19.4.16

Democracia de confessionário


As ideias surgem-me avulsas e inconsequentes, mudas seguem o seu caminho que é não incomodar ninguém. No entanto, uma delas não para de me dar comichão no cocuruto - vivemos numa democracia de confessionário.
Anda por aí um Costa, mais propriamente, o Carlos, que fiel servidor do eurismo, esconde informação vital ao decisor ou a quem pensa que ainda decide... Qual confessor, o Carlos não informa o governo das patranhas congeminadas lá para os lados de Frankfurt, deixa-o enredar-se em soluções de última hora que acabarão por levá-lo ao cadafalso. Diz que são as regras do sigilo, ignorando que, em democracia deveria vingar a transparência...
Afinal, o velhinho segredo de estado continua a fazer o seu caminho... e as suas vítimas, muitas!

18.4.16

De viés

Se a sociologia é uma ciência, do que é que estou a falar quando acuso um sociólogo de ser de direita, o qual, por seu turno, já acusou outro de ser de esquerda? Poderá a ciência ser de direita ou de esquerda? Ou, afinal, a sociologia nunca foi uma ciência, resumindo-se à ideologia daqueles que não conseguem despir-se das vestes do poder?
(...)
Passa por mim uma criatura que me evita o olhar e que se refugia na vitrine do hotel  para me observar de viés, como se não me conhecesse. No instante, interrogo-me sobre o mal que lhe terei feito, e sigo caminho... Mais adiante, outra criatura, em visita institucional, saúda-me majestaticamente, como se lhe faltasse a montra, e eu sigo pensando no perdigão que subiu a uma alta torre...
Apesar da visão refractiva me cansar cada vez mais, procuro esquecer aqueles que me olham de viés, mas é difícil.
(...)
O confronto verbal ignora a tema e perde-se em atalhos. A referência vive embrulhada na motivação, diluindo-se na banalidade do cidadão comum que, por sê-lo, voltou a ser súbdito...

17.4.16

Alberto Gonçalves, sociólogo de direita

 «Porque é que isto acontece? Ninguém faz ideia. Um governo do partido derrotado nas urnas, chefiado por uma nulidade irresponsável, herdeiro da histórica competência do PS, repleto de adolescentes mentais e iluminado pela ponderação do PCP e do BE tinha tudo para funcionar. É a história do maluco que se lançou várias vezes do 3º andar com consequências aborrecidas - e agora lança-se do 5º para ver se aterra ileso.» Alberto Gonçalves, Sociólogo, DN 17 de abril de 2016.

Primeiro não quis acreditar que fosse possível viver num país governado por uma nulidade irresponsável, depois reli o excerto de «Aos comentadores de "direita"» atento aos sinais de IRONIA. E percebi que os fundadores do PS eram incompetentes, que os quadros atuais pertencem à categoria dos adolescentes pré-adultos, que o PCP e BE não passam de grupos de destrambelhados. Quanto à história do maluco, desconheço o referente.
Embora pensasse que o Sol quando nasce é para todos, hoje sei que não é bem assim. O Sol ilumina os comentadores de "direita", mesmo que estejam adormecidos. De qualquer modo, o sociólogo Alberto Gonçalves já começou a despertá-los.
Sem querer ofender o ilustre sociólogo - afinal, a Sociologia também pode ser de direita! Salazar  foi uma nulidade irresponsável ao bani-la das Universidades - vou lembrar-me deste dia sempre que entrar ou passar por perto da Quinta Pedagógica dos Olivais.

16.4.16

Nunca fui escuteiro

As andorinhas ainda não chegaram, porém os escuteiros estão um pouco por toda a parte.
O dicionário da  Porto editora define o ESCUTEIRO como «mancebo pertencente a uma associação organizada, que se exercita em serviços humanitários e se prepara para a defesa da Pátria.»
A definição parece-me um pouco retrógrada: ignora as mancebas; confunde o escutismo com o voluntariado; revela uma matriz militar...
Eu nunca fui escuteiro, embora tenha sido seminarista, voluntário à força, tenha cumprido o serviço militar, campista e caravanista...
Bem vistas as coisas, só me falta ser escuteiro, mas creio que o melhor seria começar por rever a definição do termo...

15.4.16

espirro com letra minúscula

espirro com letra minúscula
(nunca atribui grande dignidade ao espirro)
a verdade é que raramente espirro
só que quando espirro a carcaça desfaz-se...
(...)
 talvez seja por isso que perco a paciência
(de mim todos esperam que seja paciente
há mesmo quem pense que nasci paciente)
só que ninguém ouve a carcaça a desfazer-se
(...)
casco velho cheio de frinchas
depois de me embebedarem os quistos
querem agora dissecar-me os gânglios
só que eu  prefiro o mar de sargaços
ou será de engaços
abstémio
disse-lhes que sim, daqui a seis meses,
sejam pacientes que eu vou ver se não espirro
(...)
se um costa incomoda muita gente
dois costas incomodam muito mais
e sobretudo um incomoda o outro

14.4.16

Não sei se...

Não sei se o atual ministro das finanças anda a esconder a verdade, mas custa-me aceitar que aqueles que, nos últimos anos,  nos mentiram diariamente venham acusar quem quer que seja de mentiroso.

Não sei se o Bloco de Esquerda não tem mais nada para fazer, mas parece. Talvez pudesse aproveitar o tempo para estudar um pouco de Gramática! Consta que o BE quer substituir o masculino pelo neutro para acabar com a discriminação. Haja paciência!

Não sei se o Almada Negreiros discriminava os ciganos, no entanto não deveria tê-los trazido à baila na guerra ao Dantas:

O DANTAS É UM CIGANO!
O DANTAS É MEIO CIGANO!

... e sobretudo não deveria ter discriminado as CIGANAS!

13.4.16

No reino da informalidade

As fronteiras podem ser uma fonte de conflitos, a história o ensina. Um pouco como a formalidade pode matar a espontaneidade e a imaginação.
Há, contudo, um certo tipo de informalidade que, como o aluvião, tende a ignorar as regras que impedem a subversão de valores e de comportamentos.
Dito de outro modo, há cada vez mais comportamentos que esmagam todo e qualquer valor.
Nem já os detentores do poder revelam ser capazes de separar a res púbica da res privata. O primeiro-ministro delega num amigo a responsabilidade de o representar em negócios equívocos.
Os exemplos são múltiplos!
Vivemos no reino da informalidade e quando tal acontece vinga a estupidez.