Parece-me que, nesta última semana, o lagarto atravessou o Atlântico para se rir de mim. Não sei se tem duas caudas ou apenas uma, mas sei que eu pareço ter duas caras. De facto, deixei que me elegessem novamente para um cargo a que prometera não voltar. No entanto, senti que não podia dizer que não. Não podia esconder-me por trás da memória traiçoeira nem refugiar-me na debilidade que me esgarça os ossos. Esse tipo de argumentação enoja-me profundamente e, por isso, enquanto puder, resistirei.
De mim, ninguém poderá esperar abordagens que não sejam pedagógicas, o que significa colocar-me na perspectiva de quem defende um ensino mais eficaz, que nunca perca de vista a valorização humana de cada aluno, mesmo que isso signifique rumar contra o pragmatismo político, o carreirismo docente e o oportunismo de alguns encarregados de educação.
A tutela eliminou a pedagogia das escolas: o currículo e a disciplina substituíram a educação; no lugar do pedagogo instalou-se o jurista e avança-se com o delegado de segurança. A palavra de ordem é disciplinar. E para isso a peça essencial é o "regulamento interno", em permanente actualização…
E o lagarto, trocista, não deixa de sorrir, mas por enquanto vai ter dificuldade em assustar-me…