14.11.15

A imaginação destruidora (cábula para um jovem desorientado)

Ontem, alguns indivíduos acrescentaram à "cábula para um jovem desorientado" uma terceira ideia - a imaginação destruidora.
Uma imaginação que serve um princípio que poderíamos pensar que fosse absurdo, doentio, mas que, de facto, serve uma causa cujos protagonistas consideram criativa. Por exemplo, a construção de um "estado islâmico" ou a refundação de califados há muito extintos...
Em Paris, ontem,  a imaginação deu à MORTE tal protagonismo que, hoje, o MEDO campeia, pondo em primeiro plano solidariedades proibidas e ruinosas. 
Do Irão à Turquia, passando por Israel, pela Rússia, pela China e pelos países ditos democráticos, mas que se alimentam da indústria do armamento, todos proclamam o seu apego à Liberdade..., fazendo rigorosamente o contrário.

13.11.15

Cábula para um jovem desorientado

Tema: A imaginação

Introdução (2 ideias, 1 parágrafo)

A - A imaginação como processo de fuga, de libertação de situações constrangedoras.
B - A imaginação como processo criativo.

Desenvolvimento (2 situações, dois parágrafos)

Situação primeira: explicitação de casos em que o indivíduo recorre à imaginação para se evadir - imaginação estéril e primária. Exemplos: sala de aula; vida familiar, social e política...
Situação segunda: explicitação de casos em que o indivíduo recorre à imaginação para criar alternativas (ideias, ferramentas, artefactos...) - imaginação artística, científica, tecnológica... Exemplos de acordo com o plano de estudos do jovem desorientado...

(Metodologia: na primeira situação, o indivíduo recorre à experiência; na segunda recorre à investigação, à indagação.)

Conclusão (1 parágrafo)

O escrevente confirma se o desenvolvimento do tema cumpre o estabelecido na introdução e, sobretudo, se contribui para uma melhor compreensão do processo imaginativo.

12.11.15

... como a lesma

Tudo na mesma, como a lesma!

Segurança Social, 28/10/ 2015:

"Informamos V. Exª que nesta data foi a C.G.A informada do valor correspondente à nossa comparticipação."

Caixa Geral de Aposentações, 12/11/2015:

Informamos V. Exª que, à data, a C.G.A. não recebeu qualquer informação da Segurança Social...

Fui, entretanto, informado que estas duas instituições estão ligadas por uma plataforma informática que lhes permite editar e consultar os processos em simultâneo...

Apesar de tal ferramenta, estes organismos continuam a tentar comunicar por fax...

11.11.15

Já não há empresários portugueses!

Não sei se os empresários têm voz, mas, apesar daquilo que vou ouvindo, custa-me acreditar que eles se deixem influenciar pelo poder político, a não ser que vivam do favorecimento dos governos...

Oiço, no entanto, que, neste último mês, os pequenos e médios empresários suspenderam os investimentos ou deslocalizam o negócio ou a sede das respectivas empresas. Quanto aos grandes empresários, parece que não há notícias...

A única ideia que me assalta, de momento, é que já não haverá empresários portugueses... embora haja médicos portugueses, enfermeiros portugueses, professores portugueses, funcionários portugueses, trabalhadores portugueses, pescadores portugueses, agricultores portugueses, artistas portugueses, polícias portugueses, militares portugueses... - todos eles a exercer os seus ofícios, independentemente do poder político do momento.

Não creio que os portugueses estejam disponíveis para suspender o trabalho à espera que o Governo caia ou tome posse.

10.11.15

Ao cuidado do Presidente Aníbal António Cavaco Silva

Vistas a circunstâncias, considerando a situação do Presidente Aníbal António Cavaco Silva, e não querendo afastar-me do que, ontem, aqui escrevi, vou continuar a citar João Ubaldo Ribeiro, O Feitiço da Ilha do Pavão, pág. 188-189:

«Ouviu então, com o sobrolho franzido e momentos em que, pasmo, abria a boca e erguia os olhos para o alto, a espantosa descrição do estado a que chegara a ilha do Pavão, praticamente uma oclocracia independente, às vésperas da anarquia, onde não tinham vigência, ou mesmo se conheciam, os éditos e ordenações da Coroa, nem as regras da Igreja; onde o elemento servil já praticamente não existia, onde, se se dissera oclocracia, governo do vulgo e da gentalha, melhor se dissera dulocracia, governo dos escravos, pois que se ombreiam com seus senhores, comprando propriedades, comerciando, vestindo-se como brancos e até casando com brancos, tanto negras quanto negros...»  

Glossário facilitador: 
- OCLOCRACIA - sistema de governo em que predominam as classes inferiores.
- DULOCRACIA - sistema de governo em que predominam os escravos.

9.11.15

Cansado de pavonadas

Ainda não percebi bem se o sentimento é de alegria se de tristeza. De qualquer modo, o recurso ao termo "sentimento" obriga-me a pensar que me estou a afastar da autenticidade - na esfera do sentimento há sempre uma certa dose de encenação...
Talvez por isso, hoje, só vi rostos fechados, expressões de incerteza.
(...)
Afinal, quem é que vai pagar a conta? A Europa? Os ricos?
Os ingénuos e os matreiros pensarão que há mil maneiras de "apagar" a conta. A forma mais simples seria não pensar mais nisso, mas a História ensina que a conta é sempre paga pelos pobres. 
Convém relembrar que o "estado de pobreza" não é uma noção estática: nasce-se pobre, mas, também, se cai e morre na pobreza. 
Atalhar a tal fatalidade exige que se produza riqueza.
(...) 
Nos rostos fechados, expressões de incerteza, não vi, hoje, qualquer indicador de produção de riqueza. Só sinais de despesa! 
(...)
Cansado de pavonadas, termino como uma citação de João Ubaldo Ribeiro, O feitiço da Ilha do Pavão, pág.126, Editora Nova Fronteira: 

«- Aqui neste reino há cativos, sempre haverá cativos. Enquanto o mundo for mundo haverá cativos, pois sempre existirão os que nasceram para isso e os que nasceram para mandar, esta é a voz verdadeira dos grandes filósofos e a voz verdadeira da vida.»

Por estes dias, prefiro ler João Ubaldo Ribeiro!

8.11.15

Até à data

«Às palavras que descem pelo rio
deito a rede em que me deito,
e se adormeço então,
acordo
de olhos muito abertos.»

Pedro Tamen, Dentro de Momentos, 1984 

Ainda pensei que poderia ser poeta, mas cedo descobri que me faltava o rio, e quando o encontrei, logo percebi que as canas corriam para o mar, umas vezes devagarinho, outras, apressadas... Quanto às palavras, elas sempre foram mais demoradas... 
Das poucas vezes que a rede lancei, se as palavras aconteceram, elas perderam-se antes de eu adormecer...
Até à data, o mais que já observei foram trutas que subiam o rio, e não me apeteceu lançar-lhes a mão. Fiquei ali, de olhos muito abertos, a vê-las saltar os obstáculos ou a contorná-los como se aquele fosse o último dia, o último luar...