. Pedro II – 1689: os ciganos nascidos no reino eram novamente proibidos de vagabundear ou trazer trajes ciganos; deveriam fixar-se e viver como os restantes naturais do reino. Pena de morte para os incumpridores;
  • D. João V – 1707: decreto de expulsão de todos os ciganos do reino;
  • D. João V – 1708: nova decisão de expulsão, mas aceitando que os ciganos nascidos no reino e sedentarizados pudessem ficar;
  • D. João V – 1718: ordem geral de prisão e degredo para a Índia aos prevaricadores;
  • D. João V – 1745: nova lei de expulsão;
  • D. José – 1751: repetição das leis de expulsão total;
  • D. José – 1756: decretada pena de prisão a todos os ciganos perturbadores da ordem; obrigatoriedade de trabalharem nas obras públicas da cidade, até haver navios que os transportassem para Angola;
  • D. Maria – 1800: nova perseguição aos ciganos. Determinação de que se lhes retirassem as crianças, que seriam entregues à Casa Pia.
  • 1822 – Era concedida a cidadania a todos os ciganos nascidos em Portugal.
Apesar dos 200 anos que agora vencem, a discriminação ainda é grande, tal como a dificuldade de integração. Porque será?