18.12.15

Os novos Programas de Português e de Matemática

Conferir pautas de avaliação pode parecer um ato burocrático aborrecido e inútil,  no entanto, durante a tarde de hoje, fiquei com a noção de que os novos programas de Português e de Matemática não devem ter sido pensados para os atuais alunos do 10º ano de escolaridade - os resultados por eles obtidos são catastróficos.
Pode ser que esta situação de insucesso seja local, mas estou convencido que se o Ministério da Educação fizesse uma análise nacional das classificações deste 1º Período, rapidamente se veria forçado a suspender os Programas que entraram em vigor em 2015-2016.
Para bem de todos, espero estar enganado...

17.12.15

O melhor é ter à mão um dicionário

Não sei se a responsabilidade deve ser atribuída ao método global, a verdade é que querer ler sem conhecer o significado de cada termo só pode dar em asneira. 
Não se trata já de juntar letras ou juntar sílabas, mas, sim, de encadear palavras, conhecido o significado possível determinado pelo contexto ou pela necessidade de nomeação. 
Como um todo, devemos encarar a frase ou, melhor, o enunciado, porém fazê-lo, pondo de parte o significado, só terá algum sentido se o objetivo for procurar a harmonia / desarmonia...
Admitindo que este último não é o objetivo primeiro do ato de ler, então o melhor é ter à mão um Dicionário...

(Vem isto a propósito do empobrecimento lexical que vai crescendo um pouco por toda a parte e, em particular, nas nossas escolas.)

16.12.15

A sageza

«Quando chegares ao cimo de uma montanha, continua a subir.» Ditado Zen

Agora que cheguei à página 79 de Os Vagabundos da Verdade, de Jack Kerouac, começo a pensar que a minha primeira reação ao romance Os Subterrâneos deve ter sido excessiva...

A sageza só é possível se sairmos dos círculos académicos, citadinos, burgueses... e mergulharmos intensamente na natureza, experimento-a até ao limite das nossas forças. Se esta for a via, o conhecimento só será útil se colocado ao serviço da interação do sujeito com o cosmos.  

15.12.15

A política e a moral de José Sócrates

Apesar de, em fundo, José Sócrates atacar ininterruptamente tudo e todos, à exceção do Amigo, hoje estou sem tema, embora pudesse aqui rever a cordata e avisada conversa que tive com um colega que me habituara a considerar um pouco espalhafatoso e excessivo... o que me leva a pensar que, frequentemente, não ouvimos com a devida atenção aqueles que são nossos companheiros de profissão...
Quanto a José Sócrates, continuo sem entender o "processo". Gostaria, no entanto, que as televisões dessem ao Amigo a possibilidade de explicar o seu papel em toda esta trama...
Ao contrário do meu colega que reconhece que a cortesia é fundamental mesmo quando a divergência é total, José Sócrates declarou para quem o quis ouvir que a moral é uma questão privada que não deve interferir na ação política...
Talvez seja por partilhar este princípio "socrático" que o Amigo continua em silêncio - não quer confundir a sua vida privada com a vida pública do "animal político"...

14.12.15

Sete Cavalos na Berlinda


Significado de Berlinda
s.f. Carro hipomóvel, de quatro rodas, suspenso entre dois varais, recoberto de uma capota.
Maquineta para o transporte de imagens de santos.
Estar na berlinda, ouvir, nos jogos de prendas, a enumeração de seus defeitos ou qualidades.
P. ext. Ser alvo, durante certo tempo, de censuras ou motejos; ser o assunto do dia.
                                                                          (Dicionário online de Português)

SETE CAVALOS NA BERLINDA é uma história escrita por Sidónio Muralha (1920-1982) e ilustrada por Márcia Széliga, em que o primeiro decidiu pôr na berlinda os sete cavalos que fugiram da berlinda do Senhor Agapito.
O exemplar que me chegou às mãos é editado pela Global Editora, o qual, apesar da sua brevidade, é capaz de provocar a boa disposição de qualquer adulto e, sobretudo, de pôr a pequenada a sonhar e a imaginar novas situações igualmente fantásticas...e parece adequado à quadra que atravessamos.

13.12.15

O sofrimento e a dor

Bion (1970*) considera que a dor é o que se instala quando o paciente não tem capacidade de sofrer.

Na minha perspetiva, a incapacidade de sofrer transforma em dor estados de morbidez que só poderão ser ultrapassados através da mudança de atitude.
De certo modo, tudo o que perturba o paciente é por ele atribuído à dor, procurando consequentemente um remédio imediato, o que explica o sucesso da indústria farmacêutica.
Sempre que entramos numa farmácia, verificamos que elas estão cheias, como se fossem um supermercado.
Em muitos casos, a conta da farmácia ultrapassa a do supermercado e ninguém se interroga sobre esta realidade.

O medicamento acaba por fazer parte do cabaz hedonista. O estoicismo tem cada vez menos seguidores.

* W. Bion, L'Attention et l 'Interprétation. Paris: Payot.

12.12.15

Os amigos da linha

Colocar um "post" de um blogue no facebook ou noutra rede social pouco acrescenta. Os amigos estão ocupados com imagens, sons, piadas de mau gosto e, sobretudo, com adulações de todo o tipo.
As hiperligações podem ser maçadoras e obrigam inevitavelmente a uma pausa que coloca os amigos fora de linha.
Hoje, já ninguém quer sair do radar!
Os amigos das redes sociais estão sempre à mão, mesmo quando ignoramos a sua presença, ou eles ignoram a nossa... provavelmente, eles já deixaram de nos ver há muito, mas nós sabemos que eles continuam por ali, em linha.

Estes são os amigos da linha, em regra, o nosso estatuto é medido pela quantidade e não pela partilha. Claro que há exceções! Mas esses têm memória... de alegrias, de dissabores, de encontros e de desencontros e, por vezes, de perdas.
Os amigos da linha ajudam-nos a compreender que a amizade está cada vez mais volatilizada.