24.3.18

Dil Leyla

No São Jorge, tive oportunidade de ver o documentário Dil Leyla, como expressão de solidariedade com o quase ignorado, por estas bandas, povo curdo.
Dil Leyla, presidente da Câmara da cidade de Cizre, na Turquia, em zona próxima da Síria e do Iraque, retoma, em 2013, a luta do pai, assassinado nos anos 90..., acabando ela própria por ser presa alguns meses após os kurdos terem conseguido eleger 80 deputados para o parlamento turco... (2015)
O que é claro é que, mais uma vez, a voz dos curdos foi silenciada... e continua a ser eliminada como está a acontecer em Afrin, na Síria, pela mão do Turco Erdogan...

Brinquemos à mão morta

MÃO MORTA, MÃO MORTA

(usando a mão de outra pessoa)
Mão morta, mão morta
Filhinhos à porta
Não tem que lhe dar
Dá-lhe com a tranca da porta
Mão morta, mão morta
Vai bater aquela porta 
(e bate na cara da pessoa com a sua própria mão)

Uma lengalenga aproveitada por José Saramago para desenhar a personagem Marcenda: «e olha fascinado a mão paralisada e cega que não sabe aonde ir se a não levarem (...) mãozinha duas vezes esquerda, por estar desse lado e ser canhota, inábil, inerte, mão morta mão morta que não irás bater àquela porta.» José Saramago, O Ano da Morte de Ricardo Reis, ed. Porto editora, pág. 26.

Marcenda, apesar da mão morta, não precisava de bater às portas..., já Lídia, apesar de ter chave, acaba a bater à porta de Ricardo Reis...

23.3.18

Eu compreendo a decisão do parlamento

O parlamento rejeitou hoje projetos de resolução do PCP, CDS-PP e PEV para a criação de um regime de aposentação específico para a carreira dos professores e educadores de infância, sublinhando o desgaste físico e psicológico da profissão. Aposentação de professores

Eu compreendo a decisão do parlamento. Se o desgaste físico e psíquico fosse real, há muito que os partidos teriam deixado de contar com os votos dos professores... 
Eu compreendo a decisão do parlamento. Deixar que os professores pudessem beneficiar de um regime de aposentação específico poderia abrir a porta a jovens professores mais habilitados a lidar com os problemas provocados pela acelerada mudança imposta pelas novas ferramentas colocadas ao serviço da investigação e da produção de conhecimento, e, sobretudo, de partilha global da informação...

22.3.18

Esforço de última hora

Amanhã, termina o 2º período escolar.
E mais uma vez, um vasto grupo de alunos irá tentar apresentar, à última hora, trabalhos individuais e de grupo, apenas com um objetivo - subir a nota.
Pouco lhes importa que a apresentação seja feita perante os colegas ou não. O que interessa é que o professor aprecie o esforço de última hora...
Também pouco importa o conteúdo. Para o efeito, todas as fontes são boas!
Aliás, questionados sobre as fontes, em regra manifestam estranheza, pois não se questionam sobre a sua qualidade...
E mais grave: a maioria não leu a obra em estudo...
As consequências, quem quiser que as tire... por mim tenho dito.

Alvoroço

Retomando uma antiga e infeliz narrativa, o velho senhor ameaça com a polícia caso não lhe seja, de imediato, prestada uma informação sobre a rua e porta do Campus de Justiça, diga-se, de uma repartição, in loco, a que não precisa de se deslocar e que, se o fizer, só servirá para armar confusão...
Qual prestador de serviços, pro bono, lá irei à dita repartição - Campus da Justiça, Edifício L, Av. D. João II, Lote 1,08,01 J /1990-097 Lisboa - registando, aqui, a morada para memória...
A lenda diz que o velho e altivo senhor, em tempos, terá aprendido a ler. A lenda só não diz o que fazer a um senhor, abolida a escravatura... É um pouco como explicar o que fazer a um escudeiro, extinto o cavaleiro...

21.3.18

Num labirinto de papel

Num labirinto de papel, oiço um ininteligível altifalante que por certo dá voz a algum poeta convidado.
Hoje é dia de festa - da poesia. O mesmo será dizer que o dia é de espanto. Inicial... e não de interesseira persuasão, com maior ou menor domesticação dos tropos...
Ainda não acordara, e já me interrogava se a festa de hoje teria alguma coisa a ver com a fiesta ou, até, com o minotauro.
E não sei se por associação se por contiguidade, lembrei-me que tempos houve em que o Tejo correra em sangue por causa de uma utopia que nenhum poeta conseguiu fixar, mesmo a vida perdendo...

20.3.18

A Primavera dos Poetas

Dizem-me que vem aí a Primavera. Talvez. Da minha janela, apenas uma linha carregada de nuvens hesitante sobre os esquecidos pastos do Tejo...
Dizem-me que vêm aí os Poetas carregados de nuvens prontas a regar os rebanhos sequiosos de inesperado...
Apesar do que os campos me dizem, preferia ser eu a dizê-lo, mas falta o Poeta...