22.6.16

Não gosto de empates nem de empatas

Não é por nada, mas não gosto de empates nem de empatas. Na vida, como na bola, o empate não serve ninguém.
Por esta hora, sinto-me feliz. Vou esperar por sábado, ciente que, no jogo, o empate não é solução. Como eu gostaria que esta minha confiança fosse extensiva à vida política portuguesa. 

21.6.16

Estaremos a ficar desenvergonhados?

«...ça signifie que nous sommes en train de perdre tout sentimento de honteUmberto Eco, Numéro Zéro, page 232, Le Livre de Poche.
(Já não sei se estamos a ficar desenvergonhados ou se nunca aprendemos a ter vergonha.)
Esta minha indecisão é filha de um estado contraditório em que a educação judaico-cristã me fez respeitar certos princípios (valores?), como os do pudor, da responsabilidade e da honra. Sempre que desrespeitasse alguma destas regras, deveria sentir vergonha, confessar o pecado e arrepender-me... Por outro lado, Nietzsche e Freud alertaram-me para o peso excessivo da censura cultural e pessoal, deixando-me a balouçar entre a autocrítica permanente e um certo tipo de libertinagem, bastas vezes, antissocial.
Ouvi ou vi escrito que Armando Vara pede uma comissão de inquérito parlamentar que avalie o seu contributo para a bancarrota em que o país mergulhou. O mesmo exigem o PSD de Passos e o CDS de Cristas, embora por motivos diferentes...
Todos eles se dizem católicos; nenhum será judeu, quero crer. No entanto, comportam-se como suicidas a quem a palavra do Livro nunca terá chegado. 

20.6.16

Domani (Amanhã)

Domani é o nome de um jornal, imaginado para, sem chegar a ser publicado, dar conta do modo como o jornalismo perde, por inteiro, a independência e de como os jornalistas são  controlados por um diretor ao serviço de um "patrão", cujo único fito é eliminar todos os que lhe podem travar a ambição.
O que acabo de escrever procura interpretar o pensamento de Umberto Eco no romance Número Zero. Apesar de publicado em 1992, só agora o leio, mas vejo nele, mais do que o manual do mau jornalismo da época, uma antevisão do jornalismo da atualidade...

(Em leitura: Umberto Eco, Numéro Zéro, Le Livre de Poche)

PS. Creio que este livro deveria ser de leitura obrigatória de jornalistas, advogados, magistrados, sem esquecer algumas das vítimas da comunicação, dita, social.


19.6.16

O pecado privado e o pecado público

Ontem, pedi aqui perdão, mas não disse do quê.
E também ninguém se preocupou com a falta do complemento direto. Terão, talvez, pensado que me referiria à minha ausência na manifestação em defesa da escola pública. De certo modo, era verdade - o meu espírito gregário é frágil.
No entanto, o que eu quero reafirmar é que nada tenho contra a escola pública nem contra a escola privada. Estudei e ensinei em ambas, e encontrei virtudes e defeitos nas pessoas que as serviam ou que, infelizmente, se serviam delas / nas pessoas que as servem ou que, infelizmente, se servem delas.
Sei que insistir neste tipo de abordagem pode parecer insanidade minha, mas é assim que penso.
O pecado privado em nada se distingue do pecado público. Por exemplo, o padrão comportamental da gestão do CGD é, afinal, o mesmo do BES, do BANIF, do BPN, do BPP.
Ambos arruínam o país. Nenhum tem perdão. No entanto, os responsáveis continuam à solta. Provavelmente, porque, num país católico, só o Juízo Final lhes ditará o destino...
E isso eu não perdoo!

18.6.16

Espero que me perdoem...

Espero que me perdoem, mas eu nunca fui de autos de fé, touradas e procissões!
Raramente, fui a uma manifestação. E quando fui, não posso dizer que me tenha arrependido, mas senti-me sempre a mais. 
A verdade é que detesto fenómenos de massas, talvez porque considere que os pastores são verdadeiros manipuladores de opinião, acabando mais cedo ou mais tarde por tosquiar o rebanho...
(...) Nada tenho contra a escola pública, nem a consigo imaginar como inimiga da escola privada. Para mim, simplesmente, há homens e mulheres, nos dois lados, que não são dignos de se ocupar da instrução do cidadão.

17.6.16

Se eu fosse inglês...

Se eu fosse inglês, votaria a favor da saída da União Europeia. Não é que a ilha se baste a si própria, mas pode sempre aprofundar os laços económicos e financeiros com as suas extensões coloniais, evitando, deste modo, a supremacia germânica...
Portugal, antiga e reiterada extensão colonial inglesa, no essencial pode apresentar os mesmos argumentos que o Reino Unido, pois o centro da Europa insiste em desligar-nos do passado de descoberta e, posteriormente, colonial.
A verdade é que, se a nossa soberania, no passado, sempre foi frágil, hoje, não passa de uma ilusão. Não há matéria em que possamos tomar uma decisão sem a aprovação do suserano.
(...)
À Alemanha, a saída da Inglaterra acaba por ser conveniente. A médio prazo, acabará por aceitar a adesão da Turquia e negociar acordos económicos favoráveis com a Rússia...
E Portugal, em vez de ser o rosto da Europa, como defendeu Fernando Pessoa, acabará por ser a porta dos fundos.

16.6.16

A violência corrói os nossos dias

Jo Cox, representante de "West Yorkshire" no Parlamento britânico foi assassinada.

Não há hora em que a violência não seja notícia e, sobretudo, repasto para multidões famintas de sangue. 
A causa pouco interessa, embora se saiba que, em muitos casos, a violência pontual procura que a mesma se multiplique.
Parece que, por toda a parte, a agressão substitui a palavra, sem esquecer aqueles que usam a palavra para incitar à violência.
Da Rússia aos Estados Unidos, passando pela Turquia, pela França e pela Inglaterra, a vertigem da barbárie tomou conta dos comportamentos mais primários, atirando a educação para o caixote do lixo.

Jo Cox, defensora de causas humanitárias, é a vítima ideal para os fundamentalistas que, a todo o momento, calcam aqueles que procuram preservar a lenta humanização do homem.
O que, ultimamente, se tem visto, é o despertar da irracionalidade que, no passado ainda próximo, fez milhões de vítimas.