7.1.24

Assoreados

2024 ainda agora começou e já estou cansado. Objetivamente, o desleixo dá cabo de mim: foi preciso pôr a lavar e a secar uma montanha de roupa... e o nevoeiro não tem ajudado. 
Torna-se impossível ir a um encontro num lugar desconhecido, porque o GPS anda cada vez mais confuso e não há lugar para estacionar.
Faltam projetos - todos se consideram melhores, mas ninguém sabe porquê. Deste lugar, observo o Tejo assoreado: a ilha cresce, arrisca virar continente. No entanto, ninguém promete acabar com o assoreamento.
Assoreados, entupimos... 
Eu vou continuar a leitura de Almas Mortas, de Gogol, mesmo que não tenha qualquer motivo para as comprar.

5.1.24

Em 2024

Entrámos. Eu venho sem pressa... a Sammy não compreende por que motivo interrompo tudo o que inicio...Já lá vão seis horas.... há anos que uns tacos esperavam que eu os recolocasse: foi preciso comprar uma cola especial, eliminar os detritos, apará-los do inchaço... e como uma coisa arrasta a outra: liguei o Kirby e aspirei tudo - o cotão, o bolor, o pó.... Duas horas de limpeza!
A Susana regressou a Hamburgo. Vive à sua maneira, e o melhor é não interferir, ajudar enquanto for possível. Por vezes, a sua capacidade de compartimentar irrita, um instante, apenas.
Entretanto, o Ministério Público não desiste de enterrar o Costa. Se eu estivesse no seu lugar, entregava as chaves do Governo ao Marcelo... Há muito que penso que o MP é a continuação do Tribunal do Santo Ofício.

29.12.23

Sobre os telhados

É lá que vivem!

Os detalhes do quotidiano disciplinado nunca chegaram a ser assimilados, não se sabe porquê...

Não me apetece assumir a responsabilidade já que outrora também eu parecia fadado a voos fantásticos, mas irrealistas.

Cedo aprendi a fazer a cama, até porque vivi mais de cinco anos em camaratas. E mesmo que essa disciplina não me tivesse marcado, quando cumpri o serviço militar ( em nova camarata) estava fora de causa deixar de fazer a cama, engraxar as botas, chegar a horas...
Claro que há quem não tenha tido necessidade de viver em camarata para aprender que há um conjunto de habilidades fundamentais para evitar que o caos se instale.

23.12.23

A chegada

No aeroporto da Portela, a enxurrada é a habitual, mas hoje ainda é maior. Nela vem a Susana, passar o Natal e entrar no novo ano... Para ela, espero que seja melhor, porque para mim chega-me estar, disponível...
Felizmente, moro perto e estou habituado a este movimento. Fico, no entanto, com a sensação de que alguém mandou abrir as comportas. Diz-me o Daniel que o culpado é o António Costa. Será?

21.12.23

Hoje, é quinta-feira

Ninguém quer almoçar comigo: a Maria Isabel comeu uma sopinha, mais cedo e refugiou-se na caminha, a pretexto da alergia ao frio; o Daniel, de férias, foi passear, mas disse que voltava à hora de almoço... Enfim, são duas da tarde... e eu espero.
Aproveito para avançar na leitura de Almoço de Domingo, de José Luís Peixoto. Parece que este livrinho foi escrito para mim, e não para o senhor comendador, Rui (Nabeiro)... Neste romance, o protagonista nasceu investido de um ritmo ponderado, reflexivo, que, de facto, me seduz, pois começo a aceitar os imponderáveis como se eles fossem naturais. O importante é estar no lugar certo.
Já não se trata de saber quem se é, mas de saber estar, em sossego, até que o vento sopre uma última vez.
O Daniel acaba de chegar. Agora, vamos almoçar.

17.12.23

O Louco e a Lua

Diz-me Nikolai Gógol que ' a Lua se fabrica, normalmente, em Hamburgo, e é de péssima qualidade (Diário de um Louco (...) o fabricante é um tanoeiro coxo, e vê-se logo que é imbecil, não tem a mínima noção de Lua. '

O Louco anunciara que ' amanhã, às sete horas, ocorrerá um fenómeno estranho: a Terra pousará na Lua.'

Nos próximos meses, Portugal vai ALUNAR, tantas são as promessas dos novos tribunos, obviamente coxos e imbecis... E nós vamos com eles!

15.12.23

Agora, o ruido de uma mota

A gata ressona. A mulher procura dormir, insiste na necessidade de dormir. Os olhos frustram-me o gesto de escrever.... os chinelos lá se acomodam nos pés...

(pensava no esquecimento que se instala, na morte da caruma, no absurdo da valorização da memória ... se tudo se torna cinza...)

A porta volta a abrir-se, os passos dirigem-se para a casa de banho, o interruptor foi desligado, a porta volta a fechar-se - são 20h40.

Aproxima-se, no falar madeirense, o parto. 

De acordo com o que fica dito, não vejo motivo para a celebração natalício... e nem é preciso pensar no que se passa na Faixa de Gaza, no Sudão ou na Ucrânia...

Triste parto! 

Por um momento, a noite será de reunião e de memória, triste.