13.9.19

Cuidado!

Cuidado com os Simuladores! (CGA, Segurança Social, Bancos…)
Ninguém sabe quem é que introduziu os dados nem se são verdadeiros.. Nem em que data foram introduzidos, num quadro legislativo em permanente mudança… E depois há a velha preguiça de quem toma a decisão final!
Estes simuladores que  têm vida própria podem dar cabo da vida - a verdadeira - de muita gente com grande proveito. Resta saber para quem…
Atrevo-me a questionar a inteligência e o anonimato dos Simuladores, porque vou ouvindo cálculos de pensões muito diferentes para pessoas do «nosso tempo», com carreiras contributivas muito semelhantes, mas com valores finais muito distintos.

10.9.19

Só o mar...

Já nada é insignificante. 
Tudo é mais do que parece…
Quem cumpre é facilmente acusado, mesmo que seja sempre bem educado…
É preciso caminhar com um olho no peixe outro no gato…
(E procurar não subir às cegas a árvore-ouriço.)
Ser equidistante é tramado,
pois todos sabem para que lado anda o rabo alçado.

Um destes dias, o sangue descerá a Avenida e só o mar lhe atalhará o passo.


6.9.19

Resposta a um jovem inquieto

Lembro-me do professor responder “Não, o sentimento é sempre o mesmo. A “tristeza” é a “tristeza.”” Acontece que dou por mim a ler livros onde, por exemplo, a palavra “soturnidade” é usada em detrimento da palavra “tristeza” e tenho a perceção que por isso não consigo perceber o livro da mesma maneira. Julgo que seja uma tristeza que eu não tenha vivido, e por isso se encontre escrito com uma palavra mais “colorida”. Só que isto parece reforçar a ideia de que esta “tristeza” não é a tristeza e que existem vários tipos de tristeza… (de um jovem inquieto)

O modo como exprimimos o sentimento é que varia… 
Sentimos antes da representação, verbal ou outra. E essa representação é que é determinada pelo objetivo que queremos atingir…  Ao anunciarmos que o sentimento foi de "tristeza" ou de "soturnidade", já estamos a pensar num efeito mais genérico ou mais sensorial… 
A sinonímia ajuda-nos a tipificar sensações, a graduá-las segundo conveniências, por vezes, inconfessáveis.
Na verdade, nós não lemos sensações, esforçamo-nos por interpretar representações, verbais ou outras, de alguém que tem o poder de nos enganar. 

5.9.19

A história de uma cor

Não sei se este meu amigo gosta da cor verde, mas, depois de sair da Estufa Fria, entrei na Livraria Francesa, e dei de caras com um livrinho de Michel Pastoureau, Vert, Histoire d'une Couleur… 
Pensei, talvez este meu amigo goste mais do azul ou, até, do amarelo, de qualquer modo ainda vai a tempo de ensaiar uma ou mais crónicas sobre o efeito da cor na vida do ser humano…
Entretanto, enquanto não recebe o livrinho, este meu amigo pode começar a alinhavar umas tantas memórias e a ordená-las de modo a criar um efeito de surpresa no futuro leitor.
E, claro, o editor pode começar as esfregar as mãos, ele que tanto valoriza a cor...

4.9.19

Da impiedade

«Ce ne fut donc que dans la première moitié du XVIII è siècle que l'impitié devint réellement une puissance.» Joseph de Maistre, in Essai sur le  principe générateur des constitutions politiques

Na minha abordagem, a impiedade não é traço de qualquer programa. É, apenas, a expressão irónica de rejeição da sabujice que vai alastrando… 
Está na moda  publicar listas de todo o tipo de objetos e de pessoas. O objetivo, no primeiro caso, é mercantil e, no segundo, é devassar…
Por exemplo, pela enésima vez, é publicada a lista das pensões vitalícias, sendo os seus beneficiários julgados na praça pública, como se delas se tivessem apropriado ao arrepio da Lei...
Estou em crer que quem as recebe as terá merecido ao prestar um serviço publico por nós solicitado… 
Se houve apropriação indevida, não sei... De qualquer modo, não me parece razão suficiente para que o jurista André Ventura faça uma vigília à porta do Tribunal Constitucional, mesmo que alguns membros do mesmo tenham beneficiado de tal prorrogativa...
Esta estratégia não passa de um modo de nos atirar poeira nos olhos em tempo de campanha eleitoral.

1.9.19

O interior

Até tem uma certa beleza, ígnea.
Uma beleza que tudo envolve, indiferente à mão humana…
Se nela nos perdermos, ela enlear-nos-á como se lhe pertencêssemos, como se fossemos o ouro inicial...
De regresso a um tempo anterior, ígneo, onde
nunca houve poeta, nem biblioteca, nem cardeal...
No palácio, o presidente já sonha que o poeta seja eleito pontífice...
Até tem uma certa beleza, ígnea, o interior - sem remorso.

Em setembro

Dormi mal, às voltas com um velho sofá, preocupado com as medidas - talvez não caiba no elevador!
Em setembro, regressa o sofá que, agora, alguém quer trocar por 'um bacalhau assado no forno' ou, talvez, gratinado...
Mas o problema de setembro não é o sofá, mas, sim, a dificuldade em libertar o presente do passado - estas horas já tão esfíngicas...
E a propósito de setembro, está na hora de voltar aos figos de outras idades - sem qualquer espécie de nostalgia, até porque a canícula derretia as juvenis esperanças de sono eterno.