18.12.17

A confidencialidade cheira-me a marosca

O Dicionário já não me satisfaz. Consulto-o para saber o que significa 'confidencialidade', só que a ideia de que um indivíduo possa acordar ou impor a outro o que deve ser objeto de confidência cheira-me a marosca...
Ultimamente, em nome da transparência - outro conceito opaco - o país, talvez para celebrar os 100 anos da aparição da Senhora aos pastorinhos - vive num frenesim impensável há umas décadas... Salazar prezava, em simultâneo, a confidencialidade e as transparências, como bem se sabe. 
Hoje, a confidencialidade não passa de velharia e nada escapa aos arautos da nudez. Por mim tudo bem, desde que cada um pague os devidos impostos, a começar pelos novos moralistas, contratados a peso de ouro e de favores...

17.12.17

Longe do libreto inicial

(Partiram sem darmos conta e se um dia puderem regressar...)

Hoje, fui ver O Lago dos Cisnes, no Teatro Camões, mas já não resisto a espetáculos tão longos, em espaços lotados e sobreaquecidos... A primeira parte foi penosa e não o foi só para mim, pois na Orquestra havia instrumentistas que combatiam o sono...
De regresso a casa, fui ler duas ou três sinopses, tendo confirmado que cada vez tenho mais  dificuldade em interpretar os novos códigos, apesar dos bailarinos e da orquestra revelarem um desempenho artístico notável...
A verdade é que sempre apreciei representações / interpretações fiéis à ao libreto inicial...

(Talvez voltem, e a árvore seja mais acolhedora e possam refazer o ninho...)

16.12.17

Retiro-me

Afinal, a ANA não o levou...
Hoje, não me apetece abordar nenhum dos temas que vão agitando as televisões, pois creio que seria pura perda de tempo... de propaganda tóxica e de mentira. 
Retiro-me, porque necessito de algum tempo de reflexão para elaborar o pedido de desculpas à Senhora Paula Brito (e/de) Costa...
Entretanto, deixo-vos com o presépio dos Bombeiros Voluntários de Moscavide e Portela, desejando-vos as Festas que melhor vos convenham...

15.12.17

Não basta babar-se...

Nunca fui de convocar os espíritos, embora aceite com naturalidade que eles possam habitar as copas das árvores ou pousar nas casas abandonadas ou até que possam permanecer nos embondeiros do lugar para que os sobrevivos, em dias de aflição, possam libar ao desafio...
A ideia do embondeiro é, por estas paragens, pouco oportuna, mas serve perfeitamente para ilustrar a noite que se abate sobre mim, quando alguns mancebos/as - vulgo, crianças - insistem em afirmar e reafirmar que sabem do que estão a falar ao balbuciarem certos enunciados disponibilizados pela wikipédia...
Ora, no designado realismo mágico, o rapsodo convoca os tempos com as suas presenças - materiais e imateriais -  e expõe-no-las sob o olhar para que possamos compreender que a realidade da casca esconde um processo milenar de opressão e de alienação, cultivado, em grande parte pelo Ocidente...
... um pouco como se a escrita procurasse dar voz ao embondeiro, a única testemunha fiel da inesgotável clepsidra que preside à história dos homens... e com tanto tempo já escorrido, ainda há quem faça de conta que basta babar-se... Falta-me o jeito para Babá!

14.12.17

Telemóveis fora da sala de aula?

«Plus de téléphones portables dans les écoles et collèges à la rentrée 2018 », annonce Jean-Michel Blanquer. Telemóveis fora da escola?

A decisão do Governo francês parece-me retrógrada, o que não significa que, no caso português, tudo deva continuar na mesma. 
Apesar dos limites impostos pelos regulamentos internos, a realidade é bem pesada e frustrante.
A verdade é que muitos alunos portugueses estão hoje dependentes deste equipamento, tendo deixado de prestar qualquer atenção à aula, pois acreditam que a solução se encontra na ponta dos dedos e, sobretudo, que raciocinar é uma maçada...
Consequências:
  • O professor, que não consiga integrar no processo de ensino e de aprendizagem todo o tipo de equipamento que permita aceder à internet, é descartável.
  • Este professor deixa de ser fonte de conhecimento ponderado, vendo o seu estatuto como educador questionado.
Em síntese: O que está a acontecer é que falta um plano de formação nacional dos professores no âmbito da aplicação e da utilização destas novas ferramentas...
  • o que passa pelo rejuvenescimento da classe docente
  • e pela modernização da rede digital escolar.
Não creio que desligar a luz elétrica seja a melhor estratégia.

13.12.17

Em estado de omissão

Vivemos em estado de omissão.
Agora que as telhas novas já estão colocadas, podemos respirar.
Agora que a chuva ameaça cair, esquecemos a seca... e inebriamo-nos em demoradas festas ( Boas Festas! Bom Ano Novo!)
Agora que o momento da avaliação é chegado, esquecemos grande parte dos critérios...
Agora que a comunicação social se lembra das associações, lá surgem umas tantas demissões
... e uns tantos inquéritos e muitíssimas comissões de especialistas. Nunca houve tantos especialistas!
(O que me leva a uma simples pergunta: porque é que os problemas não são, à partida, entregues aos sábios especialistas?)
Agora que a questão volta a estar na ordem do dia, valeria a pena apurar a contabilidade das múltiplas organizações que acolhem militantes e simpatizantes de todos os quadrantes...
... até porque a riqueza exposta é muito superior à produzida... 

12.12.17

Tamanha burrice!

Consta que Ariosto se viu, um dia, confrontado com a seguinte questão: Dovait avete trovato, Messer Ludovico, tante corbellerie? Ora quem o questionava era precisamente o seu protetor, o cardeal Hippolyte d'Este, a quem o poeta dedicara a epopeia Orlando furioso (1516). Como se vê, o cardeal era pouco dado à fantasia, embora protegesse os artistas, como Ariosto. 
Por pura associação, veio-me ao espírito este comentário - Qual é  origem de tamanha burrice?) -, ao pensar que os Governos, em vez de apoiarem diretamente quem necessita de todo o tipo de cuidados, dão azo à criação de associações cujos dirigentes, inevitavelmente, acabam por apropriar-se dos recursos que lhes são colocados à mão...
Haverá exceções, mas...