30.11.23

A vida

Devo anotar que hoje choveu, por vezes, impiedosamente. Saímos de casa por volta do meio dia com objetivo de celebrar 49 anos de casamento. Em 1974, o Sol não faltou, talvez para abrilhantar a restrita e frugal cerimónia... porque, afinal, a minha família não compareceu - de nada serve acusar quem quer que seja...
Hoje, acabámos por almoçar no Corte Inglês para nos abrigarmos da chuva. A refeição foi simples, só que já não temos idade para circular em espaços fechados e tão movimentados...
Quando o cansaço e a ansiedade crescem, nem a psicoterapia (entre as 14:45 e as 15:30) consegue evitar a vontade de regressar a casa e de correr para vale de lençóis...
O que o futuro nos promete não parece ser muito auspicioso... De qualquer modo, não é possível escolher a vida, embora se possa desvalorizá-la...

29.11.23

Exercício de paciência...

Levantar às 7. Tomar banho. Despejar uma máquina de loiça. Eutirox 25. Preparar um pequeno almoço.
Eutirox 75. Comprar no centro comercial três bolas de centeio. Voltar a casa.
Medicamento para a tensão. Voltar a sair, acompanhar o filho, hoje, até ao autocarro.
Regressar a casa. Apanhar e estender roupa. Atenção ao relógio: a acupuntura está marcada para as 11 horas.
Voltar ao centro comercial: avaliação de relógios no relojoeiro que, de facto, ninguém quer; loja de animais, comida seca para a gata...

(Registos e mais registos.)

Às 11:54, sentei-me, a pensar em ler umas páginas de Canetti, Las Voces de Marrakech.  Em 26 minutos, mergulhei  na estória La MUJER DE LA REJA. Afinal, a mulher, sem véu e faladora, dá provas de insanidade naquele contexto.

Faltava apressar a saída - ajudar a vestir, pentear, dar de comer à gata... Era preciso chegar a horas à cantina dos Serviços sociais da administração pública - pataniscas com arroz de feijão... Hesitação: o horário do cinema Nimas era incompatível com o tempo disponível... Assim regresso a casa, aproveitando para visitar a irmã Teresa no Lar Mil Primaveras...
(...)
Noutro qualquer dia, darei conta do exercício.... 
sobretudo porque a chuva intermitente faz-me saltar de estendal, ora exterior ora interior.
O drama avoluma-se: a memória falha no que é essencial e cresce no que parece distante e acidental. Por exemplo, para que serve o morfex e o psidep? A resposta já foi dada mil vezes, mas é como se tal nunca tivesse acontecido...
Agora, 19h35, o sono forçado é interrompido para comer umas bolachinhas...,como se nada tivesse acontecido.

26.11.23

Promessas


Prometer é fácil, o problema está em cumprir...
Chegada a hora, a culpa será de quem terá deixado os cofres vazios...
Ou, então, a culpa será da memória efémera...

Eu, que sou experimentado em promessas falhadas, já deveria ter desligado... mas, todavia, uma pequena esperança tremelica...

23.11.23

Irritante

Poderia dizer que ando muito stressado / estressado, mas a palavra desagrada-me. Prefiro, assim, dizer que ando muito irritado. E porquê? 
... porque foram necessários dois meses para que a Fidelidade (que diabo de nome?) me desse razão num acidente em que não tive qualquer responsabilidade...
... porque, quando a memória falha, tudo deixa de fazer sentido...
... porque me deixei ludibriar por publicidade enganosa: paguei aos chineses (ou a quem se faz passar por eles) o triplo do custo de uma almofada, quando o  que encomendara era uma cadeira de baloiço com... almofada e não só...
... porque depois de pagar um frete, me pedem para ir buscar a mercadoria...
... porque a Vodafone me cortou o sinal do pacote MEO em dois dias seguidos, obrigando-me a solicitar o serviço técnico da minha operadora, porque há quem seja mau profissional e /ou/ preguiçoso...

No entanto, nem tudo é irritante: hoje dois jovens profissionais (da empresa R. Martins Climatização) substituíram, em três horas, um equipamento de ar condicionado, deixando tudo impecável.

20.11.23

Hoje

relembro que terminei o mestrado há 27 anos... creio que, a partir daquele 21 de novembro de 1996, o caminho foi sempre a descer... a queda não tem sido grande, apesar do ponto de partida me ser desfavorável.
nestas páginas, há exemplos suficientes dos obstáculos ultrapassados, mesmo se a consciência disso fosse ténue... um passo em frente e outro à retaguarda, esquerda volver... cantilena de uma longínqua parada...
disseram-me, hoje, que o presídio militar de santarém tem acolhido uma universidade sénior de dançarinos e coristas...razão suficiente para não integrar nenhuma dessas promissoras universidades, pois noutros tempos não me foi reconhecida qualquer apetência para tal arte... eu que até nem sou surdo.

18.11.23

Quem visualiza...


Quem visualiza, vê o quê?
Por exemplo, ontem, o registo é de 283 visualizações anónimas...
Espero que não seja o radar do Ministério Público...


Para os devidos efeitos, informo que esta árvore se encontra no Jardim da Estrela, em Lisboa.

Assim, talvez, seja mais fácil recolher indícios da minha atividade...

13.11.23

O texto vai ganhando corpo...


O parágrafo já lá vai... o texto vai ganhando corpo, e nós à deriva, pois não sabemos se aquilo que é transcrito corresponde ao que foi dito e por quem...
De qualquer modo, já deveríamos ter aprendido a lição.

Por ora, vou lendo "O 25 de Abril e o Conselho de Estado - A Questão das Actas" de María José Tíscar Santiago, percebendo que, em 1974, apesar da voragem política, ainda havia atas das reuniões dos órgãos políticos...

Hoje, como é? Os atuais governantes terão abdicado dessa formalidade, preferindo estar permanentemente sob escuta?
E quanto ao Ministério Público, quem o escuta ou será que tem atas?